Proprietários reclamam de demora na entrega das chaves de residencial no Borboleta Além do atraso, quem já recebeu as chaves reclama de problemas na infraestrutura do condomínio, apontando enchentes e área de lazer inacabada
Repórter
7/2/2012
Expectativa. Esta é a melhor palavra para descrever o sentimento compartilhado por algumas pessoas que adquiriram imóveis por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal (CEF), no Residencial Città Neo, localizado no local do antigo cartódromo, no bairro Borboleta.
"Em abril de 2010, fechei o negócio com a então empresa responsável, a Asa Incorporadora, que depois passou à PDG. Fui muito bem atendido, mas o fato é que estou, atualmente, morando em um porão e sem qualquer perspectiva de quando receberei minha casa", relata o cabeleireiro Ademir Venancio de Melo Júnior, que adquiriu um imóvel do módulo II.
O residencial é constituído de dez módulos, contando com 1.214 unidades de dois e três quartos, de 44 a 50 metros quadrados privativos, comercializadas a partir de R$ 99 mil. O projeto conta, ainda, com churrasqueira, quadra, horta, praça de jogos, playground e anfiteatro. As habitações são direcionadas a famílias com renda mensal entre três e dez salários mínimos.
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De acordo com Melo, conforme previsto no contrato, quem adquirisse uma das unidades deveria pagar, mensalmente, a taxa denominada "evolução de obra". "O valor inicial era de R$ 23, com previsão de o pagamento ser finalizado em outubro de 2010. Mas a taxa continua sendo paga, porém, com valores acima de R$ 200. Além disso, estou pagando, desde o mês de janeiro, a taxa de condomínio no valor de R$ 73."
O cabeleireiro destaca que fez vários contatos com a empresa incorporadora, entretanto, além de ser difícil conseguir conversar com algum atendente, a resposta dada é que a engenharia não liberou a entrega das chaves. "Fico pensando na quantidade de famílias que adquiriram casa e estão pagando aluguel, enquanto aguardam a entrega das chaves. O pior de tudo é que não temos previsão."
Segundo informações da assessoria da PDG, unidades dos módulos I, além de 54 do módulo II, já foram entregues. "Existe um protocolo que não depende da empresa, visto que alguns atrasos são decorrentes da demora dos proprietários em agendarem vistoria para liberação dos imóveis. Mas todo e qualquer passo que deve ser dado é comunicado via correspondência", informa a porta-voz da PDG.
A assessoria não divulgou previsão de nova entrega de chaves e não repassou informações a respeito das taxas que vêm sendo pagas. No site da empresa, há informações referentes a três módulos do empreendimento. O módulo I teve 97% da obra finalizada; o módulo II, 84%; já o módulo III, 72%.
De acordo com o gerente regional de Negócios da Construção Civil da CEF, Dalmo Brito, quase totalidade das chaves das casas que constituem o primeiro módulo já foi entregue. "O que falta será resolvido até o final desta semana, para que a entrega ocorra na próxima semana. Já com relação aos módulos II e III, estamos com mais de 90% de conclusão de todo o processo. O que registramos foi um atraso na entrega das chaves decorrente do atraso nas obras."
Com as chaves na mão e problemas
Diferentemente de Melo, a faturista Taiana Borges Motta, proprietária de uma residência no módulo I, conta ter tido muitos transtornos até conseguir as chaves da sonhada casa própria. "Recebi no ano passado, com um ano de atraso. E, durante todo o tempo em que esperei, não foi dada nenhuma satisfação ou informação a respeito do real motivo do atraso. Falaram de problemas do esgoto, da questão da liberação do Habite-se e também sobre a ligação da energia elétrica."
A faturista destaca que ainda está pagando pela taxa de evolução de obra, assim como o condomínio. "Sei que o atraso na entrega das chaves pode gerar multa à empresa, mas nada disso foi falado ainda." Taiana ainda não mora no residencial, já que está realizando pequenas reformas na casa, mas conta que problemas de infraestrutura vêm sendo constatados.
"Casas próximas à minha ficaram alagadas durante as últimas chuvas. Além disso, a área de lazer não está concluída. O piso de terra vira lama na época de chuva." Devido aos problemas, moradores e proprietários reuniram-se no último domingo, 5 de fevereiro, a fim de nomear uma comissão que deverá buscar soluções para os transtornos. Segundo a assessoria da PDG, um funcionário da incorporadora foi encaminhado nesta terça-feira, dia 7, a Juiz de Fora, para que possa verificar os problemas relatados.
Já o gerente da CEF afirma que a Caixa só autoriza a entrega das chaves quando 100% das obras estiverem concluídas. "O que pode ter ocorrido foi a entrega de forma imediata, a fim de reduzir os transtornos ocasionado pelo atraso das obras."
Os textos são revisados por Mariana Benicá
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