Jogando limpo
Caro (e)leitor, como pode notar, o "e" antes da honra que é ter você lendo esta coluna é proposital. Estamos em época de eleição e, explicando o título desta crônica, estou sendo o mais literal possível. Desculpe decepcionar quem pensava que trataria de denúncias e dissertar a respeito de possíveis irregularidades. O mote do texto da semana é outro, e trata das peças publicitárias utilizadas em demasia por alguns candidatos às vagas do pleito corrente.
Já venho matutando sobre o assunto há alguns meses, quando comecei a observar a divulgação de algumas agências, oferecendo serviços publicitários para os candidatos às vagas no Legislativo e no Executivo municipais. Pensei com meus botões na quantidade de candidatos inscritos para o pleito, principalmente para vereador. Quantos candidatos a vereador, hein?! Imagine se todos atenderem aos apelos da propaganda. É muito panfleto, cartaz, minidoor, parede pintada e sujeira nas vias até conhecermos nossos representantes em outubro.
Domingo à noite, por exemplo, ao sair da cidade, ali pela Garganta do Dilermando, em direção à avenida Juiz de Fora, pude me deparar com uma meia dúzia de placas de um mesmo candidato até chegar no Filgueiras. Deu para gravar o nome, a expressão bem polida por meio dos programas de edição de fotografia e até o principal, que é o número, que já está bem gravado em minha mente: já sei, pelo menos, em um candidato em que não devo votar. Uma campanha responsável passa pelo cuidado com o visual da cidade, muito mais do que o do postulante ao cargo de representante do povo. Para que tanto exagero? Mais do que saber o número, quero saber é da proposta do candidato. Coisa que não cabe numa placa e nem num santinho...
E vale lembrar que propostas vão além dos carros de som alcançando decibéis dos mais altos, rimando "educação" com "coração" e "saúde" com "atitude", em jingles publicitários, utilizando paródias das canções de sertanejo universitário. Se com as letras originais fazem até o Neymar dançar após marcar gols, na roupagem política, algumas chegam a agredir o ouvido do cidadão e sequer são lembradas pelo eleitor na hora do voto.
Se puder deixar algum conselho para os possíveis representantes a cargos públicos, minha sugestão é utilizar os materiais gráficos com parcimônia e se apoiar em um discurso mais direto. Buscar se reunir com a população, com as lideranças formais e informais e ouvir bastante antes de falar. E quando for usar qualquer tipo de linguagem para se expressar, procurar ter cuidado com a cidade. E tem as redes sociais, como o Twitter, o Facebook, o e-mail... Dá para se pensar em outras alternativas. Afinal de contas, todos que se candidatam a uma vaga para representar a sociedade devem pensar no município em primeiro lugar, certo? – E que a população utilize também este critério na hora de digitar seu voto na urna.
O Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) já tem realizado um trabalho importante, iniciado em 2010, com a campanha "Sujeira não é legal", buscando a conscientização dos eleitores e dos candidatos por um pleito mais limpo e transparente, tendo como símbolo a vassoura. Vassoura que eu espero que não tenha tanto trabalho este ano nas mãos dos garis, na véspera da eleição, quando, costumeiramente, as vias principais se tornam um verdadeiro mar de santinhos e panfletos de candidatos.
Juliano Nery é a favor de quem joga limpo.
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Juliano Nery é jornalista, professor universitário e escritor. Graduado em Comunicação Social e Mestre na linha de pesquisa Sujeitos Sociais, é orgulhoso por ser pai do Gabriel e costuma colocar amor em tudo o que faz.
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