Brincar e se exercitar: a importância da atividade física na infância
Profissionais da educação física ressaltam que esportes devem ter caráter lúdico para crianças
Repórter
16/05/2015
Brincar é uma atividade que deve sempre fazer parte do cotidiano de uma criança. Se a geração nascida até o início da década de 1990 se acostumou com atividades na rua, como piques, futebol, queimadas e pipas, o cenário que se tem atualmente já chama atenção e preocupa os profissionais da área: as "crianças de apartamento", que se divertem com jogos virtuais e praticam poucas atividades.
Por isso, a escola ganha um papel fundamental no resgate da prática de brincadeiras ao ar livre. A professora de educação física do Colégio de Aplicação João XXIII, Diná Faria, explica que o crescimento e o desenvolvimento da criança está ligado à prática dessas atividades. "Os exercícios ajudam no aspecto cognitivo, psicológico, emocional, orgânico, motor. A gente incentiva as crianças a fazer atividades físicas porque, através dela, a criança adquire uma base motora. É importante. Quando se tem o contato com atividade física desde a infância, cria-se um conceito da importância desse trabalho para o resto da vida, minimizando problemas que se tem a partir da adolescência. É preciso encarar as atividades físicas como hábito, e não como uma necessidade médica. É na infância que se cria esse conceito", explica.
Dentro dessa perspectiva, o triatleta profissional e diretor técnico da equipe SaúdePerformance, Marcos Hallack, ressalta a forma como essas brincadeiras devem acontecer. "Não tem idade para a criança praticar exercício. O importante é que elas tenham um caráter lúdico. Nós temos um espaço funcional para crianças, que oferece brincadeiras e trabalha a coordenação de acordo com a idade. A diversão é o mais importante nesse ponto. Considero fundamental o esporte para as crianças, já que nele se aprende sobre hierarquia, respeito, uma série de valores que são fundamentais para o desenvolvimento do jovem", conta.
E é esta "receita" que a arquiteta Ana Carolina Tavares faz questão de colocar em prática com sua filha, Eduarda, de 5 anos. "A Duda brinca muito no quintal de casa, é uma coisa que eu incentivo. Joga bola, anda de bicicleta, corre... Eu tento mantê-la ativa, levando na UFJF, em algum parque. Ela adora brincar ao ar livre, fica doida quando está chovendo e não deixo ela sair", revela.
Para a professora Diná, o que Ana Carolina faz é o correto. "Cada vez mais a gente percebe que as crianças chegam com uma bagagem motora muito pequena, ficam presas dentro de apartamento e não se movimentam. As famílias, em geral, não criam oportunidades para os filhos terem uma vivência ao ar livre, nem aos finais de semana. Os próprios municípios não criam espaços para crianças brincarem. A maioria das crianças que eu dou aula não sabem pular corda, tem dificuldade para correr, entender a posição do corpo em relação ao espaço. Se você desenvolve um trabalho que utiliza a bola, a criança não tem a percepção para lançar uma bola. Isso interfere no tipo de atividade física que ela faz no futuro. No passado, a gente tinha atletas que possuíam uma bagagem motora ampla, que eram boas em vários esportes, que vivenciavam uma diversidade de movimentos. Hoje, nós vemos um garoto que pode jogar futebol muito bem, mas tem uma dificuldade grande no basquete. Quando as famílias encaminham as crianças para uma escolinha, ou dança, ela perde o caráter lúdico e ganha o técnico. A criança tem que brincar pelo brincar, e não para se treinar", conclui.
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