Admiradores e conhecedores de JK
Juscelino Kubitschek tamb?m contribuiu com o progresso de Juiz de Fora e deixou lembran?as no cora??o de alguns juizforanos

S?lvia Zoche
Rep?rter
20/01/2006

Veja a reportagem em v?deo sobre tr?s admidores de Juscelino Kubitschek, que s?o de Juiz de Fora. Clique no ?cone ao lado!

Veja!


No pr?ximo dia 31 de janeiro de 2006, muitos brasileiros ir?o lembrar de um momento hist?rico e importante na trajet?ria do Brasil: o dia em que Juscelino Kubitschek chegou ? presid?ncia do pa?s vai completar 50 anos. O "presidente furac?o", como j? foi chamado aquele que fez de seu slogan de campanha 50 anos em 5 deixou admiradores espalhados, inclusive em Juiz de Fora.

O assessor de rela?es p?blicas da Funalfa, Vanderlei Tomaz (foto abaixo) ? um desses juizforanos que, apesar de n?o ter conhecido Juscelino pessoalmente resolveu reunir em uma biblioteca, no bairro Benfica, muitas informa?es sobre ele. "Na verdade, tenho interesse por tudo de Minas Gerais. Certo dia, encontrei um livro de Juscelino, em um sebo da cidade, e estava autografado na parte interna. Nesse momento, senti a necessidade de me especializar mais em JK", conta.

O livro que ele encontrou no sebo, de autoria do presidente, foi "A Marcha do Amanhecer", de 1962. Assim como este, Tomaz adquiriu o "Programa de Metas", em portugu?s e espanhol. E possui tamb?m os tr?s volumes de "Meu Caminho para Bras?lia", livros que, para Tomaz, devem ter a leitura complementada ao "Memorial do Ex?lio", de Carlos Heitor Cony. Em "Realidades, Perspectivas", JK escreveu seus discursos da ?poca em que foi governador de Minas Gerais, dentre eles "Em louvor de Juiz de Fora".

Como seus amigos e conhecidos sabiam de seu interesse em possuir materiais da vida de Juscelino, o assessor da Funalfa ganhou revistas, jornais, reprodu??o de documentos e fotos originais do presidente. "Cheguei at? a pessoa que me entregou as fotos originais que tenho, atrav?s de um amigo. Ela me entregou as fotos, mas n?o revelou o motivo da doa??o", conta.

Apesar destes presentes, Tomaz n?o a convenceu de ced?-lo um objeto. "Falei com ela h? pouco tempo, mas ela disse que n?o est? mais com ele". Tomaz n?o fala o que ?, porque ainda tem a esperan?a de encontr?-lo. "Acredito que isto faria muitas pessoas desejarem visitar a biblioteca", afirma.

O assessor enfatiza a forma como JK chegou ? pol?tica. "Sua vida pol?tica come?ou a ganhar a confian?a e cumplicidade de Benedito Valadares, durante a Revolu??o de 1932, que o convidou para ser chefe de gabinete civil e JK agarrou esta oportunidade. Depois, tornou-se deputado constituinte, prefeito, deputado novamente, governador e presidente. Ele foi um homem audacioso. E Bras?lia foi constru?da, porque foi desafiado por um eleitor que o disse que para cumprir a rica a Constitui??o Federal, ele teria que construir a capital do Brasil no interior do pa?s. E assim, ele fez".

Um momento marcante para Tomaz, foi em 2001, quando visitou o Memorial JK, em Bras?lia. "Fiquei diante da c?mara mortu?ria. Estava sozinho na sala. Emocionei-me por estar diante de algu?m por quem tenho admira??o e fasc?nio", recorda-se.

Assim como Tomaz, uma mineira de Diamantina, residente em Juiz de Fora, Jane de P?dua Oliveira Capobiango, possui uma rel?quia em seus pertences. Um disco em vinil chamado JK em Serenata, de seresteiros diamantinenses, de 1968. A pedido de Serafim Jardim, Juscelino gravou o texto de apresenta??o para o LP.

"Na verdade, tenho dois. Um ? meu e outro de minha m?e. Considero isso algo in?dito, lindo, que acredito que poucas pessoas tenham, porque na ?poca de sua cassa??o, muitas de suas obras foram destru?das", diz Jane.

Muitas e muitas recorda?es...


Em dois momentos diferentes, o advogado Moacyr Borges de Mattos teve a oportunidade de encontrar Juscelino Kubitschek, em Juiz de Fora. Atualmente, com 93 anos, ele conta a emo??o como se fosse hoje.

Eu tive v?rios contatos pessoais com o presidente Juscelino, inclusive quando ele era governador. Na d?cada de 50, eu era diretor da 4? subse??o da Ordem dos Advogados do Brasil, em Juiz de Fora. Tive o primeiro contato com ele no Pal?cio da Liberdade, em Belo Horizonte. A diretoria da 4? subse??o estava muito engajada no processo de mudan?a do F?rum, que estava instalado no que ? hoje o Pal?cio Barbosa Lima e que era pouco espa?oso para o trabalho forense. Ent?o, n?s pedimos uma audi?ncia ao governador Juscelino, para que ele se interessasse pela constru??o do novo F?rum, uma vez que o interventor N?sio Batista de Oliveira, que ? de Juiz de Fora, havia adquirido para este objetivo o terreno onde o F?rum deveria ser constru?do.

O governador Juscelino marcou uma audi?ncia bem cedo. Isso nos valeu uma viagem a noite toda, de autom?vel, em uma estrada com muita poeira. Naquela ?poca, a condu??o normal para Belo Horizonte era o trem e isso demandaria uma viagem de nove, dez horas. Chegamos quase na hora da audi?ncia e o governador nos atendeu com muita solicitude, me lembro muito bem. Tivemos uma conversa na varanda lateral do Pal?cio e ele se interessou pelo projeto. Este foi o primeiro contato. Ele era muito simp?tico e comunicativo, como todos sabem.

O segundo contato que tive com ele, foi em 1958. N?o havia ainda a universidade. Eu era inspetor federal do Minist?rio da Educa??o, junto a faculdade de Medicina. A primeira turma de m?dicos formou-se em 1958 e JK foi paraninfo desta turma. Juscelino, sobretudo o ministro da Educa??o do governo dele, Cl?vis Salgado, tinha muitos amigos aqui. Na solenidade no Cinema Central [durante a formatura], eu me lembro que se falou na cria??o da universidade e, de certa maneira, JK prometeu alguma coisa. Prometeu e cumpriu. Cumpriu porque foi no governo dele que, em 1960, criou-se a Universidade de Juiz de Fora. Com este nome, s? depois, como as outras universidades federais, mudou para Universidade Federal de Juiz de Fora, at? mesmo para distingu?-las das estaduais.


O radialista Geraldo Magela Tavares lembra que, em 1974, estava em Belo Horizonte, como assessor de Itamar Franco, que era candidato ao Senado. Hospedados em um hotel, Magela avista um homem muito elegante no sagu?o. Era Juscelino Kubitschek. Essa oportunidade ele n?o deixaria passar.

Em 1974, no hotel Del Rey em Belo Horizonte, quando o Itamar Franco era candidato ao Senado. Eu estava com ele no 8? andar e por volta de uma hora da manh? ele pediu que eu fosse na banca buscar o jornal. Quando eu desci as escadarias da entrada do hotel, eu vi um senhor elegante subindo. Quando ele passou por mim, eu olhei e ele estava no balc?o. Eu disse pra mim: "? o Juscelino". Eu voltei e falei: "Presidente" e ele falou: "?s suas ordens". Voc? precisa ver com que eleg?ncia, com que educa??o. Eu me identifiquei e disse que estava com Itamar Franco e ele disse que gostaria de falar com o Itamar. N?s subimos juntos no elevador.

Eu falei para Juscelino que o Itamar ia ligar pra ele e ele recomendou que n?o ligasse e fosse ao quarto dele, porque o telefone estava sempre grampeado. [Magela avisou a Itamar da conversa e foram os dois ao quarto]. No fim do assunto, Juscelino pediu pra que eu ficasse no quarto, porque queria falar comigo. Juscelino disse: "Fala com o Itamar pra ele tomar cuiddo na volta dele pra Juiz de Fora e, de prefer?ncia, ele deve sair em comboio com mais dois carros. Alguma coisa pode acontecer e quanto mais tarde ele puder sair daqui de Belo Horizonte para votar em Juiz de Fora, melhor". Agradeci. Eu tinha comprado um livro Fala a Amendoeira e eu ia pedir a ele que fizesse uma dedicat?ria pra ele no outro dia. Ele disse que podia levar. Mas tantos foram os compromissos, que quando eu voltei n?o achei mais Juscelino.

Essa foi a vez que eu encontrei com esse homem, que eu achei maravilhoso. A aten??o que ele me deu, o carinho que ele deu a uma pessoa que ele nem conhecia. Era o caso de dizer "quem ? voc?", "n?o sei quem ?", "n?o vou conversar". N?o fez isso. Deu toda aten??o. Elegante, sol?cito. Ficou marcada essa passagem de um homem de bem. Eu conheci muitos pol?ticos, mas nenhum deles foi t?o fascinante quanto Juscelino Kubitschek.


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