Com período de piracema, pesca está proibida nos rios

Proprietários de peixarias reforçam o estoque para garantir mercadorias e um preço estável aos consumidores

Andréa Moreira
Repórter
6/11/2012
Represa João Penido

Até o dia 28 de fevereiro de 2013 nas Bacias Hidrográficas dos rios São Francisco, Leste do Estado, Grande e Paranaíba, ocorre o período defeso denominado piracema. De origem tupi, a palavra piracema significa subida do peixe e, durante esta época, os peixes buscam os locais mais adequados para desova e alimentação.

O fenômeno ocorre todos os anos, coincidindo com o início do período das chuvas, entre os meses de novembro e fevereiro. Durante a piracema, a pesca sofre algumas restrições, como destaca o sargento Marcelo Mirandela, da 4º Companhia de Meio Ambiente da Policia Militar (4ª Cia. PM Ind Mat). "Este período é fundamental para a diversidade de peixes e manutenção da vida nos rios. Por isso, é proibida a pesca de qualquer peixe oriundo destas bacias." Na região de Juiz de Fora, a fiscalização é intensificada nas represas e mananciais, como o rio do Peixe e Piracema, na Represa João Penido e na barragem de Chapéu D'Uvas.

De acordo com a Polícia Militar, neste período de defeso é permitida ao pescador somente a pesca de espécies exóticas alóctones ou híbridas, com limite de captura de três quilos de peixe mais exemplar, por dia ou jornada, utilizando linha de mão e anzol simples, molinete e carretilha, chumbadas e encastol, iscas artificiais e naturais. "Caso a pessoa esteja portando algum material de pesca, é indispensável a apresentação da carteira de autorização. Já aquelas que forem a algum pesque pague, devem solicitar a guia de transporte," explica.

Mirandela lembra ainda que a fiscalização acontece em todos os cursos de água, durante as 24 horas do dia, com o objetivo de verificar o cumprimento da legislação, coibir a captura de espécimes nativos, além de reprimir o transporte, a comercialização e o consumo irregular. "Caso seja constatada alguma irregularidade, a pena pode variar do pagamento de multa até prisão."

Peixarias

A PM, juntamente com o Instituto Estadual de Floresta (IEF), também realiza a fiscalização nas peixarias, frigoríficos, colônias e associações de pescadores, entrepostos, postos de venda, depósitos de câmaras frias, feiras, ambulantes, bares, restaurantes e hotéis. "Já fizemos uma fiscalização em alguns estabelecimentos comerciais de Juiz de Fora e não encontramos nenhuma irregularidade," destaca.

A proprietária da peixaria Moderna, Mariza de Matos Costa, revela que está com o estoque garantido até o final da piracema, o que faz com que os preços permaneçam os mesmos. "Estoquei muita mercadoria, inclusive lambari e traíra. Assim poderei atender os meus clientes", afirma.

Zeca Fonseca, proprietário da peixaria Minas Mar, conta que o estoque do seu estabelecimento está garantido até o Natal. "Depois deste período terei que comprar mais mercadoria dos frigoríferos autorizados, o que pode fazer com que os preços aumentem." Entretanto, apesar desta alteração, Fonseca considera o período de defeso primordial. "Sou totalmente favorável à piracema, pois, infelizmente, muitas espécies de peixe estão ameaçadas."

O comerciante ainda faz um alerta para os consumidores. "É importante que as pessoas também prestem atenção nos peixes que elas consomem em bares. Afinal, alguns locais compram peixes sem procedência, prejudicando assim todo o trabalho de prevenção realizado durante a piracema."

Os textos são revisados por Juliana França

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