Quinta-feira, 19 de agosto de 2010, atualizada às 17h25

População denuncia problema de limpeza urbana em audiência pública

Clecius Campos
Repórter

A situação da limpeza urbana em Juiz de Fora foi assunto da audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira, 19 de agosto, na Câmara Municipal. O encontro foi uma oportunidade para população e vereadores denunciarem problemas relativos à coleta de lixo na cidade.

A moradora do bairro Benfica, Júlia de Freitas, exibiu um isopor que simbolizava um queijo suíço, referindo-se aos buracos e aos ratos que habitam a região norte. "Onde está a Princesa de Minas? Onde estão as promessas do prefeito? Em Benfica, o lixo passeia na rua com a gente. Depois culpam os cachorros", denunciou.

Amaralis Machado, moradora do Centro, afirma que o acúmulo de lixo nas ruas tem trazido problemas para dentro de casa. "Moro ao lado do Parque Halfeld. Paguei dedetização e as baratas continuam entrando no meu apartamento. Até ratos vivos estão subindo pela privada. Essa situação é inadmissível."

O funcionário do Hospital e Maternidade Terezinha de Jesus, Cássio Luís Rufino, informou que apesar de a instituição possuir abrigo para lixo hospitalar e realizar segregação e acondicionamento dos resíduos de forma ideal, a destinação final fica comprometida. O motivo é que o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) só faria a coleta no local mediante solicitação por telefone.

"Temos que ligar quase todos os dias [para o Demlurb], solicitando a coleta. Parece que o serviço é feito em caráter de favor. E quando é feita a coleta, ainda deixam o chorume tóxico contaminar o caminho."

Em defesa da administração pública, o diretor-geral do Demlurb, Aristóteles Faria, responsabilizou também a população pelo lixo espalhado em pontos da cidade. "A limpeza urbana é parceria entre a prefeitura e a população. A coleta ocorre das 8h às 15h. Se a população coloca o lixo na rua fora do horário, ele pode ficar muito tempo exposto."

O diretor de operações do Demlurb, José Fabiano de Resende, endossou o posicionamento de Faria e apontou dados da coleta em lotes e logradouros públicos. "Só este ano fizemos a retirada de entulhos de 58 bairros. Foram 18 mil toneladas de lixo em locais irregulares. No final da rua Martins Barbosa [no bairro Benfica], há lixo para encher de 180 a 250 caminhões. Há um lote no Borboleta, de onde foram retirados 98 caminhões de lixo."

Resende lembrou ainda da falta de funcionários no departamento, afirmando que ocorrem 600 faltas de funcionários por mês. "Incluindo atestados médicos, afastamentos diversos, faltas e cessões para outras secretarias, a defasagem é de 180 servidores por dia. A coisa é muito mais grave do que parece e envolve desvios de funções, ocorridos nas administrações anteriores. É preciso que se aprofunde mais nos problemas internos."

Taxa de coleta é insuficiente

Segundo Faria, a taxa de coleta de resíduos sólidos, cobrada na guia de quitação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), é totalmente destinada ao Demlurb. No entanto, o valor arrecadado é insuficiente para as demandas do departamento. "O orçamento anual do Demlurb é de R$ 30 milhões, enquanto a taxa de coleta arrecadou R$ 17 milhões. O restante precisa ser complementado pelo tesouro municipal."

Campanha em 60 dias

No final da audiência, foi fixado prazo de 60 dias para que o Demlurb produza peças publicitárias que divulguem as rotas e horários em que os caminhões de coleta passam em cada rua. A Câmara irá fiscalizar o cumprimento dos horários estabelecidos.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken


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