Servidores federais de JF protestam contra falta de negociação com o governo
Com faixas, bandeiras e caricaturas de presidenciáveis os manifestantes reivindicaram sobre a atual situação da greve no serviço público federal
Repórter
23/8/2012
Dezenas de servidores federais de Juiz de Fora realizaram uma marcha pela avenida Rio Branco, no início da tarde desta quinta-feira, 23 de agosto, contra a criminalização das greves. De acordo com a Polícia Militar (PM), cerca de 100 pessoas participaram da manifestação, mas os grevistas informaram que o número chegava a 250. Com faixas, cartazes e máscaras com as caricaturas do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da presidenta Dilma Rousseff, os servidores seguiram até o calçadão da Halfeld, protestando contra a recusa do governo federal em reabrir as negociações e de algumas medidas adotadas pelo governo, como a instituição do Decreto nº 7.777, de 24 de julho de 2012, que dispõe das medidas para a continuidade de atividades e serviços públicos dos órgãos e entidades da administração pública federal durante greves, paralisações ou operações de retardamento.
O ato contou com a participação de professores e técnicos administrativos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (Ifet) de Juiz de Fora; além de servidores da Justiça do Trabalho, do Ministério Público Federal; representantes dos aposentados e pensionistas, entre outros.
Para o funcionário da Justiça do Trabalho, Alexandre Magno, os servidores se sentem traídos pelo governo federal. "Não entendo como o Partido dos Trabalhadores (PT) pode se recusar a negociar com os trabalhadores. Nós não estamos querendo aumento de salário, o que pedimos é apenas a reposição salarial." Opinião também compartilhada pelo servidor do Tribunal do Trabalho, Pedro Paulo Queiroz. "Nós sempre apoiamos o PT e o que recebemos agora é só descaso por parte do ex-presidente Lula e da atual presidenta Dilma Rousseff." Queiroz, caracterizado como o ex-presidente da República, ressalta que essa forma de protesto quis chamar a atenção da população para o descaso que o governo vem tratando os grevistas. "A cruz carregada pelo servidor, representa o peso que aturamos no dia a dia. Já o chicote simboliza o modo como o governo nos trata."
Ainda de acordo com Magno, as atuais medidas do governo federal são inconstitucionais. "O decreto nº 7.777/12, que permite a substituição dos grevistas, é um absurdo. Outra medida que não aceitamos é o corte de ponto dos servidores. Só no mês de agosto, o governo federal cortou o salário de 11.500 servidores. Onde está o nosso direito de greve?"
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A tesoureira da Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes-JF), Ana Livia Coimbra, lembra que os docentes estão em greve há mais de três meses e que o início da paralisação foi totalmente ignorado pelo governo. "Os professores só foram recebidos pelo governo federal no 57º dia greve e agora eles encerraram com as negociações. É um descaso com os professores."
Negociações
De acordo com Magno, os funcionários do judiciário e do Ministério Público Federal irão permanecer em greve, enquanto o governo não apresentar uma proposta satisfatória. "A última revisão que tivemos em nossos vencimentos aconteceu em 2006. De lá para cá, não tivemos 1% de reajuste. Esse valor de 15%, dividido em três anos, reflete apenas a projeção da inflação até 2015. Ou seja, isso não é reajuste. Queremos uma reposição digna ou não voltaremos ao trabalho."
Ana Livia também destaca que este reajuste não é satisfatório para os professores. "Nós queremos que o governo reabra as negociações. Temos 57 universidades federais em greve e a Dilma age como se tudo estivesse normal."
Na manhã desta terça-feira, 23, os servidores do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf) realizaram uma assembleia para avaliar como estão as negociações com o governo federal. De acordo com o coordenador-geral do Sintufejuf, Lucas da Silva Simeão, o Comando Nacional de Greve (CNG) estava disposto a aceitar a proposta do governo federal, porém eles descobriram que o aumento de 15,8% não contempla os aposentados e pensionistas. "De posse destas informações, o CNG pediu que o governo faça uma nova proposta incluindo esta categoria. Caso isso não seja feito, a greve irá continuar."
Os textos são revisados por Mariana Benicá
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