Audiência reivindica a municipalização do transporte público de Juiz de Fora
De imediato, os presentes na reunião também exigiram a redução imediata da passagem de ônibus e o passe livre para os estudantes
Repórter
11/07/2013
Redução imediata do passagem de ônibus, passe livre para os estudantes e municipalização do transporte público em Juiz de Fora. Estes foram os principais pontos defendidos pelas pessoas presentes na audiência pública que aconteceu na tarde desta quinta-feira, 11 de julho, para debater a situação do transporte coletivo público, atendendo a reivindicação dos manifestantes que invadiram o prédio do Legislativo no dia 27 de junho. "Em breve faremos uma reunião com o secretário de Governo, José Soter Figuerôa e com o prefeito Bruno Siqueira para debater e avançar estes termos. Saímos daqui com uma certeza,o transporte público em Juiz de Fora não pode continuar do jeito que está," afirma Oleg Abramov, diretor municipal da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Presente na audiência, o secretário de Transporte e Trânsito, Rodrigo Tortoriello, apresentou a planilha do cálculo tarifário do transporte coletivo urbano 2013, regulamentada pelo Decreto 7.949, de 28 de agosto de 2003. Tanto o secretário, quanto os demais presentes, chegaram a um consenso de esta metodologia está ultrapassada e precisa ser revista. "O sistema de transporte em Juiz de Fora é deficiente e ruim sim. Temos que revê-lo e isso demanda certo tempo. Mas digo que Secretária de Transporte e Trânsito está aberta para discutir possíveis soluções."
Lucro dos empresários
O lucro dos empresários que detêm o transporte coletivo em Juiz de Fora, também foi um ponto muito discutido. Dados apresentados pelo diretor da CUT revelam que de 1997 a 2012, o valor da passagem em Juiz de Fora teve aumento de 500%. "A Prefeitura falou que não aumentou a passagem este ano, devido as desonerações realizadas pelo Governo Federal no início do ano. Mas em momento algum, o lucro dos empresários é afetado. Por exemplo, a vida útil do ônibus circular de Juiz de Fora é de dez anos. Depois desse tempo ele não pode mais circular nas ruas. E a compra de todos os veículos é custeada pelas passagens pagas pelos usuários. Mas depois de dez anos, estes veículos não são doados, nem reaproveitados pela Prefeitura. Eles são vendidos pelos empresários. E o valor desta venda é mais lucro no bolso dos empresários."
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O vereador Roberto Cupolillo (Betão-PT) questionou o dinheiro retido nos cartões vale-transporte. "Centenas de pessoas têm um valor grande retido nestes cartões. E me pergunto: Aonde está este dinheiro? E respondo: Ele está circulando no mercado financeiro, gerando assim especulação financeira. Isso é um problema muito sério, que temos que avaliar com cuidado."
Qualidade
Já a estudante Patrícia Ferreira, questionou a qualidade do transporte municipal. "Estamos cansados desta situação. E falo aqui em nome do trabalhador que sai de casa as 5 horas da manhã, porque o ônibus no seu bairro só tem de hora em hora. Falo também em nome do estudante que tem que sair muito mais cedo de casa, pois tem que ficar no ponto esperar passar um, dois, três, quatro ônibus lotados. Até que o quinto resolva parar e mesmo assim ele fique esmagado por outros estudantes, pois este veículo também está lotado." Patrícia ainda afirmou que o movimento que ocupou as ruas de Juiz de Fora em junho não irá parar as manifestações enquanto as exigências não forem atendidas e cobrou uma posição da Câmara Municipal. "O gigante acordou e ele quer saber se os vereadores irão defender os empresários ou os trabalhadores."
Ao final da audiência pública a estudante Mariana Rigoli entregou um documento elaborado pelos sindicatos filiados, o Movimento Junta Brasil, a CUT, a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e organizações de esquerda. "O documento trata de quatro pautas. A primeira é que queremos um pleito com o prefeito para discutir a redução imediata da passagem. Também queremos a implantação de uma CPI sobre o transporte público; a aprovação do passe livre para todos os estudantes. E por fim, a realização de outra audiência pública, para discutirmos dessa vez, a situação do Hospital Regional da Zona da Mata."
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