Juiz de Fora 164 anos: a desindustrialização e as novas oportunidades

Cidade passa por declínio na economia ao longo do século XX, perdendo o título de Manchester Mineira; novas tentativas buscam impulsionar o desenvolvimento

Eduardo Maia
Repórter
31/05/2014
juizdefora

A força da produção industrial registrada no fim do século XIX e início do século XX deu a Juiz de Fora o título de Manchester Mineira. Naquela época, a cidade era considerada a mais importante do Estado, em termos de arrecadação de impostos e produção industrial. Mas, a partir da década de 30, a economia começou a entrar em declínio.

Estudo da professora Suzana Quinet, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisa o cenário da economia da cidade ao longo do século XX. A pesquisadora aponta que a cidade possuía enorme dinamismo econômico, com grande perspectiva de desenvolvimento no final do século XIX e início do novo século.

Quinet explica que, ao longo do século XX, buscaram-se tendências para reverter o cenário de declínio da indústria: a primeira foi a abertura para a indústria metalúrgica a partir de incentivos fiscais na década de 70, superando a produção têxtil nos anos 80. A atração de grandes empresas queria tornar a cidade novamente competitiva, tendo em vista o declínio ocorrido após a queda do setor manufatureiro entre as décadas de 40 e 50.

A vinda da montadora Mercedes-Benz para a cidade em meados dos anos 90 foi o segundo passo. A proposta de geração de 1,5 mil empregos diretos, com prioridade para a mão de obra local, levou aos órgãos públicos a criarem medidas de incentivos fiscais, entre eles a isenção de impostos municipais e estaduais por dez anos. Entretanto, explica a pesquisadora, os investimentos não trouxeram os efeitos esperados e o setor de serviços continuou a ser o mais representativo no Produto Interno Bruto (PIB) do município, variando entre 52 e 58% de 1994 a 2000.

A terceira tentativa foi a implantação de um Plano Estratégico para o Desenvolvimento de Juiz de Fora em 1997. Mas, segundo o estudo, o plano foi "inapto em modificar o declínio histórico do setor industrial local", descreve.

"Estamos no caminho certo"

O secretário de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Juiz de Fora, André Zuchi, explica que um dos fatores que contribuíram para o declínio da produção industrial foi a perda da importância do Estado do Rio de Janeiro para a economia nacional. "A cidade tinha uma relação muito forte com o Rio. Por uma questão geográfica, nosso desenvolvimento foi muito baseado nessa relação e com o passar do tempo Estado perdeu importância e a nossa região sofreu influência."

Numa visão otimista, Zuchi acredita que a cidade vem melhorando o seu desempenho econômico. "Criamos um marco regulatório para o desenvolvimento e através de incentivos, leis, regulamentos, decretos, buscamos uma forma de incentivar a atração de empresas para o município. Com isso, possibilitaremos uma retomada do crescimento", propõe.

Uma das apostas é a criação do Parque Tecnológico, que busca fortalecer as ações ligadas à inovação e negócios. A iniciativa reúne pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com órgãos governamentais das esferas estadual e federal. "Buscamos fomentar o setor de serviços e tecnologia, por meio da redução do ISS para os prestadores de serviços, a fim de conseguir uma matriz equilibrada. Precisamos conseguir estabelecer um equilíbrio e diversificar a nossa economia. Isso sem deixar de lado o setor industrial, que apesar de empregar menos, propicia salários maiores", explica Zuchi.

Outro ponto destacado pelo secretário é o investimento para que a cidade se torne um polo de turismo de negócios. "Trabalhamos de forma que possamos estar no radar dos investidores, que sempre nos procuram. Essa história que a cidade não corre dinheiro não existe. Trabalhamos para a simplificação da burocracia e já temos alguns avanços na abertura de empresas como o novo centro de distribuição da Fiat e a criação do Distrito Industrial na BR-040. O primeiro passo foi dado, cabe a nós insistirmos neste desenvolvimento que é peça fundamental".

Zuchi reconhece que ainda existem impedimentos para a consolidação deste processo. "Temos sim problemas de curto prazo relacionados ao crescimento econômico, como, por exemplo, a competição entre municípios, incentivos exagerados, altos preços de aluguéis de imóveis e das áreas para implantação de empresas. Uma pesquisa recente mostra que a cidade está entre as oito mineiras para se investir, sendo 88ª no Brasil. Precisamos melhorar esta posição, mas esse índice já nos mostra que a gente está no cenário nacional. É preciso acreditar mais em nossa cidade, no nosso potencial", incentiva.

Novos tempos

A pesquisadora Christina Musse observa que a cidade vive uma nova fase em termos econômicos. "A cidade tem outros impasses, mas eu acredito que ela entra num novo momento, alavancada por uma universidade que cresceu, novos investimentos, infraestrutura, a criação de um aeroporto regional. Isso aponta para um novo modelo para Juiz de Fora: grandes colégios, universidades pública e particulares, isso pode apontar para um outro futuro. Seus moradores têm que debater mais o que eles querem", propõe.

Pesquisadora da memória e da identidade, Musse destaca que a cidade é capaz de impulsionar o desenvolvimento. "Juiz de Fora possui uma cultura que sempre funcionou como um veículo de resistência. Foi muito reativa, pouco proativa para tomar consciência de que tem outros valores em mãos para se capitalizar. Eu percebo que há uma tendência de que as cidades de porte médio vão crescer mais do que os grandes centros. E acredito que Juiz de Fora vai crescer. Morar num grande centro envolve custos, uma vida mais complicada e eu acredito que ela vai se transformar num ponto de atração de pessoas", prevê.

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