Protetora cria grupo de mensalistas para castração de gatos em Juiz de Fora
A página criada por Kátia Franco, em fevereiro, já tem mais de 100 doadores, que pagam R$ 10 por mês. Ela já resgatou mais de 300 gatos na cidade e região
Repórter
24/02/2015
Abandonar um animal é crime, mas, mesmo assim, muitos cães e gatos são deixados nas ruas de Juiz de Fora. Exemplo, amor e cuidado, Kátia Franco tornou-se protetora por acaso, mas não deixa de admitir que mesmo com todo o trabalho, ama muito o que faz. Ela criou em fevereiro um grupo no Facebook com nome Castração como Ato de Amor, que pretende reunir doadores mensalistas para o financiamento da castração de animais, cujo dono não possuí condições para a cirurgia. A página já possuí mais de 100 pessoas. O principal foco são os gatos, devido à falta de iniciativas públicas para a castração gratuita na cidade. Segundo Kátia, a criação do grupo seria a solução para um outro trabalho que ela realiza há mais de dois anos, que é o de adoção.
Para resgatar um animal, não há fronteiras. Atualmente, ela abriga quase 30 gatos dentro de seu apartamento, no Centro. Quando os chama, vários bairros surgem de debaixo do sofá, de dentro do armário, em cima da cama ou de armários, sala, cozinha, banheiro. Alguns estão camuflados nas cores dos móveis ou bem escondidos no forro do teto de gesso. "Chamo eles pelo nome do bairro em que foram resgatados", explica.
Kátia recolhe gatos adultos e filhotes de vários bairros do município, ou em casas em que os donos não possuem condições de cuidar. "Alguns donos podem ser chamados de acumuladores, pois a reprodução felina é diferente da reprodução dos cães. No verão, por exemplo, a fêmea pode permanecer no cio por meses e mesmo amamentando ela pode engravidar de novo. Desta forma, estas pessoas que têm gato em casa, mas não castram, deixam que eles se reproduzam sem controle, e não querem doá-los. Além disso, o macho que estimula a fêmea para cruzar, por isso também é importante a castração", conta.
O primeiro caso que ela ajudou foi de uma senhora, moradora da região central, na avenida Itamar Franco. Ela cuida de 200 gatos dentro de casa e para ajudá-la a castrar os animais Kátia criou um grupo na rede social, chamado Socorro Felino. A partir desta página, ela conseguiu arrecadar cerca de R$ 8 mil, que ajudou na castração de 130 gatos. "Com o sucesso desta ação, resolvi criar o outro grupo que me ajudaria na esterilização de novos animais, de famílias mais carentes", explica a protetora.
Lar Temporário
A cuidadora conta que tudo começou em 2013, quando foi resgatar um cachorro do Canil Municipal. Ao chegar no abrigo, ela não resistiu e acabou voltando com três animais. Logo depois, resgatou uma gata que tinha criado há poucos dias. "Como moro em apartamento, optei por resgatar gatos, para não criar atrito com os vizinhos, devido ao barulho. O primeiro felino que adotei não se dava bem com o meu gato, por isso acabei doando. A partir daí não parou mais. Me tornei uma protetora de lar temporário, com o apoio de duas amigas, que começaram a me indicar para outras pessoas", destaca.
Adoção responsável
A adoção responsável também é um dos tópicos que Kátia faz questão de reforçar. Para adotar um gato resgatado por ela, o futuro dono precisa assinar um termo que o obriga, com base em artigos da lei, a castrar o gato adotado, após cinco meses, além de garantir todos cuidados ao animal. "Sempre entro em contato com os donos, para verificar se castraram, se aplicaram as vacinas e se os animais estão bem. Caso não me retornem as ligações, chego a ir na casa da pessoa. Se o animal não se adaptar, o adotante pode me devolvê-lo", explica, lembrando que sempre que um gato é doado, ela que leva o animal até sua nova casa, para avaliar se o ambiente também é apropriado.
De acordo com a cuidadora, a parceria com clínicas veterinárias, prestadores de serviço e veterinários também são fundamentais para que todo o trabalho seja realizado. Os apoiadores ajudam com descontos nas castrações, cirurgias e outros cuidados, como a instalação de tela nas janelas, quando o adotante mora em apartamento, para tornar o local seguro e adequado. "Já fiz campanha para a construção de um gatil na casa de uma pessoa. Eu faço as marcações com todos os prestadores que me ajudam, e faço o cadastro online e em fichas de todos que pedem minha ajuda ou adotam um gatinho comigo".
Para o futuro, ela tem o sonho de criar um canil, para poder resgatar um maior número de animais. "Sonho com o dia em que uma pessoa me ligará e vou dizer que não existe gatos no mundo disponível para adoção. Acho que com a castração e ajuda do poder público e das pessoas, é possível uma realidade mais justa para os animais", concluí.
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