Voluntariado é fazer o bem com comprometimento

Conforme pesquisa do Datafolha de 2011, 41% dos entrevistados se mostraram dispostos a desenvolver atividades voluntárias, já 83% acham que a ação é importante

Angeliza Lopes
Repórter
28/02/2015
Voluntarios

Para se tornar voluntário não basta apenas querer. A dedicação em Organizações Não Governamentais (ONG), ou até mesmo de forma individual exige tempo, comprometimento, dedicação e, em muitos casos, capacitações. Conforme a psicóloga e integrante da gestão de pessoas da ONG Associação Amigos (ABAN), Flávia Guimarães, muitos novos voluntários têm dificuldades em se adaptar aos trabalhos, principalmente, por não saberem sobre os compromissos e envolvimento que a ação demanda, o que pode causar algum tipo de frustração ou receio. "É importante que o candidato entenda os trabalhos da instituição e deixe claro sua disponibilidade, para que o gestor possa definir o melhor trabalho para ela. O mais importante no voluntariado é que o próprio trabalho supere os motivos pessoais de cada um", destaca Flávia.

Mesmo com os desafios, as ações voluntárias dedicadas ao cuidado com o outro vêm crescendo no mundo todo. Conforme a pesquisa realizada pelo Datafolha em 2011, 83% dos entrevistados veem o voluntariado como muito importante para o Brasil, enquanto 41% se mostraram dispostos a desenvolver atividades desta natureza. Outra pesquisa, dessa vez um relatório da ONU, indica que há, atualmente, no mundo, cerca de 140 milhões de pessoas que fazem trabalho voluntário.

As próprias instituições vêm buscando novos formatos, com bases mais organizacionais, para dinamizar e tornar os trabalhos efetivos. Além de formações, que ajudam na estruturação das equipes de trabalho. "Classificamos o voluntariado como uma ação de promoção do bem com um mínimo de formalização. Mesmo que de forma pontual possui um objetivo, um cronograma e uma metodologia. Não é o tamanho, a duração ou a efetividade que define o trabalho, mas a forma como é executado", explica Renato Lopes, diretor do Grupo Amigos, e, voluntário há 18 anos, responsável por gerir três instituições voluntárias que abordam vulnerabilidade social, envelhecimento ativo e capacitação voluntária.

Ações de amor

Há 55 anos como voluntária pelo Condomínio Luiza de Marillac, no bairro Furtado de Menezes, Dalva Vargas, 87 anos, viveu a juventude aprendendo os cuidados do envelhecimento. Hoje, ela brinca dizendo que 'pendurou as chuteiras', mas considera que seus dias não seriam os mesmos se não tivesse se dedicado a fazer o bem. "As ações me tornaram uma pessoa melhor e mais feliz. Toda a ajuda voltava para mim, como uma contaminação do bem", destaca.

Também voluntário, Domingos Francisco Milione, dedica-se à ações filantrópicas há 18 anos. A primeira comunidade em que começou a atuar foi no bairro Dom Bosco, com trabalhos de distribuição de roupas, sapatos e alimentos para famílias mais carentes. Hoje, atua no projeto Carreto da Paz, da ABAN, que faz a coleta de móveis, eletrônicos, roupas e calçados que são vendidos nos bazares a preços mais baixos. Outro trabalho realizado são os grupos de obras para famílias carentes. "Identificamos a família que precisa de apoio e construímos a casa para ela, com nossos materiais que são fruto de arrecadações", conta. Um dos casos mais extremos foi a construção de um lar que custou a instituição cerca de R$ 19 mil. "Era uma família de seis pessoas e a casa estava inabitável, com ratos e baratas. Jogamos ela no chão e começamos tudo de novo. Atualmente, atendemos necessidade pontuais, como a construção do banheiro, divisórias nas casas, bater laje, embolsar e colocar piso. Dar condições dignas de moradia", reforça.

Ele completa que todo o trabalho não tem preço. "Não há moeda no mundo que pague fazer o bem." A psicóloga Flávia explica que este sentimento é comum entre pessoas dedicadas a filantropia, pois se trata de uma atitude de doação e enriquecimento pessoal, uma vez que cada um, nesse trabalho, oferece aquilo que tem de melhor e recebe algo muito maior e nobre. "É o bem e o desejo de fazer o bem que permeiam todas as atitudes, trocas, aprendizado e nos "contaminam". Fazendo o bem nos sentimos pessoas melhores e desejamos fazer cada vez mais", concluí.

Entender o voluntariado como uma ação para pessoas com muito tempo disponível, como aposentados ou estudantes, é um preconceito comum, mas desmentido por Dalva e a pesquisa do Ibope (2011) que aponta que 67% dos voluntários trabalham, e somente 33% são aposentados, desempregados ou estudantes. Segundo a pesquisa, 58% dos voluntários têm ensino médio ou superior.

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