Ações de protetores mobilizam adoção de animais em Juiz de Fora

Mesmo com os avanços, veterinária destaca que o número de cães abandonados é alto e reforça a importância da castração para controle de animais

Angeliza Lopes
Repórter
18/04/2015
adoção

A soma de boas ideias com a dedicação de protetores tem resultado em grandes ações para motivar a adoção consciente de animais abandonados em Juiz de Fora. As redes sociais tonaram-se facilitadores destas campanhas, reunindo voluntários em mobilizações de maior repercussão ou apenas pontuais, para adoção de cães e gatos. Há dois meses, a parceria entre órgãos públicos e privados resultou na criação do projeto 'Amor não tem Raça – adote um focinho com carinho', com uma página no Facebook para a divulgação de animais para adoção do Canil Municipal, que fica no bairro São Damião II. Mas, mesmo com os avanços, os desafios ainda são grandes. Só no Canil, são cerca de 500 cães entre fêmeas e machos, filhotes e adultos, todos divididos em 74 baias.

A responsável técnica do canil, Neísa Teixeira Loures, diz que contando com o mutirão feito no dia 14 de março e as mobilizações pela campanha, foram adotados cerca de 20 cães, nestes dois meses. Ela explica que, infelizmente, de um animal que consegue um novo lar, outros tantos são abandonados. Por isso, outras frentes também estão sendo trabalhadas, para a redução destes números. "Muitos trazem os animais para cá ou ligam pedindo para trazê-los. Tentamos convencê-los do contrário, mas é muito difícil. Por isso, a importância a adoção consciente e castração". Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cada fêmea pode ter até oito mil filhotes, e, caso não seja castrada, outros filhotes crescem e reproduzem, em progressão geométrica.

Neísa ressalta os animais que vivem no canil tem menos anos de vida, que em um lar. Mesmo com todo o cuidado dos funcionários do espaço, as doenças e brigas são inevitáveis. Por isso, também a importância de lares temporários. "Quando os animais estão no lar temporário, é mais fácil a adoção. Pois estão longe de aglomeração de animais, que reduz as doenças. A nossa localização também dificulta a vinda de futuros donos", fala.

cãesO preconceito de animais adultos e sem raça também é outro desafio para o crescimento das adoções. Conforme a responsável técnica, a adaptação de cães já maiores é muito mais fácil que um filhote. Eles aprendem mais rápido, prestam mais atenção quando o dono faz alguma correção, dificilmente faz xixi e cocô em locais impróprios e o novo dono já saberá o tamanho real do animal. "O temperamento também já estão definidos. As pessoas já vai saber se ele é bravo, calmo, dócil, latidor compulsivo. O adulto não causa surpresas, já o filhote, sim! Mas, mesmo com as campanhas, o preconceito ainda é grande".

A aposentada Vera Luzia Neves entendeu o recado e adotou uma fêmea adulta. Com nove meses, Sofia foi adotada no Canil e será vacinada e castrada nos próximos dias. Vera admite que chegou determinada a adotar um filhote, mas por ter netos pequenos, Neísa aconselho que ela levasse Sofia, que já era até mamãe. "Quando eu e meu marido chegamos nas baias ela foi a primeira a dar a patinha e chegar pulando. Foi amor a primeira vista. Hoje, ela é a alegria da casa". A aposentada também conta que perdeu outra cachorrinha adotada, que viveu em sua família durante 12 anos. "Ela era nosso xodó. Não vejo problema algum e até prefiro adotar vira lata. Agora pensamos em adotar mais uma, mas tenho que pensar bem".

Vera conta que viu as fotos na página do Amor não tem Raça resolveu ir até o Canil Municipal para buscar seu futuro amigo. Para outras campanhas, o canil também terá página no facebook e a intenção, segundo Neísa, é fazer novas ações de combate ao abandono. "Diretores do Demlub estão estudando um projeto de lei que obrigue os donos que abandonam a pagarem multa. O valor seria convertido em trabalhos. Os animais adotados aqui saem chipados e isso facilita a identificação dos nossos cães". Outra novidade no Canil será a construção de um Parque para os Cães e um gatil. A Prefeitura também disponibiliza, através do Demlurb castração gratuita de cães fêmeas.

Feira de Adoção da ABAN

No próximo dia 25, a Associação doa Amigos (ABAN), organização não governamental (ONG), fará a VI Feira de Adoção, em parceria com Shopping Alameda, no estacionamento do McDonald's. Na última feira realizada ano passado, mais de 92% dos animais que estavam na ação foram adotados. Nesta edição, serão 35 cães e 15 gatos para adoção, no evento que acontecerá de 10h  às 16h. Todos os animais virão de um abrigo em crise, no estado do Rio de Janeiro, que está em processo de fechamento. No dia, outros ações pretendem mobilizar maior número de participantes, com entretenimento para crianças, recolhimento de óleo usado, rifa de brindes e produtos pet e atendimento tira dúvidas com veterinário. Também serão aceitos 1 kg de alimentos não perecível para outros projeto e ações realizadas pela instituição.

De acordo com gestora voluntária da Área Ambiental da ABAN, Inês Domingos Bastos, integrantes do grupo fizeram mutirões o tratamento de cerca de 200 animais do abrigo. Ela explica que a cuidadora do espaço morreu no início deste ano e não teria quem desse continuidade aos trabalhos de cuidado destes animais, por isso precisam ser adotados. "Eles foram vermifugados, vacinados e alguns passaram por tratamentos especiais. Para organizar a ação foi preciso limitar a quantidade de animais, fazendo uma lista dos que iam participar. Caso não consigam novo lar, não temos como prever o futuro deles. Infelizmente, em uma realidade de alimentação precária, ausência de medicamentos, exposição a doenças, as chances de sobrevivência são pequenas para quem ficar no abrigo", conta.

feiraOs interessados em adotar devem comparecer no dia do evento para conhecer os animais, tendo em mãos um comprovante de residência. Mais que a vontade, o adotante precisa ter amor e tempo para cuidar do seu novo amigo. Além de estar disposto a investir em uma boa alimentação, vermífugos, vacinas, atendimento médico quando necessário, tempo para proporcionar companhia e lazer para o animal. Lembrando que em média um animal vive em média 12 anos. "Não é apenas se comover com a realidade relatada, mas de fato querer estabelecer uma relação de amizade, carinho, afeto com este ser. Não estaremos recolhendo ou recebendo animais na hora para exposição. A feira já possui os animais que devido a circunstância são prioridades", reforça Inês.

Inês completa que todos os cães e gatos estão vermifugados e vacinados, mas nem todos foram castrados, pois alguns são filhotes e devido a emergência em adquirir um lar, não houve tempo. Por isso, outra responsabilidade que também será informada ao adotante é quanto obrigatoriedade de custear a castração.


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