Efeitos visuais em excesso tentam esconder o fraco roteiro de Battleship – A Batalha dos Mares
O filme centra-se em Alex Hopper (Taylor Kitsch), um jovem folgado que leva uma bronca atrás da outra de seu irmão Alexander (Skarsgaard), oficial da Marinha que apaixona-se por Sam (Brooklyn Decker), filha do almirante Shane (Liam Neeson). Depois de um salto no tempo, Hopper se torna também um oficial da marinha, só que faz uma trapalhada atrás da outra. Mas terá de provar seu valor ao comandar a reação humana contra invasores de outro mundo, que, respondendo a uma mensagem enviada pelos humanos ao planeta deles, pretendem conquistar a terra.
Certamente o longa tem muito pouco a ver com o brinquedo, já que trataram de criar um cenário favorável a uma invasão alienígena para que o mote principal fosse mais interessante (ou rentável). A falta de um sentido começa no blá blá blá inicial de que o sinal de um satélite poderoso se comunicaria com um planeta distante e idêntico à Terra, dispensa qualquer tentativa de aprofundamento em questões de pura lógica. E como seria pior se entrassem de uma vez na ação, a primeira parte de Battleship se resume a um humor barato e forçado, construído por situações estúpidas e sem graça.
Quando de fato a ação começa, o diretor Peter Berg tem apenas o trabalho de selecionar as melhores tomadas para que as investidas das estranhas máquinas, que ora voam, ora navegam, vão ser inseridas. Seu trabalho é semelhante ao de Jonathan Liebesman em Invasão do Mundo – A batalha de Los Angeles, porém, as naves têm um efeito visual nauseante e é tão exagerado em luzes e sons que chega a ser desagradável. Mas os alienígenas humanóides, com estilo meio punk, são, de longe, os mais sem-noção.
A atuação de Kitsch só deixa de ser constrangedora quando para de tentar fazer comédia e parte para a briga nos momentos de batalha. Ele e o restante do elenco ficaram deslocados na indecisão do roteiro em seguir no humor ou se enfadar em meio a batalha. A cantora Rihanna está com um visual másculo, porém sua personagem é um estereotipo da mulher negra e valentona, com o adicional de só abrir a boca para declamar frases feitas.
Se esta crise de criatividade que se passa em Hollywood continuar, ainda veremos outras produções com um forte apelo visual e sem compromisso com o texto. Filmes que se não deixar o espectador com uma forte dor de cabeça, ao menos cumprirá o destino de sua existência, ou seja, ser o acompanhamento de um passeio ao shopping. Se for para apreciar este tipo de historinha batida e cheia de clichês hi-tech, é melhor alugar Independence Day e assistir em casa. Ao menos fica mais barato.
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Paulo César da Silva é estudante de Jornalismo e autodidata em Cinema.
Escreveu e dirigiu um curta-metragem em 2010, Nicotina 2mg.
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