O som de "A música nunca parou"
Para quem se acostumou a um J.K. Simmons como o sádico nazista de "Oz", foi muito interessante vê-lo como um senhor "sessentão", pai de família, certinho e preocupado com o filho doente em "A música nunca parou". Simmons levou muito bem o longa.
O filme conta a história de uma família cujo filho, após passar por uma cirurgia de retirada de um tumor no cérebro, perde a capacidade cognitiva e a memória de curto prazo, passando a viver o tempo todo no hospital, em um "mundo" próprio e interior. No entanto, ele mostra uma alteração em seu comportamento após ouvir uma música, o que faz seu pai pesquisar e descobrir uma cientista que estuda a influência da música na melhoria da saúde de pessoas no mesmo estado de seu filho. Após pedir ajuda à mesma, ela trará àquela família uma nova perspectiva. E um novo final.
"A música nunca parou" é um filme de roteiro. Não é um longa com grandes mostras de qualidade diretiva ou artística, mas uma história que foi contada através de um filme. É muito bonito tudo aquilo. Infelizmente, e nada me tira de cabeça que isso acontece em virtude de uma certa necessidade de ser comercial, o filme tem uns momentos monótonos. Não precisava ser assim, se não "se obrigasse" a ter duas horas de duração. Poderia ter tido menos e não ter nenhum momento monótono. Mas, mesmo assim, é bacana ver aquela família se reconstruindo pelo bem do filho, o que se reflete no bem da família como um todo. E é lindo ver um pai se esforçando dentro de seu máximo para conseguir ficar o mais próximo que conseguiu do filho. O trabalho de J. K. Simmons é tocante. Não posso deixar de mencionar Julia Ormond, que está adorável no papel de uma cientista paciente, dedicada e doce.
Alguns filmes, que se propõem a trazer músicas consagradas em seu decorrer, acabaram ficando chatos, como "Across the universe", com músicas dos "Beatles", ou "Mamma Mia", com canções do "Abba", porque seus roteiros ficaram muito pedantes e forçados. Mas "A música..." não se preocupou em encaixar músicas em situações, ficando então sem esse problema. Bob Dylan, Grateful dead, The Beatles, entre outros artistas, têm suas músicas tocadas no filme, o que dá um super toque especial!
"A música nunca parou" faz valer a ida ao cinema. Faz valer seu ingresso, seu tempo e, principalmente, sua emoção.
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Victor Bitarello é bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Candido Mendes (UCAM). Ator amador há 15 anos e estudioso de cinema e teatro. Servidor público do Estado de Minas Gerais, também já tendo atuado como professor de inglês por um período de 8 meses na Associação Cultural Brasil Estados Unidos - ACBEU, em Juiz de Fora. Pós graduando em Direito Processual Civil.
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