Tufic Nabak comemora 15 anos da divulgação da cultura árabe no Brasil
Libanês fundou o Grupo Nabak, que obteve o reconhecimento pelo trabalho de divulgação e preservação da cultura libanesa no país
Subeditor
16/05/2013
Há 15 anos, a cultura árabe ganha força no Brasil, pelo libanês, Tufic Nabak, que mudou-se para o país em 1990, juntamente com sua família, por causa da Guerra Civil. Nascido na cidade de Ras Baalbeck, Tufic Nabak atua no cenário artístico desde 1983. Começou a dançar aos dez anos, em seu país. "Morávamos em Beirute. Lá eu dançava em colégios e teatros, mas era algo amador", conta o bailarino, que iniciou a sua carreira profissional em 1998, já morando no Brasil. "Eu li, em um anúncio, que estavam selecionando bailarinos para aturarem no filme Lavoura Arcaica (vídeo ao lado), de Luiz Fernando Carvalho. Então, fiz a minha inscrição e fui aprovado. No longa, atuei como elenco de apoio, consultor de língua e cultura árabe, colaborando ainda nas cenas em que dançavam o Dabke, uma tradição árabe que se tornou a minha especialidade."
Depois dessa atuação, Nabak fez vários cursos de especialização, dançou em algumas cidades, fez curso de teatro no Grupo Divulgação e no GTA, com o professor Marcos Marinho e, em 2001, fundou o Grupo Nabak, no Clube Sírio e Libanês. "O grupo teve origem nas gravações do filme Lavoura Arcaica e na participação do Desfile Sesquicentenário de Juiz de Fora, em comemoração aos 150 anos da cidade." Segundo o fundador, a maior dificuldade foi erguer um projeto sem verba e apoio. "Na época, a presidente do clube nos cedeu o espaço e comecei a comprar os materiais que eram necessários para manter o grupo", diz. O local, segundo Nabak, não existe melhor, "pois o clube representa a cultura libanesa em Juiz de Fora", ressalta.
Logo após a implantação - do projeto pioneiro - Nabak participou da novela O Clone, da Rede Globo, em 2002. Mas o reconhecimento nacional e internacional, segundo ele mesmo afirma, veio em 2006, quando ganhou o prêmio de Primeira Categoria Dupla Nacional, no Mercado Persa, em São Paulo. "É um evento de destaque, que atrai pessoas do mundo todo, chegando a cerca de 10 mil visitantes."
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Depois disso, o trabalho desenvolvido pelo libanês ganhou repercussão em todos os cantos do Brasil, como Brasília, Curitiba, Recife, Fortaleza, Rio e São Paulo. Mas, sete anos depois, o libanês retornou aos estúdios da TV, desta vez, para ser entrevistado pelo jornalista Jô Soares. Além da matéria, o bailarino realizou uma apresentação de danças folclóricas árabes no final da entrevista, durante o programa.
Formação em turismo
Aliada às suas atividades, Nabak concluiu, em 2003, o curso de Turismo. "Depois de passar pela faculdade de engenharia na Universidade Federal de Juiz de Fora [UFJF], e por um curso técnico em prótese dentária, ambos não finalizados, encarei esse desafio, onde me descobri." De acordo com o turismólogo, ele fez a graduação em três anos, pois aproveitou algumas disciplinas que já havia cursado, além de conquistar o segundo lugar da faculdade, como melhor aluno. "Aprendi muito. A maioria das técnicas de eventos que pratico, foi graças à graduação, que me deu base para isso."
O Grupo
O grupo traz um pouco das raízes orientais, apresentando a expressão típica do povo árabe, com o objetivo de representar e divulgar a arte da dança e da cultura árabe. O grupo marcou sua estreia em sua sede, em comemoração aos 37 anos do Clube Sírio e Libanês.
Em 2011, o grupo obteve, do Consulado Geral do Líbano no Rio de Janeiro, reconhecimento pelo trabalho de divulgação e preservação da cultura libanesa no Brasil. "Quando comecei foi tudo muito difícil, sem saber se ia dar certo e sem apoio. Atualmente, colhemos os frutos que plantamos, com um trabalho sério, de qualidade e com muita felicidade. Criar um grupo é fácil, mas manter é muito complicado. Agora, tudo é diferente. Temos o nosso espaço, e as pessoas e a mídia estão sempre de portas abertas para nós", comemora. Entre as pessoas que marcaram sua trajetória, Nabak destaca uma integrante do grupo, que morreu. "Tudo é dedicado a Leila. Ela foi uma pessoa que marcou muito a nossa trajetória. Ela era muito feliz..."
No grupo, ele além de produzir e organizar eventos voltados para a cultura árabe, ministra curso de língua árabe, palestras, workshops, oficinas, avaliações de bailarinas e cursos profissionalizantes de danças folclóricas.
Reconhecimento
Em 2012, Tufic Nabak foi convidado pela bailarina libanesa Amani para estar entres os mestres convidados do Amani Oriental Festival, em Beirute, para representar o país na sua terra. O bailarino se apresentou no show de gala, ministrou workshop e fez parte do corpo do júri do evento. Tufic Nabak é o único bailarino libanês no Brasil. "Muitos são bons, mas quem canta, dança e fala árabe sou eu. Eu posso dançar samba muito bem, mas nunca vou bailar como os brasileiros", brinca, o dançarino, que afirma ser honrado por representar a cultura do seu país. "Eu mostro o lado bom, da dança, da gastronomia e das riquezas cultuais. Eu sofri tanto na guerra, que só quero espalhar coisas boas."
Feira Cultural Árabe
Como parte das atividades, o grupo realiza a Feira Cultural Árabe, que este ano está em sua 12ª edição. Neste sábado, 18 de maio, às 20h haverá o show de gala em comemoração aos 15 anos de Tufic Nabak no Brasil. No domingo, 19, das 12h às 20h, será a XII Feria Cultural Árabe. Ambos eventos no Centro Cultural Pró-Música. Entre as atividades programadas estão: mostras de danças árabes, desfile de trajes típicos, apresentações especiais, estandes, workshops, sorteios, além do show de gala.
No encontro, Nabak também lançará seu livro, fruto do seu projeto de monografia, intitulado A importância do Patrimônio Histórico e Cultural para o Turismo no Líbano. A obra, que tem cerca de 90 páginas, é dividida em duas partes: o turismo do Líbano e a cultura. "A parte cultural foi escrita em um ano, durante a minha recuperação de um problema de saúde." Com o nome Um Líbano Inesquecível, o projeto foi divulgado pela primeira vez no Mercado Persa de 2013, realizado em São Paulo. Nas últimas páginas, Nabak dá dicas para os profissionais da dança, além de sugestões de cursos e eventos. Depois da cidade, Brasília, Curitiba, Paraná e o Rio de Janeiro também receberão Nabak para o lançamento.
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