Juiz-forano abre mostra fotográfica Anônimos do Rossio no Espaço dos Correios
A visitação é gratuita e poderá ser realizada até o dia 30 de maio
Repórter
1/04/2015
O olhar de um cineasta, artista plástico e arquiteto com alma de fotógrafo tornou vivo o cotidiano de anônimos que circulavam em uma tarde chuvosa no Rossio, famosa praça Dom Pedro IV, em Lisboa. Os detalhes do cotidiano em preto e branco observado em um dos pontos turísticos mais visitados de Portugal se tornaram os quadros da mostra itinerante do fotógrafo juiz-forano Luiz Jungmann Girafa. Com 30 fotografias, todas de tamanho 60x40 cm, Anônimos do Rossio será inaugurada nesta quinta-feira, 2 de março, às 20h, no Espaço Cultural Correios Juiz de Fora, na rua Marechal Teodoro. Como descrito no catálogo de divulgação, a exposição"... é um convite à observação do outro, da rotina não percebida, da poesia visual...", que retrata os diversos rostos e corpos anônimos de Rossio. A visitação é gratuita e poderá ser realizada até o dia 30 de maio.
A princípio, a mostra seria o evento de lançamento do livro homônimo lançado em pela editora Siglaviva. Mas, com o patrocínio dos Correios, o projeto ganhou outros contornos e acabou se tornando um produto cultural particular, com primeira exposição no Museu Nacional dos Correios, em Brasília. Com o sucesso do evento, as imagens começaram a viajar em uma mostra itinerante, que começou por Fortaleza e, agora, em Juiz de Fora. "Não sabemos se ela será levada para outros Espaços Culturais dos Correios, mas já temos um projeto pré traçado, que é fazer a última exposição, em 2016, no Rossio, em Portugal. Com exposição em espaço aberto, montada em instalações, queremos que aquelas pessoas fotografadas possam se reconhecer nas imagens", destaca o curador Renato Cunha.
Arquiteto por formação, o fotógrafo Girafa conta que as imagens surgiram sem intenção, na véspera do seu retorno para o Brasil, após uma viajem de 30 dias pela Europa. O expositor se deixou levar pelas sombras de quem contavam suas histórias, sem perceber, na praça de Rossio. "Eles estavam na praça, não passavam por ela. Alguns buscavam sobreviver ou apenas colocavam a conversa em dia. Eram frequentadores daquele espaço", explica.
Durante seu passeio fotográfico, por coincidências do destino ou não, Luiz encontrou um velho amigo angolano Artur Arriscado. O radialista e escritor, na condição de exilado, em 1990, viveu como indigente nas ruas e praças de Lisboa. Ativista, ele participou da gravação do hino de Angola, após ser emancipada de Portugal. "A história de Artur foi minha inspiração para montar o livro. Por dois anos ele esteve no anonimato e a realidade em que passou foi um contraponto para a exposição. Tanto é que a mostra é dedicada a ele. Artur faria a palestra de abertura da exposição, em Brasília, falando sobre o que é ser um anônimo no Rossio, mas acabou falecendo antes da data", ressalta.
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Com sua experiência também em cinema, e, iniciando carreira como produtor cultural, o curador Renato Cunha viu nas obras de Girafa grande potencial. Ele conta o que lhe chamou a atenção foram as imagens preto e branca que remetiam cenas. "Devido a quantidade de imagens do livro poderíamos explorar vários modelos de exposição. Funciona como cinema, com fotografias que não obedecem uma gramática. Elas tem flexibilidade, forma não linear de montar a exposição, como se estivesse construindo uma história. É muito subjetiva".
Além dos quadros, a mostra é composta por frases escritas por Cunha. Ele explica que para fazer o texto, teve que observar bastante as imagens, sem torná-las apenas legendas. Por isso, o curador reuniu conjuntos de fotos e criou uma palavra que remetesse aquelas imagens, como: Solidão, Esperança, Memória, Chuva. "A partir dessas palavras eu busquei incorporar um escritor português, a maneira de um heterônimo de Fernando Pessoa, por exemplo. Escrever com estilo desses escritores, como Roberto Reis, Fernando Namora, Florbela Espanca e vários outros. Elas não tem ordem certa, então quando montamos uma exposição, não temos a ordem definida dos quadros e frases, esta lógica pode ser alterada, especialmente, por serem flexíveis e terem esta mobilidade. Isso, porque foram criadas a partir de uma palavra que envolvia um conjunto de imagens", concluí.
Cunho Social
A exposição também terá em Juiz de Fora ações de cunho social. Ao longo da exposição, os Correios promoverá visitas guiadas de alunos da rede de escolas públicas do município, realizada por monitores. Eles receberam antes o material sobre a mostra farão e trabalhos, com o intuito de perpetuar a arte. A ação vai priorizar escolas mais distantes do Centro, como a região da Zona Norte. O objetivo dos Correios é incentivar o público de crianças e jovens serem futuros frequentadores e consumidores das artes.
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