Ve?culos adaptados: direito de ir e vir Vice-presidente da Cooperativa das Pessoas Deficientes de Juiz de Fora diz que ve?culos adaptados de JF n?o seguem as normas de acessibilidade da legisla??o

Priscila Magalh?es
Rep?rter
10/09/2007

No ?ltimo dia 22 de agosto, os cadeirantes de Juiz de Fora passaram a contar com mais tr?s ve?culos adaptados. Agora, o total corresponde a 28 e a promessa ? a de que, at? o fim do ano, a frota seja abastecida com mais sete ve?culos.

O transporte adaptado permite que o deficiente possa circular pela cidade com mais autonomia, porque possui um elevador que coloca a cadeira dentro do ?nibus. As linhas 106 (Parque da Saudade - Jardim Ga?cho), 119 (Nossa Senhora das Gra?as - Santa Luzia) e 138 (Arco-?ris) v?o circular durante todos os dias da semana e em hor?rios variados.

Segundo Thaiz Maria Altomar, do Departamento de Promo??o da Pessoa Portadora de Defici?ncia (Depd), os pr?prios cadeirantes apontam as linhas de maior demanda. "O Depd est? aberto para ouvir os deficientes e atender as suas demandas. ? um trabalho lento, mas mesmo assim estamos conseguindo alcan?ar muitas regi?es da cidade", explica.

Thaiz ainda aponta como positivo o fato de as linhas circularem no itiner?rio normal, o que antes n?o acontecia. "Os ?nibus faziam um percurso diferente, atendendo somente os locais onde havia demanda de deficientes. Agora, eles podem ir a qualquer ponto da cidade".

A vice-presidente da Cooperativa das Pessoas Deficientes e membro do Conselho Municipal das Pessoas Portadoras de Defici?ncia, Maria Val?ria de Andrade, diz que ter 28 ve?culos ? um avan?o, mas que ainda n?o atende ? realidade. "Se formos comparar com a quantidade de ve?culos existentes na cidade ainda ? pouco, mas considero que tivemos um progresso. Nossa luta come?ou em 1996, quando t?nhamos apenas um ve?culo", relembra.

Acessibilidade

Al?m de achar a quantidade de ve?culos pequena, Val?ria diz que eles n?o atendem a todos os deficientes. Aqueles que usam muletas ou carrinhos n?o conseguem usar o elevador. "Estes ve?culos adaptados se destinam aos usu?rios de cadeiras de rodas e n?o seguem as normas de acessibilidade da legisla??o. O ideal ? que tivesse um ?nibus acess?vel a todas as pessoas com mobilidade reduzida, como gestantes, obesos, cegos, quem usa carrinho ou muleta e quem tem encurtamento de membros ou nanismo", comenta.

Foto de Val?ria Segundo Val?ria, o Instituto Nacional de Metrologia, Normaliza??o e Qualidade Industrial (Inmetro) tem feito estudos para que as f?bricas produzam ve?culos com o m?nimo poss?vel de obst?culos para atender essas pessoas. "Tudo deve ser padronizado, inclusive as portas e os degraus, para facilitar a utiliza??o do transporte", alerta.

Al?m dos transportes, Val?ria cita v?rios pontos de falta de acessibilidade em Juiz de Fora. Segundo ela, as cal?adas s?o as maiores vil?s. "N?o existe um padr?o. Elas s?o cheias de ressaltos, entradas e sa?das de garagens e a pedra portuguesa ? muito escorregadia. N?o existem rampas e as que existem est?o totalmente fora do padr?o. O prometido foi de que 500 rampas seriam feitas e, at? agora, nada. A acessibilidade na cidade est? estagnada. O que est? sendo feito ? por imposi??o legal", reclama.

Foto de degrau em cal?ada Foto de degrau em cal?ada Foto de degrau em cal?ada

Segundo Thaiz, o avan?o ? vis?vel nas rampas e travessias. "Algumas foram refeitas no centro para melhorar a acessibilidade, inclusive com traffic calming (foto acima, ao centro). Tudo ? muito criterioso, porque queremos fazer um trabalho definitivo", diz.

Thaiz conclui dizendo que o Depd est? sempre aberto para atender a demanda dos deficientes. "Para que possamos trabalhar melhor, ? necess?rio que as pessoas tragam at? n?s as suas necessidades. Nos bairros existem muitos pontos de falta de acessibilidade que n?o conhecemos. De acordo com os pedidos, o Depd realiza o estudo e faz a altera??o. O centro tem prioridade por causa do fluxo".

Dificuldades

Foto de Val?ria Val?ria diz que o n?mero de deficientes em Juiz de Fora corresponde a 14,5% da popula??o total. Al?m das dificuldades f?sicas, eles enfrentam a falta de acessibilidade atitudinal. "Temos direito a tudo o que a sociedade oferece, mas acabamos n?o participando dela. As pessoas ainda nos v?em e nos tratam de forma diferente, como se n?o f?ssemos cidad?os normais. A sociedade ainda ? paternalista e preconceituosa", diz.

Para melhorar a situa??o das pessoas com qualquer tipo de defici?ncia, Val?ria participa do Conselho Municipal das Pessoas Portadoras de Defici?ncia. "Assessoramos pol?ticas para deficientes na cidade e insistimos para que a legisla??o de acessibilidade seja cumprida".


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