Volta aos campos dos tribunais
A cada dia que passa chego mais perto da conclusão de que o futebol se tornou um negócio sujo e político. Estava feliz que meu artigo desta semana seria exclusivamente sobre bola rolando, gols, defesas e tudo que envolve o esporte mais querido do Brasil. Mas, de repente, somos surpreendidos com uma notícia de que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) teria imposto uma condição extra para emprestar dinheiro à Portuguesa: que a mesma desistisse de ações na Justiça Comum, aceitasse a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e jogasse a Série B em 2014.
Fruto de um brilhante trabalho feito pela equipe da ESPN, a equipe da TV teve acesso à um documento enviado pelo órgão que comanda o futebol brasileiro colocando, que impunha tal absurda cláusula. Duas considerações antes de prosseguir. Primeiro: não sei porque a Portuguesa pediria dinheiro emprestado à CBF, depois de tudo. Segundo: essa condição, que deveria ser confidencial, traz MUITAS dúvidas sobre o que está por trás das cortinas.
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Já choveram denúncias de que a CBF é suja. Hoje, o craque e deputado federal Romário é o principal acusador, principalmente por ter vivido situações e por saber o que acontece ali dentro. A briga política é tamanha que a FIFA, que organiza a Copa do Mundo Brasil 2014, conseguiu contar a história da conquista canarinha em 1994 sem mostrar o Baixinho, principal jogador brasileiro daquela competição.
Nós, torcedores, estamos literalmente de mãos atadas. Ações na justiça comum não são sequer aceitas por juízes que entendem que a decisão, equivocada ou não, do STJD é válida. Ou, se algum torcedor consegue uma liminar em determinado estado, fazendo valer de um direito, em outro estado a mesma cai. A briga é de cachorro grande e envolve três clubes tradicionais, torcedores apaixonados e uma grande bagunça protagonizada pela própria CBF, seus regulamentos esdrúxulos e contraditórios e um procurador-geral do STJD declaradamente torcedor de um dos times envolvidos.
O que me passa pela cabeça, neste momento, é o porque da existência dessa cláusula. A única, e óbvia resposta, é que a CBF reconhece estar errada nesta história toda, ciente de que perderia na justiça comum, e quer evitar esse vexame público. Por isso, tenta buscar um acordo com a Portuguesa, principal prejudicada em toda essa história, para que a mesma desista de buscar um direito que seria legítimo. Tudo pela credibilidade da legislação, que foi pelos ralos com o documento vazado. Literalmente um cala-boca. Fica colocada a questão...
Lucas Soares é natural de Juiz de Fora, é jornalista formado pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora em dezembro de 2012 e apaixonado por futebol. Atualmente, é aluno de pós-graduação em Jornalismo Multiplataforma na Universidade Federal de Juiz de Fora, Repórter no portal Acessa.com e Editor-chefe do blog Flamengo em Foco. Já atuou em veículos impressos da cidade e como assessor de imprensa na PJF e na Câmara Municipal.
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