Futebol não valoriza mais jogadas como o drible Pesquisa aponta que as jogadas que sempre fizeram parte do jogo de grandes nomes do futebol já não são tão desejadas pelos treinadores brasileiros

Renata Solano
*Colaboração
14/11/2007

"As jogadas com dribles fascinantes que levam a torcida ao delírio e que sempre fizeram parte do jogo de Pelé, Maradona, Ronaldinho fenômeno e Ronaldinho Gaúcho já não são tão desejadas pelos treinadores dos times brasileiros".

A afirmação do estudante de Educação Física, Marcelo Barros, foi baseada em um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa Comunicação, Esporte e Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora com o objetivo de verificar a influência dessas jogadas na marcação de gols e na transformação do esporte em espetáculo.

A pesquisa, orientada pelo professor de Educação Física e, também, vice-coordenador do Núcleo, Marcelo Matta (primeira foto abaixo), analisou os gols da primeira rodada do Campeonato Brasileiro. Para chegar às conclusões, os estudantes de Educação Física, Marcelo Barro, Rafael Madeira e Rômulo Siqueira assistiram a todas as partidas e classificaram os gols em uma das quatro categorias:
  • Gol sendo a finalização antecedida por drible ou finta
  • Gol sendo o passe antecedido por drible ou finta
  • Gol de bola parada (como gol de falta ou pênalti, por exemplo)
  • Outros Gols

 

Foto do professor Marcelo da Mata No entanto, segundo o Marcelo Matta, "a pesquisa ficou limitada, em certo ponto, porque não foi possível saber se esses gols de bola parada ou os que foram classificados como outros, foram ocasionados por uma falta ou algum tipo de impedimento enquanto o jogador fazia seu drible ou finto".

A idéia de fazer o estudo surgiu do interesse de se analisar os fundamentos que sempre fizeram diferença nos jogos de futebol. Segundo o coordenador do núcleo, também professor, Márcio Guerra (segunda foto abaixo), a pesquisa foi realizada em toda a primeira fase do Campeonato e indica pontos muito importantes para caracterizar o atual futebol do Brasil. "O São Paulo foi campeão e fez por merecer o título, mas todos têm a impressão de que em nenhum momento ele apresentou uma boa partida", lembra Márcio.

Cabe, então as reflexões: o que muda no comportamento dos jogadores num país onde quem faz gol é considerado e valorizado como melhor jogador, que aquele que faz boas jogadas e sabe trabalhar a bola? Por que os jogadores que dominam a pelota são logo vendidos para times no exterior?

As conclusões

Foto do professor Marcio Guerra Segundo o universitário Marcelo, com a pesquisa e análise dos dados, pode-se perceber alguns fatores importantes para essa modificação do espetáculo futebol. Indicadores como as questões sociais em que as crianças que jogam pelada nas ruas não têm mais ídolos que inspirem o treino de jogadas como a finta, o drible e o passe bem finalizado são um dos pontos levantados.

Outro fator apontado pelos pesquisadores foi a comissão técnica da maioria dos clubes do país, que valoriza mais o "ganhar de qualquer jeito" do que disputar uma bela partida. A falta de incentivo por parte do treinador em treinar jogadas com fintas e dribles, mas o treino em marcar um gol através das cobranças de falta e escanteios, por exemplo.

Os fatores éticos, também classificados pelos pesquisadores como culturais ou psicológicos são aqueles em que o jogador deve respeitar o adversário e, somente, fazer jogadas com dribles e fintas se for necessário para marcar o gol. "Caso contrário, a jogada é considerada como uma forma de humilhação", explica o professor Marcelo.

Os últimos fatores apontados pela pesquisa são os econômicos. Esses fatores apontam a venda dos melhores jogadores brasileiros para clubes estrangeiros o que causa, portanto, uma falta de personagens que inspirem os novos atletas.

Drible e finta

Em uma partida, o drible representa uma ação de domínio da bola, realizada pelos jogadores bastante técnicos, especialmente os atacantes. Atletas como Ronaldinho Gaúcho, Cristiano Ronaldo e Robinho destacam-se por serem excelentes dribladores. Entre os grandes dribladores do passado, figuram Pelé, Maradona e Garrincha.

Existem várias possibilidades de drible, como os mais populares que são a pedalada, o drible da vaca e a caneta.

A finta, é uma jogada individual, que existe, praticamente, em todos os esportes coletivos. As vezes, o movimento não visa enganar o adversário, mas sim tirá-lo da jogada, que pode ser feita também pela rapidez e perfeição do movimento, como no caso de Garrincha, que tinha as pernas tortas e que driblava quase sempre para o mesmo lado, mas com tal rapidez que o adversário não conseguia reagir de modo eficiente.

A finta é tembém conhecida e, popularmente chamada de drible.

Enquete
Você também acha que o futebol brasileiro não valoriza mais jogadas como o drible?
      Sim
      Não
   

ATENÇÃO: o resultado desta enquete não tem valor de amostragem científica e se refere apenas a um grupo de visitantes do Portal ACESSA.com.

 

*Renata Solano é estudante de Comunicação Social da UFJF


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!