Temporada de escaladas em JF tem início no final de abrilJuiz de Fora e cidades vizinhas oferecem mais de 160 vias, de dificuldades diversas, para a prática do esporte. Conhecimento técnico é essencial para praticar
Subeditor
9/4/2011
Tem início, no dia 29 de abril, a temporada de escaladas de montanhas em Juiz de Fora. A prática do esporte ocorre durante todo o período de estiagem na cidade, previsto até o início da primavera, no último final de semana de setembro. De acordo com o guia de montanha e cordada, Fábio Fernandes, em Juiz de Fora e cidades da região é possível encontrar mais de 160 vias de escalada, de dificuldades diversas, para a prática do esporte.
Em Juiz de Fora, três montanhas possuem vias de escalada (marcadas pela trilhas de grampos presos às pedras) que costumam ser visitadas pelos adeptos ao esporte. A mais expressiva delas é a Pedra do Yungue, localizada no bairro Linhares. "Trata-se de uma área particular, onde, do lado oposto à pedra, funciona uma pedreira, com detonações ocorrendo nos dias de semana. Dessa forma, a visitação só é liberada nos domingos e feriados, aos escaladores conhecidos", alerta Fernandes, lembrando que, qualquer atividade de escalada deve ser realizada em grupo e orientada por guia credenciado pela União Internacional de Associações de Alpinismo (UIAA).
A Pedra Yungue tem altitude de 1.023 metros e possui 99 vias de escaladas, com graus de dificuldade variando do 3º ao 9º, em uma escala que vai até o 12º, conforme a inclinação da pedra. No Centro de Juiz de Fora, o Morro do Imperador é mais uma área de escalada, com seis vias de baixo grau de dificuldade e 695 metros de altura. O ponto é utilizado para o aprendizado do esporte, incluindo pessoas que não têm o costume de fazer atividades físicas. Ainda na cidade, a Pedra Preciosa, no bairro Retiro, proporciona 17 vias de escaladas, todas com graus intermediários de dificuldade.
Região tem opção de treinamento e escalada atlética
Na região, as cidades de Mar de Espanha, Goianá e Lima Duarte são os pontos de encontro do grupo de escaladores. No povoado de Córrego da Areia, em Mar de Espanha, além da grande quantidade de paredes de pedras — rochas com altura superior a 50 metros —, com aproximadamente 20 vias, podem ser encontrados mais de 50 caminhos marcados por grampos, em blocos, com média de oito metros de altura. "Os blocos são ótimos para treinamento", informa Fernandes. Em Goianá, a Pedra Bonita proporciona uma escalada de quase 500 metros de altura, de alto nível de dificuldade, para os atletas mais experientes. E em Lima Duarte, a Falésia do Orvalho desafia os aventureiros, com 20 vias de altíssimo nível de dificuldade, voltada para a escalada atlética, indicada para os escaladores com grande força nos braços.
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Segundo Fernandes, embora não haja uma montanha expressiva na região, a Zona da Mata garante grande quantidade de áreas de escalada, com variedades de dificuldade, que contemplam os diferentes estilos do esporte. "Além disso, Juiz de Fora está muito próxima a locais de maior porte, como Teresópolis. Os escaladores da cidade têm muitas opções para a prática." No entanto, é arriscado querer percorrer os ambientes de escalada e subir pedras e blocos, sem o equipamento necessário e conhecimento da técnica.
De acordo com Fernandes, além dos riscos típicos das atividades na natureza — como o ambiente sem estrutura, os perigos da trilha e a possibilidade de encontrar animais peçonhentos —, é preciso cumprir normas de segurança para que sejam evitados acidentes. "O esporte só é 100% seguro quando são cumpridos todos os procedimentos de segurança. Para isso, é necessário saber usar todos os equipamentos. Durante a escalada, torções e arranhões são os riscos mais comuns."
Equipamentos necessários
Um grande aparato de segurança é necessário para a prática do esporte. Todos os equipamentos necessários devem ser homologados pela UIAA, que imprime selos e números de controle em cada uma das peças. O baudrier, conhecido como cinto cadeirinha, é o item número um do uniforme do escalador. "Dele parte todo o sistema de segurança individual."
Ao baudrier, ficam amarradas as fitas tubulares, com capacidade de suportar até 2.000 quilos. As fitas prendem os mosquetões em suas pontas, que são conectados aos grampos presos nas pedras. "Os guias de escalada passam as costuras [um pedaço de fitas tubulares com um mosquetão em cada ponta] pelos grampos e, também por meio das costuras, vão passando a corda que guiará os demais escaladores." Além desses equipamentos, há ainda o freio, que firma a escalada e evita quedas repentinas.
Esporte é versátil
É necessário, porém, conhecer a técnica de utilização dos equipamentos. Em Juiz de Fora, um curso de três dias dá noções básicas de escalada e seus procedimentos de segurança, além de proporcionar visitas aos três pontos da prática do esporte na cidade. O treinamento custa R$ 360. Segundo Fernandes, pessoas de diversas idades e condições físicas podem praticar a escalada. Em geral, ela não é recomendada a pessoas com dores ou lesões nas articulações nem para aqueles que têm pré-disposição para problemas cardíacos.
"A escalada é muito versátil, por conta dos níveis de dificuldade. Atletas com limitações drásticas de locomoção são capazes de escalar. Idosos e pessoas que não praticam atividades físicas conseguem subir vias de grau um." Da mesma forma, o esporte pode servir como atividade física pesada para atletas mais avançados. "Inclinações mais próximas de 90º vão exigir força nos braços, assim como existem os morros com inclinação negativa que permitem a escalada atlética, para os muito bem preparados."
Juiz de Fora perde escaladores
Atualmente, 30 a 40 atletas praticam a escalada em Juiz de Fora. Segundo Fernandes, o número tem sido reduzido, há cerca de dois anos, quando o dobro de praticantes escalava as pedras da cidade e da região. "Isso ocorreu devido à falta de muros de escalada indoor, que serviam como ponto de encontro dos atletas e também estimulavam a prática. A cidade possuía três equipamentos do tipo e, agora, está sem nenhum." Outra razão é o fato de o esporte atrair o público jovem, que tem população flutuante na cidade.
Surgimento da escalada
Segundo Fernandes, existem alguns indícios de quando teria sido iniciada a prática da escalada. A mais reconhecida é a conquista do Mont Blanc, nos Alpes, pelo médico Michael Paccard, em 8 de agosto de 1786. "Este é considerado o marco, pois teria sido a primeira escalada esportiva. Da mesma forma, existem registros mais antigos que remetem a escaladas por motivos religiosos ou ligados à exploração e a pesquisa."
Os textos são revisados por Thaísa Hosken
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