Assembleia que decidirá se Sport incorpora shopping será no dia 10
Medida partiu do atual presidente do clube e divide opiniões entre sócios, poder público e população
Repórter
4/11/2013
No próximo domingo, 10 de novembro, ocorre a assembleia de sócios do Sport Club Juiz de Fora, que decidirá o rumo da possível construção de um shopping center onde hoje é a sede do clube. A primeira convocação será às 8h e a segunda às 8h30.
Em documento emitido no último dia 31 de outubro, a atual direção do Sport classifica a operação como incorporação, afirmando que o clube não será vendido. Além disso, os ganhos financeiros citados na carta ultrapassam R$ 40 milhões em um primeiro momento. As luvas relativas a assinatura do contrato são de R$ 18 milhões, com outros R$ 22 milhões referentes à participação de 10% do clube no complexo empresarial e mais R$ 3 milhões, que serão investidos na construção do novo clube.
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Na mesma apresentação, os valores como o de um quinhão pulam de R$ 500 para R$ 40 mil. A mensalidade do sócio, que atualmente é de R$ 93, cairá para R$ 18,60. O faturamento mensal do clube, de R$ 140 mil, deve ser superior a R$ 420 mil, segundo a carta apresentada. Além disso, são várias as intenções de melhorias no campo estrutural e esportivo que serão feitas para os sócios. Uma área de 10 mil m² será destinada exclusivamente ao clube na cobertura do empreendimento. O documento pode ser visualizado aqui.
A situação, no entanto, não é tão simples quanto parece. A Sport Club atualmente é tombado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) como patrimônio público, sendo que qualquer alteração que venha a ser feita no local, deve passar pelo crivo do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (COMPAC), responsável pelos processos de tombamento histórico.
Opiniões contrárias
Com isso, a opinião da população se encontra bastante dividida. Palavras como modernidade, patrimônio histórico, destombamento e preservação surgem nas discussões. O especialista em marketing e negócios, Roney Gonçalves, defende a criação do empreendimento. "Está na hora do Sport virar um ativo para a sociedade juiz-forana. Empregos e revitalização desta importante área central de nossa amada cidade, que hoje é perigosa, suja, escura e lotada de usuários de drogas. Se um dos maiores clubes do Brasil, o Grêmio, fez uma nova arena para construir um shopping no local de um dos mais importantes estádios brasileiros no centro de Porto Alegre, não é este que irá fazer falta. Juiz de Fora pense no progresso e no futuro!", postou em um grupo de discussão no Facebook.
Por outro lado, a estudante de arquitetura Fernanda Portela defendeu a preservação do local. "Desenvolvimento não tem relação nenhuma com o que estão querendo fazer com o Sport. Juiz de fora está apagando a sua história e a sua memória. Elefante branco, pra mim, é o que está acontecendo no bairro Cascatinha, por exemplo. O Sport não é um elefante branco. Acorda Juiz de Fora, isso não é desenvolvimento, é um retrato do caos!", foi sua postagem, no mesmo grupo de discussão.
O vereador Noraldino Júnior (PSC), que indagou a discussão, acredita que a possível construção do empreendimento é positiva, caso tenha o apoio da população. "Um shopping ali vai gerar um impacto financeiro significativo. A obra é viável caso exista um posicionamento favorável das pessoas envolvidas e que traga benefícios ao município, tanto financeiros quanto culturais, como investir na conclusão da obra do Teatro Paschoal Carlos Magno. Mas devemos tomar cuidado para não agravar o problema de mobilidade urbana no centro da cidade", afirma.
Já o professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), torcedor e sócio do Sport, Márcio Guerra, destaca que há um desrespeito à história do clube. "Eu não considero uma incorporação, e sim, a venda de uma história de quase cem anos por pessoas que se esqueceram desse tempo. Existem formas mais criativas de se resolver um problema financeiro do que vender o clube", diz. Em caso de derrota na assembleia do próximo domingo, a oposição ainda tem uma esperança. "Se eventualmente, viermos a perder durante a assembleia, ainda há a decisão do COMPAC que pode preservar o patrimônio", concluí.
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