Equipe de corridas completa 25 anos em Juiz de Fora
Super Amigos preza pela amizade e companheirismo na hora de escolher participantes
Repórter
18/04/2015
Amigos. Este é o conceito principal para fazer parte de uma equipe de corridas de Juiz de Fora que, não por coincidência, leva o nome de Super Amigos. Para participar, não precisa ser veloz e trazer títulos ao grupo e, sim, ter um coração grande e estar aberto a conhecer novas pessoas e fazer amigos.
Quando o cabeleireiro Fernando Costa (foto ao lado, de boné amarelo), 49, decidiu montar uma equipe de corridas nos meados da década de 1980, o cooper era o esporte em alta. "Nós tínhamos um grupo de amigos que gostava de correr e nos encontrávamos regularmente. Um destes camaradas trabalhava no Granbery, e começou a os incentivar, pagando inscrições para participar de corridas, como a São Silvestre. Isso foi quando a gente começou a correr como a Equipe Granbery. Em 1987, a Prefeitura criou o Ranking de Corridas Rústicas. Em 1990, uma crise econômica fez o nosso patrocínio sair e rebatizamos a equipe, com o nome de Super Amigos, com todo mundo colaborando com estes custos", explica.
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Segundo Costa, a equipe original era formada por dez membros. Destes, seis ainda fazem parte do grupo que subiu para 32 atletas, com idades entre 22 e 75, ao longo destes 25 anos, completados no dia 30 de março. Uma curiosidade: apenas homens podem participar. "Já tivemos uma equipe feminina, mas era complicado. Nós viajávamos muito para correr e a logística era difícil. Homens ficavam até cinco em um quarto para poder baratear o custo, e as mulheres queriam ficar sozinhas. Os recursos eram escassos, tinham poucas mulheres, e por isso, acabou. Durou apenas um ano", revela o fundador.
Superação
A amizade do grupo foi posta à prova na história do corredor Paulo Castilho. Ex-usuário de drogas, o assistente de recursos comunitários, de 58 anos, contou com o apoio da equipe para largar o vício. "Antes de correr, eu era muito obeso, pesava 128 quilos. Eu caminhava, mas emagreci pouco. Conheci o Gilbertão, que é da Super Amigos, e ele me chamou para participar. Eu sentia muita vergonha de correr, porque era gordo. A corrida me ajudou a emagrecer. Eu peguei amizade com alguns atletas e me chamaram para fazer parte. Eu achava que uma equipe assim era só para pessoas de elite, e o Fernando me explicou que era Super Amigos, e não super velozes. Era para pessoas que entrosavam com todo mundo", conta.
Castilho, que faz parte do grupo desde 2002, explica como é a sua vida fazendo parte da equipe. "As coisas aconteceram de forma maravilhosa, porque eu faço parte de um grupo. Eu não tinha regras. O Fernando e outros membros me explicaram coisas que eu não entendia. A gente viajou muito e eu fui vendo o quanto que a Super Amigos foi importante. Eles me puseram limite, me deram uma educação de respeito. Eu começo a falar e fico até emocionado. Eu tive vontade de usar drogas novamente depois que já estava na equipe: me separei e foi uma fase difícil, que pensei em parar de correr. E eles me incentivaram a ficar próximo, a não largar a corrida, e as coisas fluíram de uma forma boa. O Fernando é um cara fora de série! Tenho amigos lá que escutam até problemas pessoais. Eles mudaram meu modo de ser, me transformaram como ser humano", diz.
Responsável direto pela entrada de Paulo na equipe, o aposentado José Gilberto de Melo, 74, um dos fundadores do grupo, busca transmitir a essência da equipe. "Já são 25 anos de equipe, fora o que a gente já convivia antes. Nós nunca imaginamos que iríamos ficar esse tempo todo juntos, fazer uma coisa em grupo hoje em dia já é difícil, formar uma equipe então... Essa amizade que faz a gente agir. Não nos interessa ganhar, apesar de já termos ganhado algumas coisas, mas o importante é participar", conclui.
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