Matheus Brum Matheus Brum 8/03/2016

E o marketing, Tupi?

Nesse final de semana, o Tupi recebeu a equipe do Villa Nova, em partida válida pela sexta rodada do Campeonato Mineiro. Durante o jogo, foram realizadas algumas ações de marketing, como a presença de stand de venda com produtos do clube e promoções em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Todas essas ações são muito válidas para o clube, afinal de contas, no futebol de hoje, tais táticas são tão efetivas quanto as usadas pelos treinadores dentro de campo. Ter a torcida do lado não é só um sinal de força nas quatro linhas, mas também fora dela, colocando-o em evidência e trazendo receita. Com isso, há verba para melhorar a infraestrutura e a montagem dos times, que, consequentemente, resulta em briga por títulos.

Durante essa última semana, percebi que alguns torcedores estavam preocupados com a baixa média de público do Tupi no Estadual. Fui checar os números e eles chegam a ser assustadores. O Galo possuí a pior média no Mineiro, com apenas 1.104 torcedores por partida. Para piorar, as duas partidas com menos público, foram do alvinegro, contra o Uberlândia e Guarani Uma pequena observação: nesse levantamento do ge.com, há um erro no número de pagantes da partida contra o Villa Nova. O público foi de 1.290 torcedores.

Lembrando que Juiz de Fora é a terceira maior cidade com equipe presente no Mineiro, com quase 500 mil habitantes de acordo com o censo de 2010. Maiores que a "terrinha", apenas Belo Horizonte e Uberlândia.
Fazendo uma comparação entre os clubes das três primeiras divisões, o "Fantasma do Mineirão" possuí a quinta pior média entre os sessenta principais clubes do Brasil! (lembrando que os dados do ge.com estão errados e que a média real do Tupi é de 1.104 torcedores por partida). Ao analisar esses dados, fica a pergunta: o que fazer para levar os torcedores ao Mário Helênio?

tupiPrimeiro: continuar com as campanhas que foram feitas nesse final de semana. Só que elas não podem ser esporádicas, precisam ser feitas em todas as partidas, para massificar a ideia de compra dos produtos oficiais do clube e ser uma forma do torcedor não fanático ter acesso aos itens vendidos.

Segundo: a promoção para as próximas três partidas em casa, contra Villa (que já foi), Atlético e Caldense foi bem pensada. Acredito que poderia ter sido mais barata. Ao invés de 20% de desconto, poderia ser 50%. Atrairia mais o torcedor, até por haver um confronto contra um grande clube. Uma boa promoção poderia animar os torcedores do Galo da capital a comprarem os ingressos, e de sobra, irem jogos do Tupi "de gorjeta", criando a cultura da presença no Mário Helênio.

Terceiro: Melhora no sócio torcedor. A criação do "Desperte o Guerreiro Carijó" foi muito boa, e justamente por ter pouco tempo, vai se aperfeiçoando. Atualmente, o sócio paga 12 parcelas de R$24,90, tendo desconto de 50% nos ingressos, exceto meia entrada, além de alguns benefícios na loja oficial e de parceiros. Nesse mês de março, o programa vale a pena. São duas partidas em casa, contra Villa Nova e Atlético. Os dois ingressos inteiros ficariam por R$70. Com o desconto do programa, cairia para R$35. Fazendo a soma com os R$24,90 mensais, o torcedor do Galo pagaria ao final do mês R$59,90. Economia de R$11. Mas, em abril, não há vantagem, já que o time só fará uma partida em Juiz de Fora, contra a Caldense. Na somatória, o sócio irá pagar R$39,90, enquanto o torcedor normal apenas R$30. Ou seja, alguns detalhes podem ser acertados para aumentar a melhora do programa. Alguns exemplos bacanas que podem ser usados como exemplo são o Corinthians, primeiro no ranking de sócios , e Palmeiras, que teve um boom ano passado. Destrinchar os dois vai fazer esse texto ficar gigante. Basicamente, os dois projetos dão um desconto grande para o sócio em relação ao torcedor comum, além de permitir a inscrição de dependentes com diminuição no preço dos ingressos. Outro ponto importante são as várias lojas que dão descontos para quem é associado. O Galo já possuí uma boa carta de parceiros, que sempre podem ser aumentada.

Quarto: exposição da marca. Para levar torcedor ao estádio é necessário que a marca Tupi esteja em todo lugar. Um exemplo de como isso não acontece é em relação à latinha de cerveja do clube, que é vendida  apenas no Bahamas. A parceria com a Brahma é sensacional, a lata é linda, mas só vai se tornar sucesso quando estiver em todos os lugares. Os "outdoors" atrás de bancas de jornal é uma boa iniciativa, que pode ser cada vez mais incrementada. Pode-se pensar em parcerias com escolas, para levar alunos aos jogos, como foi feito em algumas partidas no ano passado. Estimular crianças a irem ao estádio é importante, criando essa identificação com o clube, que pode levar algumas a eventualmente desenvolverem paixão pela instituição. Assim, quando elas quiserem ir o Mário Helênio, "carregarão" junto seus pais ou responsáveis.

Quinto: melhora nas redes sociais. A criação do site do clube foi uma boa atitude, mas precisa ser melhorado. Ao acessá-lo, percebe-se algumas falhas. Na aba de ingressos, se observa a venda relativa a partidas do ano passado. Esse erro não pode acontecer. A página é abastecida com notícias e curiosidades, mas peca no mercado virtual. No sitio, há o link para outras plataformas de comunicação do clube, só que quase todas estão desatualizadas. O Facebook é o "ponto fora da curva", com atualização frequente, levando muitas informações aos usuários. O twitter não possuí novidades há um mês, acontecendo a mesma coisa com o Instagram. Já no canal oficial do clube no YouTube, não há nenhum vídeo postado. Num mundo cada vez mais integrado com a internet, o uso das redes sociais é uma excelente forma de levar mais informações do clube para a torcida, ajudando também a entender a demanda dos fanáticos, aproximando o "cliente do vendedor". Uma rede social bem gerida pode trazer uma grande visibilidade, e potencialmente, novos parceiros e patrocinadores interessados nessas divulgações.

Sexto: divulgação da loja oficial. A criação da "Carijó Shop" foi uma demanda há anos pedida pelos torcedores. Afinal de contas, são poucos estabelecimentos que vendem produtos oficiais do clube. Porém, depois da empolgação da inauguração, se parou com divulgação da loja. Vários torcedores já me perguntaram onde ela se encontra e os valores dos itens. Essas são informações importantes que não são divulgadas para os adeptos. Poderia se pensar em uma integração maior da loja com o clube, divulgação dos produtos nas redes e no estádio. Há um site da loja oficial. Porém, com alguns erros, como a diagramação das páginas, e links sem nenhum item, complicando a navegação do cliente. O pontapé inicial foi dado, mas é necessário uma melhora urgente. Pode-se pensar, ainda, em promoções para quem for ao estádio com a camisa do Tupi. Isso aumenta a identificação com a marca, e faz com que aquele que não for com a camisa ao Mário Helênio, tenha vontade de comprar, para ser mais um entre a multidão. Fora que, ao andar pelas ruas com a camisa, aumenta a exposição do clube, podendo fazer com que um transeunte tenha o interesse de saber a situação no campeonato e na temporada.

Nos últimos anos, cobramos muito a presença de um Departamento de Marketing forte, para divulgação da marca. Estamos caminhando. O primeiro passo foi dado, mas não se pode parar por aí. É sempre importante estar mapeando os erros e criando fórmulas para a melhoria dos problemas. Só assim poderemos ter o Tupi no lugar que desejamos.


Matheus Brum nascido e criado em Juiz de Fora, jornalista em formação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e desde criança, apaixonado pelo Flamengo e por esportes. Já foi estagiário na Rádio CBN Juiz de Fora. Atualmente é escritor do blog "Entre Ternos e Chuteiras"; colaborador da Web Rádio Nac, apresentando uma coluna de opinião diariamente; editor e apresentador do programa Mosaico, que vai ao ar semanalmente na TVE, canal 12, e é membro da Acesso Comunicação Júnior, Empresa Júnior da Faculdade de Comunicação da UFJF, trabalhando no Departamento de Projetos e no núcleo de Jornalismo.

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