Ceias de Final de Ano: atenção ao mito dos produtos mais saudáveis

Alimentação sem glúten,  sem lactose e açúcar é indicada para pessoas com intolerância, já para quem quer evitar o "quilinhos", a dica é dosar a quantidade

Mesa posta, casa cheia e enfeitada: dias de boas recordações! As festas de final de ano estão chegando, e com elas as Ceias que trazem alimentos típicos de Natal e Ano Novo, bem diferentes dos consumidos durante o ano. São carnes, farofas, arroz com passas e nozes, doces, tender, chocotone, entre outros. A vontade é de experimentar de tudo um pouco, não é? Mas, a consciência acaba pesando quando se pensa nas milhares de calorias dos deliciosos pratos.

Com este pensamento vem a vontade de adquirir alguns produtos que achamos menos calórico para compor as receitas, no entanto, a nutricionista Marileia Ragone, com especialização em nutrição clínica, esportiva e estética, alerta para os mitos de produtos sem glúten, lactose e zero açúcar que não representam, necessariamente, opções mais light.

Marileia explica que fazer dieta é excluir um tipo de componente do produto, diferente do conceito de reeducação alimentar como, por exemplo, restrição ao açúcar, que não quer dizer baixa caloria. Na mudança de hábitos alimentares come-se de tudo, mas na porção certa para cada objetivo. "Então, nem todos os produtos são bons para dietas restritivas de algum alimento e na reeducação alimentar tem que ter equilíbrio desses alimentos natalinos. O saudável em excesso pode se torna veneno", destaca.

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Os cereais são sempre bem-vindos por serem integrais, conforme a nutricionista explica. Ajudam na saciedade e melhoram a função intestinal, mas em excesso diminuem a absorção de nutrientes. Já o peixe tipo bacalhau é sempre uma boa opção, principalmente o de água salgada, por conter ômega 3. No entanto, tudo vai depender do tipo de preparação – frituras e empanados não são muito indicado.

As oleaginosas como as castanhas, nozes, amêndoas, amendoim são boas opções para tira gosto ou fazer parte da preparação de pratos, "mas cuidado, por que apesar de ser a gordura boa, ainda sim são calóricas", afirma. A técnica em nutrição Roselaine Beatriz, complementa que a castanha de caju é boa para o preparo de um arroz mais temperado e saladas, além da castanha do pará para o do molho 'pesto'. "Elas fazem bem para a saúde do coração, para o cérebro, e acrescentam um sabor a mais na receita".

Sem glúten e lactose

Marileia diz que produtos sem glúten e sem lactose como panetones, chocotones devem ser apenas para quem tem mesmo a patologia (doença), intolerância ou sensibilidade a um desses nutrientes. "O glúten e a lactose não têm calorias, por isso as pessoas se enganam achando que o emagrecimento vem com a retirada dos mesmos. Pura mídia. São caros, pouca durabilidade e pouco sabor. Produtos zero açúcar são também para pessoas com restrição a este tipo de ingrediente, mas nem por isso se tornam saudáveis, pois tira-se o açúcar e entra a gordura e o sódio".

As frutas secas como damascos, uva-passas, ameixa, figo turco, tâmara são excelentes para a saúde, mas na porção certa e na hora certa, e como todos os outros alimentos, também são calóricos, afirma a especialista.

Outra variedade para a sobremesa da Ceia são os doces caseiros, mais saudáveis se feitos com pouco açúcar, mas o ideal seria a fruta in natura. Ela explica que consumir arroz integral também é um mito quando visto como única forma de alimento saudável. Arroz cateto, por exemplo, é o branco polido, mas nem por isso é vilão. Ao comer uma salada crua antes ele automaticamente se tona integral. Mas, por quê? A salada possuí fibras, vitaminas e sais minerais que também estão mais presentes quando o arroz é integral, então se consumido arroz branco com um belo conjunto de folhas e verduras a ingestão dos nutrientes são os mesmos. "Além disso, devemos lembrar que a maioria dos integrais são mais calóricos".

Outro produto interessante é a alfarroba, uma vagem nordestina que imita o chocolate, mas deve ser usado para quem tem alergia ao chocolate ou intolerância ao glúten e lactose. "Enfim, o importante é que se coma com prazer, mas sem exageros".

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