Ser Mãe...
Olá internautas da ACESSA.com. Esta coluna estreia hoje e toda quarta-feira estarei aqui, com um assunto novo, para refletirmos juntos.
Então, por que falar sobre a maternidade?
Quando me olho no espelho e penso: "Sou Mãe", abrem-se tantos corredores paralelos decorados por sentimentos contraditórios e desoladores, amorosos e gratificantes, que estou certa não estar falando apenas de mim, mas sim, do coração de muitas Mães. Enfim, naquele ponto em comum, durante aquele olhar para dentro, somos humanamente semelhantes.
Uma vez que o "divino" acontece dentro de nós, como não falar da maternidade? O maior mistério da vida acontece através de nós, Mulheres, damos à luz a uma criança. Neste momento nasce um filho e uma mãe. Dois novos papéis diante da vida que estarão lado a lado se amando e se estranhando, se cuidando e se cobrando, se responsabilizando e se distanciando.
Porém, o que deveria ser possível dentro da minha maternidade, da sua, da vizinha, da amiga e de tantas outras mulheres - Mães, torna-se, muitas vezes, uma exigência. Quando parimos, o olhar alheio já nos coloca no papel da "super mãe da cartilha social". Socorro! Quem é esta mãe? Sem medo de errar, a Mãe Maravilha! A mãe que já nasceu pronta quando disseram a ela, ainda bebê, que era cor rosa, consequentemente, genitora. A mãe que já nasce com instinto de mãe! A mãe que tudo resolve, que tudo advinha, que para tudo tem uma resposta correta. Quantas idealizações criaram em torno deste termo tão pequeno, M Ã E.
Ser uma mãe não é automático, como apertar um botão, minha gente! Isso é reduzir todo um ser humano a uma "funcionalidade" coletiva esperada. É optar por "endeusar" uma "categoria" para que seja a principal responsável quando o "calo apertar", afinal, a culpabilidade tem que cair no colo de alguém!
Este novo papel precisa ser construído dia a dia dentro de nós. Nem todas as mulheres querem ou serão Mães, de onde se conclui que de "instintivo" há bem pouco. É na "labuta" diária, entre uma febre e um carinho que esta mulher – Mãe vai se percebendo e se mostrando para seu filho. É na fervura da raiva que esta mãe prova os seus limites, é através das infinitas noites em claro que ela entende a sua capacidade em se doar, é na ira da sua rigidez que ela enxerga o seu excesso, é na dificuldade em compartilhar que ela entende o seu egoísmo, é na urgência de trazer o que esquenta para dentro de casa que ela percebe a sua ausência, é na necessidade de se enxergar que ela prova a sua impaciência, é através das escolhas do filho que ela começa a se questionar sobre a frase poética "amor incondicional".
Enfim, é uma experiência tão singular para aceitarmos ser a mãe que os demais idealizam para nós.
Apenas queremos ser a "Mãe do nosso filho".
Diante desta transformadora realidade que acontece dentro de cada Mãe, como não falar sobre a maternidade?
Com gratidão e afeto,
Um cheiro de Mãe! Até a próxima semana
Raquel Marcato, mãe da Marta de 4 anos, blogueira do portal mamaesavessas.com, escritora, questionadora por essência, ativista pelo autoconhecimento e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Autônoma de Barcelona.
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