JF realiza eventos em comemoração ao Dia Internacional da Mulher

Distribuição de brindes e cartilhas, além de encenação teatral e coleta de assinaturas foram destaques do evento no Calçadão da Halfeld

Andréa Moreira
Repórter
8/3/2013

O Dia Internacional das Mulheres foi comemorado, em Juiz de Fora, com a união de várias entidades. No Calçadão da Halfeld, das 12h às 14h, a Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social  (Creas) Idoso/Mulher promoveram um evento em parceria com a rede de Enfrentamento à Violência Doméstica de Juiz de Fora (Redid/JF), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Mulher, a Polícia Militar e unidades do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), com o objetivo de combater a violência doméstica. "Para combater este crime brutal que atinge tantas e tantas mulheres no Brasil, sabemos que é necessária a formação de uma rede. Hoje, aqui, com a participação de tantas entidades, podemos ver que estamos cada vez mais fortalecidos. Mas também sabemos que ainda temos muito o que fazer. E a visibilidade destas entidades faz com que a sociedade conheça e enxergue estes órgãos. É uma das formas de combatermos a violência contra a mulher," explica a coordenadora do Creas Idoso Mulher, Arlene Motta.

A programação contou com a distribuição de rosas, mudas, cartilhas, além de vários abaixo-assinados, promovidos pelo Centro de Referência em Direitos Humanos de Juiz de Fora e Zona da Mata. "Estamos recolhendo assinaturas para tentar implantar alguns projetos e reabrir locais que amparam as mulheres, como a Casa Abrigo e o Centro de Referência para a Mulher," destaca a assistente social, Raphaela Receputi, afirmando, ainda, que um levantamento realizado pelo centro de referência constatou que cerca de 800 crianças necessitam de creche em Juiz de Fora. "Precisamos além de combater a violência, buscar políticas públicas que atendam ao público feminino, como a construção de creches, por exemplo."

O evento também teve a encenação da peça 5 vezes mulheres (vídeo acima), que mostra as conquistas das mulheres nas últimas cinco décadas, e foi encenada pelas integrantes do Centro de Convivência do Idoso.

Os homens que passaram pelo local também realizaram a sua homenagem às mulheres ao tirar uma foto com uma placa que dizia: Homem de verdade não bate em mulher. Entre eles, estava o funcionário público Benedito Teófilo dos Santos. "O homem moderno é aquele que respeita e valoriza a mulher. Temos que dar valores às mulheres, afinal se não fosse elas, nós não estaríamos aqui."

Para o psicólogo Paulo Miranda, que também foi prestigiar o evento, a violência contra a mulher se torna um círculo vicioso. "Quando um menino vê sua mãe apanhando, ele acha que é normal bater em mulher. Do outro lado, quando é a menina que presencia uma cena de violência, ela fica acuada, se sentindo inferior. Por isso, o combate a este crime brutal tem que começar pelos lares."

Dados

Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) revela que entre 1980 e 2010 mais de 91 mil mulheres foram assassinadas no Brasil. Somente na última década, houve um crescimento de 217%. Do total de vítimas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 68% foram agredidas dentro de casa. Outro dado alarmante ressalta que a cada cinco minutos uma mulher é agredida e a cada duas horas, uma é assassinada no país. Isso faz com que em um ranking de 87 países, o Brasil ocupe a 7ª posição. "Também descobrimos que 48% dos homens e 59% das mulheres não confiam na proteção jurídica. Dados que nos deixa preocupados. Por isso, um dos principais objetivos desse evento é divulgar a lei nº 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha. Pois o conhecimento é uma das maneiras que ajudam a eliminar a violência," destaca a secretária de Comunicação Social da Contee, Cristina Castro.

Uma das formas de divulgação foi elaborada pela OAB Mulher, com a distribuição de quatro mil cartilhas que tratam do combate à violência doméstica e familiar contra a mulher. "Dados revelam que 70% da violência contra a mulher acontece dentro das casas, um lugar criado para nos proteger," destaca a coordenadora da comissão da Mulher em Juiz de Fora, Júlia Carla Duarte.

A advogada ressalta também que, em média, 160 medidas protetivas são expedidas em Juiz de Fora por mês. Número que está mobilizando alguns órgãos do município para a implantação da Vara da Violência Doméstica na cidade. "Dia 25 deste mês, estamos com uma reunião agendada com o presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais para expor nossos números e solicitar esta implantação em Juiz de Fora," afirma Júlia.

Proteção

Em 2011, a Zona da Mata recebeu cinco patrulhas de Prevenção Ativa contra a Violência Doméstica, sendo que os municípios de Ubá, Muriaé e Leopoldina receberam um, cada, e Juiz de Fora conta com duas patrulhas. "Cada unidade conta com cinco policiais capacitados para atender a este tipo de violência. Não é só chegar ao local e fazer a ocorrência. Temos um treinamento qualificado para amparar a vítima, além de atuar e monitorar a situação posterior," revela a sargento Sandra de Oliveira Ramos.

Denúncia

De acordo com o sargento da Polícia Militar (PM), Alberto Carlos da Silva, o combate à violência doméstica deve contar com a colaboração de todas as pessoas. "Não é só a mulher que deve denunciar alguma agressão. O vizinho, amigo ou parente também pode ligar para a polícia e informar os casos de violência", afirma o sargento, lembrado que a denúncia é totalmente anônima. "Quem quiser passar alguma informação, deve ligar para o 190 ou 180."

O Creas Idoso Mulher também possui o telefone 0800-283-7991 para a realização de denúncias. "A violência física é apenas uma das sofridas pelas mulheres. Mas também existe a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral. Qualquer uma delas deve ser denunciada e no Creas a mulher vai encontrar desde um atendimento psicológico, passando por orientações jurídicas até um possível encaminhamento para rede de serviços de proteção," ressalta a Coordenadora do Creas Idoso Mulher, Arlene Motta.

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