Delegada Sheila Pedrosa: olhar atento sobre as investigações
Recém-empossada titular da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, a delegada traça novas ações para tornar mais eficiente o trabalho da instituição em JF
Repórter
7/12/2013
Desenvolver um olhar mais atento sobre os trabalhos de investigação e fortalecer parcerias com outras instituições. À frente da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil (PC) de Juiz de Fora desde novembro, a delegada Sheila Aparecida Pedrosa Melo Oliveira (foto ao lado), traça novas formas de gestão para garantir o sucesso das operações, na regional que abrange 23 cidades das comarcas de Juiz de Fora, Mar de Espanha, Bicas, Matias Barbosa, Lima Duarte, São João Nepomuceno e Rio Preto.
Seus primeiros passos foram criar a Coordenadoria de Operações Policiais de Inteligência (COPI), avançando nas ações de inteligência, e propor a junção das delegacias Antidrogas e de Homicídios. Além disso, tem estimulado a implantação da Delegacia Antirroubos e buscado fortalecer os laços com a Polícia Militar (PM) e a Polícia Federal (PF). Pretende criar também, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora e a Câmara Municipal, um núcleo de atenção à pessoa idosa e grupos que sofrem preconceito, desenvolvendo projetos de atenção social, para além do combate aos crimes.
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Desafios
Sheila considera o cargo de delegada regional um desafio prazeroso. "É um trabalho que você nunca sabe o que vai acontecer. Você se programa, mas um dia nunca é igual ao outro. A gente está sempre resolvendo o que é mais urgente, mas tudo é muito diversificado. Do serviço ostensivo à realização de operações, passando pelas atividades da Delegacia de Trânsito, como habilitação, banca examinadora, autoescolas e remoção de veículos. Temos cadeias em algumas comarcas, temos que garantir infraestrutura, alimentação aos presidiários. É muita coisa ao mesmo tempo. Você tem que ser uma pessoa dinâmica, tem que estar o tempo todo ligado", descreve.
Uma das partes mais envolventes do trabalho, de acordo com a delegada, é o relacionamento interpessoal. "Trabalho com policiais, pessoas de personalidade forte, que para você lidar, num tipo de problema sério, por exemplo, tem que ter um jogo de cintura. Às vezes é necessário trocar de lugar, montar equipes. A equipe tem que estar entrosada para o serviço fluir", explica.
A nova delegada reconhece a boa recepção que teve por parte dos colegas ao assumir o cargo. "Nunca sofri preconceito. Eu tenho a impressão que se eu tivesse chegado de um outro lugar, se as pessoas não me conhecessem, muitos iriam me julgar: 'só tem sete anos na carreira policial e já vem como delegada', eu teria sentido rejeição. Mas pelo fato de já estar aqui anteriormente e o pessoal conhecer o meu trabalho, todo mundo me apoia e aceita o que eu falo", destaca.
A carreira e admiração pelo ofício
Sheila nasceu em Presidente Prudente (SP) em 12 de outubro de 1978. Formou-se em Direito pelo Instituto Toledo de Ensino, em janeiro de 2001, no mesmo dia em que tomou posse como investigadora da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Por cinco anos, atuou em investigações na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense.
Entrou para a Polícia Civil de Minas Gerais em julho de 2006. A primeira lotação foi na Delegacia de Furtos e Roubos de Ubá (MG), onde permaneceu até novembro de 2009. Foi transferida para Juiz de Fora e até 2013 assumiu as delegacias de Plantão, a 4ª Delegacia, na Zona Nordeste, a 3ª delegacia, na Zona Norte, o Núcleo de Ações Operacionais (Naop) da Delegacia Regional e a Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), respondendo pelo trânsito e habilitação até outubro deste ano.
"Gostava muito do trabalho policial e durante a faculdade eu já sabia o que queria ser. Meu marido era delegado em São Paulo e eu admirava o trabalho dele. Prestei o concurso no Rio, passei, e ele continuou em São Paulo. Um tempo depois, ele se tornou delegado no Rio, mas o grande sonho dele era ser magistrado. E ele passou num concurso em Minas. Prestei concurso para cá e já entrei como delegada", relembra.
Sua paixão pela PC e as atividades de investigação são visíveis. Entre as operações que mais marcaram a sua carreira, está a prisão de 12 estelionatários em agosto de 2012, em Juiz de Fora. "Eles vendiam edredons e panelas, geralmente para pessoas mais simples. Passavam o cartão e estouravam todo o limite de crédito das pessoas. A operação envolveu muitos policiais, fizemos um levantamento antes e depois da prisão. Foram centenas de vítimas ouvidas, precisamos cruzar dados de bancos, cartões de crédito, para tentar solucionar o problema dessas pessoas. Tivemos que cancelar todas as compras. Foi muito satisfatório perceber a satisfação das vítimas", conta.
Sheila admira a instituição pela forma como vem se adaptando às novas tecnologias, destaca que ainda é preciso investir na infraestrutura das delegacias e promover a capacitação dos policiais. "A Polícia Civil tem evoluído bastante com a questão da informatização. Temos implantado a filosofia de polícia comunitária, policial cidadão, da aproximação com a sociedade, modificando os modos de investigação. O efetivo ainda não é suficiente, mas eu acho que com o número que a gente tem, temos conseguido fazer além da nossa capacidade. Admiro muitos policiais que se desdobram, gostam muito da instituição, vestem a camisa. Eles tem paixão pelo que fazem."
A vida fora da polícia
Mãe de quatro filhos, sendo um de seis anos e trigêmeos de quatro anos, Sheila tenta conciliar o trabalho com o cuidado com sua família. "Atualmente, eu não tenho muito tempo. Então, o que mais gosto de fazer nas horas vagas é sair com meu marido durante a semana para conversar, além de fazer exercício e brincar com meus filhos. Procuro executar tudo de uma forma mais prática possível, não fico inventando viagens, isso causa muito transtorno. Sair com quatro crianças é muito difícil. Tem que ter consciência que sua realidade é aquela e se enquadrar", determina.
Seu engajamento e o comprometimento com a vida de investigadora sempre foram apoiados pelos pais, mas eles nunca descartaram o receio com os perigos da atividade. "Meus pais eram comerciantes, sempre se mostraram a favor do meu trabalho. Ficam receosos. Dizem sempre para eu ter cuidado. Evito contar muita coisa que ocorre (risos). Às vezes quando veem na televisão alguma coisa, minha mãe fica com muito medo e me liga. Na verdade, eles não têm ideia de muita coisa que acontece", brinca.
Dedica-se constantemente à aprender mais sobre sobre Direito e a parte jurídica. Sobre os sonhos para a sua vida, a delegada diz já ter atingido o seu desejo. "O meu grande sonho era ser delegada regional. Claro que há outros patamares da carreira, mas não ambiciono. Para mim, já estou muito satisfeita", revela.
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