A feminina protege ainda mais, porque envolve todo órgão genital da mulher, diminuindo contato pélvico com o parceiro
Sílvia Zoche
Repórter
10/02/2006
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Camisinha. Muitos já ouviram falar, sabem da sua importância, mas na hora "H" não usam. E com a camisinha feminina já no mercado, não se pode alegar que o parceiro não quis. Vergonha de comprar também não é desculpa. Hoje em dia, vergonha é não usar.
Algumas mulheres que tomam anticoncepcional acreditam que não há necessidade de preservativo, mas esquecem da importância de se proteger contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), inclusive a AIDS. Por isso, o preservativo deve ser colocado antes do primeiro contato, para não haver troca de secreções.
E para quem ainda tem dúvida se o líquido liberado pelo pênis antes da ejaculação pode engravidar, a resposta é sim. "Este líquido pode conter algum espermatozóide e pode acontecer da mulher ficar grávida", alerta a ginecologista Martha Cotta.
A enfermeira do Instituto de Saúde da Mulher, do SUS, Neide Aparecida Domingos Cugola diz que a camisinha feminina protege ainda mais. "Como a feminina cobre a vagina por fora, não há contato com a bolsa escrotal, local onde existe também o vírus HPV", explica.
Mas isso não significa que a masculina não tenha proteção elevada. Inclusive, é a mais usada. "Aqui no Saúde da Mulher tem quatro anos que recebemos as camisinhas femininas, mas há um ano as mulheres começaram a usar mais", diz a enfermeira Maria do Carmo Rezende", responsável administrativa do Saúde da Mulher.
A colocação da camisinha masculina deve ser somente quando o pênis estiver ereto, já a feminina pode ser colocada antes da relação iniciar.
Se o preservativo estourar, por exemplo, a recomendação é lavar-se imediatamente e tomar a pílula do dia seguinte, pra não engravidar. "Em casos de violência sexual, a mulher deve procurar um médico imediatamente, para que ele aplique métodos anti-virais, contra doenças como a AIDS e hepatite", recomenda a ginecologista (foto acima).
Neide lembra que é importante observar se as camisinhas estão longe do sol nas bancadas das farmácias. "Com o calor, os poros dilatam e abrem passagem para DSTs e gravidez". Em casa, guarde-as em um local arejado e seco, sem calor. E nada de guardá-las na carteira de dinheiro, porque há perigo de dilatação. Não esqueça de verificar a validade da camisinha e se possui selo do InMetro. E já existem camisinhas masculinas pra quem é alérgico ao látex.
Para o sexo oral, Martha fala sobre um filme plástico vendido especialmente para prática. "Quem prefirir usar o preservativo, é bom lembrar de trocá-lo antes de fazer a penetração, porque os dentes podem rasgar o látex", diz.
Um engano que certas pessoas cometem é achar que duas camisinhas podem ser colocadas ao mesmo tempo. E que isso vai garantir maior proteção. "Nossa. Está erradíssimo. O risco de romper é muito maior", diz a ginecologista.
Mesmo as pessoas casadas devem usar o preservativo se acharem necessário. Para Martha, a mulher tem que ser independente e confiante para propor o uso da camisinha.
"Normalmente, elas ficam constrangidas em pedir ao marido, porque é como se elas estivessem questionando a fidelidade. Existem maridos que desconfiam das mulheres. Mas tem que conversar e se assegurar contra doenças. Tem mulher que diz ao marido que não quer engravidar, e nem tomar remédio e pede pra usar a camisinha. É uma forma de não causar problemas", conta Martha.
Palestras
A ginecologista diz que, em seu consultório e no posto de saúde em que atende, o interesse pelo uso da camisinha feminina aumentou. "Explico como colocar e aconselho também a freqüentar palestras para aprender".
Nas Unidades Básicas de Saúde, assim como no Saúde da Mulher, existem grupos de estudo de métodos contraceptivos. "Aqui temos três encontros. Mulheres e homens participam do Grupo de Direitos Reprodutivos. Depois de fazerem parte do grupo, eles escolhem o método que vão utilizar. Se quiserem camisinha, terão a direito a doze delas: feminina ou masculina", diz Maria do Carmo.
Qualquer pessoa pode participar do grupo, "independente de classe social", diz a enfermeira. "Normalmente, são dois encontros, mas aqui no Saúde da Mulher, as pessoas nos solicitaram três".
Primeiro, homens e mulheres aprendem a fisiologia do corpo, inclusive com modelos pélvicos para que aprendam a manipular a camisinha. Depois, quais as opções de métodos contraceptivos e, por último, há um trabalho específico sobre a contracepção escolhida.
Colocação da camisinha feminina | Camisinha feminina já colocada |
"A função das oficinas transcende o planejamento familiar. Tem mulher que ainda acha que é perda de tempo participar de três encontros. Mas ela tem que se conhecer pra ser uma mulher saudável, além de multiplicar as ações de promoção à saúde, informando às amigas e filhas. A mulher tem direito ao contraceptivo, mas tem o dever de promoção à saúde", enfatiza Maria do Carmo.
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