Madura maturidade
É chegado o tempo do descanso. Quem cultivou o desejo de viver em paz, pode agora colher os trigos dourados, cor de sol, que faz lembrar amor.
Tá na hora de descansar. Quem andou pela vida com passos desejosos de acertar na mira do bem, pode agora avistar bem perto, o horizonte verdinho, as vezes com luz, às vezes com nuvens, que faz pensar o quanto a jornada foi boa.
O descanso é merecido e quem definiu bem sua postura na vida deseja de verdade ver tudo mais calmo, sem atropelos. Deseja usar sua experiência para se poupar de tanto o que fazer.
As vezes a gente ganha, outras a gente perde. Será mesmo? Que tal encontrarmos aqui um conceito razoável e humano que de sentido a esta afirmação? O que é ganhar e o que é perder em uma relação de amor?
O que define felicidade neste caso?
É muito pessoal. Há quem goste até de mal tratos. Amor de homem e mulher não requer explicação. Não cabe definição, não ocupa um espaço de regras como pensa quase toda humanidade. Amor de homem e mulher atende a um chamado não reconhecido convencionalmente, um amor desses, de verdade tem códigos próprios de uma lógica muito longe de qualquer justificação.
E é quem vive ou já viveu plenamente desse tipo de amor, que tem o corpo e a alma abastecidos dele, que entende o valor do sossego na plenitude da vida.
Na maturidade, tanto faz viver em presente com ele, ou tê-lo forte, guardado no peito e nas melhores lembranças, desde que ao senti-lo se sinta junto um pouco de paz, que venha aí um sorriso brando no rosto ou uma lágrima doce que molha a pele e traz junto com ela lembranças de momentos difíceis de serem contados.
Descrever o que é amor? Descrever o que seja paz? Explicar um sorriso que nasce do nada? Justificar a lagrima que rola do olhar que brilha ao ver perto ou longe o que amor a qualquer tempo faz sentir?
Nesse tempo de madureza, nasce uma beleza própria e definitiva, desprendida de conceitos mundanos que faz com que pessoas e casais sintam de forma intensa a grandeza do inominável denominado de amor.
Não se atrevam julgar os mais moços o que pode viver de pleno e lindo e intenso o casal ou a pessoa que aprendeu na pele – e é apenas nela que se aprende a lição – o que sábios e filósofos de todas as eras tentam explicar em vão.
Amor não tem explicação. Não se perde ou se ganha, então. Não se joga, de jeito nenhum.
Jussara Hadadd é filósofa clínica, psicoterapeuta, especialista em sexualidade feminina, escritora, palestrante.
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