Fernando Agra Fernando Agra 12/11/2013

Pequenas economias. Grandes quantias!

 

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, João 8:32.

Libertará da ignorância.


Economizar dinheiroPrezado(a) leitor(a), você já parou para pensar nas pequenas economias que você pode fazer cotidianamente e o quanto a mesma encheria o seu bolso ao longo de um mês ou de um ano?

Vamos assumir uma pessoa que ganha cerca de 2 salários mínimos por mês, o que equivale a R$ 1.356,00 mensais. Suponha que esta pessoa, em suas idas ao supermercado, costuma não exigir o troco correto quando o mesmo é de apenas 2 centavos por dia. Isso equivale a 14 centavos por semana; 30 centavos num mês, o que perfaz uma quantia de R$ 3,60 por ano. Vale lembrar que, de acordo com a lei, o supermercado, caso não possua 2 centavos, ele tem que dar o troco a maior, ou seja, no mínimo 5 centavos. Imagine se contarmos quantos caixas têm o seu supermercado preferido, bem como quantas pessoas não exigem o troco correto ao longo de um dia, de um mês e de um ano. É um dinheiro que o estabelecimento comercial embolsa e não é tributado (isso pode ser considerado o famoso "caixa 2").

Mas vamos continuar: suponha que a pessoa do exemplo acima gasta R$ 100,00 por quinzena no seu lazer em um restaurante ou mesmo um bar. E aí quando a conta é cobrada, junto com ela vem a cobrança da taxa de serviço do garçom de 10% (de acordo com a lei, não somos obrigados a pagar essa taxa). Isso equivale a R$ 10,00 por quinzena, o que dá R$ 20,00 por mês e chega a R$ 240,00 por ano. Lembro também que é um dinheiro não tributado (novamente "caixa 2") e não temos a garantia de que o garçom e sua equipe recebem integralmente esse valor. Eu sempre digo nas minhas aulas de Introdução à Economia, que nos preços das mercadorias já devem estar embutidas as remunerações dos fatores de produção, dentre eles, o da mão de obra. Se o patrão quiser pagar por produtividade, ele já deve incluir isso no preço final do bem ou serviço (e de fato, o mesmo já inclui). E eu ainda ressalto: não há, na economia brasileira atual, nenhuma aplicação financeira que renda 10% ao ano (a SELIC atual é de 9,5% ao ano). Infelizmente, alguns restaurantes não respeitam a lei e deixam o cliente constrangido na hora de pagar a conta, de tal modo que ele fique envergonhado de não pagar os 10%. Eu faço mais uma indagação: você ganha 10% a mais no seu salário quando atende bem o seu cliente?

Vamos continuar a nossa simulação financeira: você pede desconto quando compra à vista e paga em dinheiro? Você já notou que nas compras pela internet o desconto chega a 12% quando você paga no boleto ao invés de pagar no cartão de crédito? No comércio percebo um desconto médio de 5% quando pagamos em dinheiro. Suponha que a pessoa do início do texto peça sempre desconto ao pagar em dinheiro e ela consuma cerca de R$ 300,00 por mês em estabelecimentos que concedem 5% para esse tipo de pagamento. Isso equivale a R$ 15,00 por mês, o que corresponde a R$ 180,00 por ano.

Outro dia eu estava a conversar com um funcionário da área de lazer de um grande shopping center daqui de Juiz de Fora. Ele me disse que gasta cerca de R$ 65,00 por mês com tarifas de manutenção de contas correntes e anuidades (pagos um doze avos por mês) de seus cartões de crédito. Isso equivale a quase 10% do salário que ele me disse que ganhava. Confesso que fiquei bastante assustado com isso e disse a essa pessoa que existe a Conta Salário e a Conta de Serviços Essenciais, que são gratuitas e que ele também pode negociar com a administradora dos cartões de crédito (ele possuía vários) para conseguir isenção na anuidade. Ele me afirmou que o banco disse que ele teria que ter uma conta corrente "melhorzinha" (com uma mensalidade mais cara) caso ele quisesse tomar um empréstimo futuramente. Vejam isso! Que absurdo! E ele ainda teve a coragem de me perguntar quanto que eu pagava de juros quando eu não conseguia honrar a fatura do cartão de crédito total e em dia. Eu disse a ele que sempre pago minha fatura total e em dia e que ele fique atento ao quanto pagava de juros. Ele me disse que era 12% ao mês. Eu fiz o cálculo e mostrei que ele pagava 289,60% ao ano de juros. Ainda fiz o cálculo e mostrei que os gastos dele com as tarifas supracitadas equivaliam a R$ 780,00 por ano. Se tomarmos como exemplo a pessoa da situação inicial, R$ 65,00 por mês equivale 4,79% da sua renda bruta (quase 9 meses de rendimento da caderneta de poupança).

E tem mais, suponha que a mesma pessoa do início do parágrafo paga um seguro mensal do seu cartão bancário, no valor de R$ 5,98. Caso essa pessoa perca esse cartão ou o mesmo seja furtado (ou roubado) e alguém o utilize indevidamente, o banco arcará com essas despesas. Se essa pessoa tomar os devidos cuidados, a probabilidade de uma infelicidade dessa acontecer diminui consideravelmente. Assim, ela economizará R$ 71,76 por ano com essa despesa desnecessária.

Agora vamos somar toda essa simulação feita ao longo deste artigo e você verá que economizará R$ 106,28 por mês, o que corresponde a 7,84% do salário bruto por mês (isso é um rendimento de 1 ano e 2 meses aplicados numa caderneta de poupança). Caso essa pessoa exija o troco correto, não pague os 10% da taxa de serviço do garçom, peça desconto quando pagar em dinheiro, mude a sua conta para uma modalidade gratuita, obtenha cartões de crédito que não cobram anuidade e cancelem qualquer tipo de serviço bancário desnecessário, a mesma economizará e terá em seu bolso o equivalente a R$ 1.275,36 anualmente. Isso se o dinheiro ficar parado em casa num cofrinho. Mas se essa economia for aplicada mensalmente numa poupança que rende em média 0,56% ao mês, o montante acumulado em um ano subirá para R$ 1.315,38. Caro leitor, se você voltar ao primeiro parágrafo, verá que esse valor é quase o salário bruto mensal da pessoa exemplificada.

Prezado leitor, adote essas práticas saudáveis citadas acima. Valorize seu dinheiro! Não deixe que a inversão de valores (pois há quem acha que pedir 2 centavos de troco e não pagar os 10% da taxa de serviço do garçom é errado e o contrário é que é o certo) tome conta das suas decisões. No final das contas, você terá quase um 14º salário a mais no bolso para atender seus desejos. E aí eu pergunto: o que você fará com R$ 1.315,38 a mais no seu bolso nesse final de ano? Eu já sei o que vou fazer com esse dinheiro a mais que tenho na carteira. Obs. Se você recebe um salário distinto do citado acima e seus hábitos são diferentes dos exemplificados, basta fazer um cálculo com os seus valores e vai saber o quanto terá a mais para gastar nessas festas de fim de ano e nas suas férias. Isso se chama Inteligência Financeira. No final das contas, percebemos que as pequenas economias, quando anualizadas, tornam-se grandes quantias.

 

Quadro 1: INTELIGÊNCIA FINANCEIRA EM PRÁTICAAO MÊSAO ANO
Economia ao exigir o troco correto R$ 0,30 R$ 3,60
Economia ao não pagar 10% de taxa de serviço do garçom R$ 20,00 R$ 240,00
Economia ao pedir desconto nas compras em dinheiro R$ 15,00 R$ 180,00
Economia ao ter contas bancárias e cartões de créditos que não cobram mensalidades R$ 65,00 R$ 780,00
Economia ao eliminar qualquer serviço bancário desnecessário R$ 5,98 R$ 71,76
Total R$ 106,28 R$ 1275,36
Total (considere que o dinheiro seja aplicado numa caderneta de poupança com 0,56% de rendimento médio mensal) ------ R$ 1315,36

Gráfico

Gráfico

Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor Universitário das Faculdades Universo e Estácio de Sá, professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. Saiba mais clicando aqui.

Fernando Antônio Agra Santos é Economista pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Professor Universitário das Faculdades Universo e Estácio de Sá, professor licenciado da Fundação Educacional Machado Sobrinho, todas as instituições em Juiz de Fora - MG. O autor ministra palestras, para empresas, na área de Inteligência Financeira, Gestão de Pessoas, Relacionamento Interpessoal, Marketing Pessoal e Gestão do Tempo. É autor do livro "Crédito Rural e Produtividade na Economia Alagoana" pela EDUFAL. Saiba mais clicando aqui.

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