Competência Humana e Trabalho
A ação do tempo cronológico sobre as atividades humanas e suas mudanças é algo que pode ser observado cientificamente, mas também verificamos que uma autêntica observação - com o pensamento "criterioso e sentimento adequado" - também pode gerar novos conhecimentos, novas práticas e novos desafios. Sim, "conhecimento" é a palavra chave para começarmos a compreender a dinâmica daquilo que chamamos de "competências" no âmbito de uma organização do trabalho.
Frente às transformações do ambiente do trabalho - não só do ambiente, mas também as transformações que ocorrem no interior do ser humano - o pensamento é a base do conhecimento: a partir do próprio movimento da vida, por parte de diversos profissionais, existe sempre um esforço, ou tentativas, de identificar modelos de gestão mais eficazes e o "conhecimento" (pensamentos) destes profissionais desempenha um importante papel nas descobertas daquilo que está envolvendo o termo "competência" dentro de uma organização.
Para começarmos a entender o que são competências é importante, sempre, ter em mente o caráter de "totalidade" e o caráter de "mudanças" que estão presentes no ambiente do trabalho. Portanto, uma aproximação inicial pode ser de grande utilidade quando levamos em consideração de as "competências" dentro do organismo do trabalho também se encontrarem em constante "movimento", ou seja, são passíveis de transformação. Daí, a multiplicidade dos pensamentos humanos produzirem uma gama enorme de definições do que seja "competência".
Sabemos que os modelos de gestão mais eficazes buscam direcionar esforços no desenvolvimento destas competências fundamentais, raras, valiosas e que geram "vantagem competitiva". Assim, verificamos que os fatores fundamentais que influem na diferenciação dos produtos e serviços oferecidos por uma empresa, dentro do ambiente econômico, ou seja, a 'vantagem competitiva' é 'uma visão' apropriada por alguns profissionais que se liga à definição de "competência". Para se ter uma idéia, em outros tempos, outra visão, competência significava a faculdade atribuída a alguém ou a uma instituição de apreciar e de julgar determinadas questões específicas. Hoje verificamos que a competência (Gilbert) pode ser "expressa em função do desempenho ou do comportamento da pessoa no trabalho". Muitas outras definições de competência poderíamos citar. Por hora, para realizarmos um pequeno comparativo com os pressupostos psicológicos é suficiente. Também é importante deixar claro que mesmo a "visão" de que a 'vantagem competitiva' esteja ligada à definição de competência no trabalho não conclui a questão. Grandes teóricos são capazes de novas pesquisas e novas formulações. Eis aí o caráter dinâmico, indiscutível da vivência humana.
Entendemos que a dimensão do comportamento da pessoa no trabalho, psicologicamente falando, nunca estará totalmente ligada aos movimentos externos que ocorrem no ambiente do trabalho. Existem dimensões internas (psicológicas) que, de igual forma, pressionam os movimentos externos (comportamentos das pessoas no trabalho) e com eles interagem. Um Gestor poderia dizer que os fatores externos, tais como boa tecnologia, ergonomia, acesso ao local de trabalho, etc., seria suficiente para obter uma 'satisfação no trabalho'. De igual forma um Psicólogo poderia afirmar que os fatores internos, tais como traumas de infância, estrutura psicológica, etc., são elementos que determinam a conduta ("competência") das pessoas no trabalho.
Quem estaria com a razão? o gestor, o médico ou o psicólogo? Este segundo, hoje, é aquele quem decide? Inicialmente queremos lembrar que pode existir sempre a possibilidade de uma 'outra visão' ocorrer e é este caráter de possibilidade que nos dá uma chave para entender a dinâmica das competências no trabalho: o homem é um ser complexo e as diversas 'visões' e 'aplicações' são sempre bem vindas para a busca de melhorias e desempenhos em todos os sentidos. A partir deste pensamento, não estamos admitindo a possibilidade de "fechamento" de uma definição para "competências" no ambiente de trabalho. No entanto, se a nós ocorresse uma pergunta: qual a definição de "competência" no trabalho, proporíamos um desafio. As "competências" no trabalho podem ser divididas em "competências organizacionais" e "competências humanas". Aquelas, aos gestores cabe o tratamento. Estas duas competências não são de caráter privativo do médico, do psicólogo, do sociólogo ou de qualquer outro profissional. "Competências humanas" não são 'conhecimentos', 'habilidades' ou 'atitudes' das pessoas, embora possam ser instrumentalizadas por estes elementos. Assim, identificamos (descrevemos) a "competência humana" como algo que está diretamente ligado à capacidade de extrair do supra-sensível (Rudolf Steiner) aquilo que, embora possa ser medido por instrumentos, jamais poderá ser validado por balanças fabricadas pela mente humana puramente de 'visão' cartesiana.
Deixe-nos saber o que ocorre no pensamento de um trabalhador e daí podemos, com habilidade suficiente, extrair os seus sentimentos e os seus movimentos dentro deste ambiente do trabalho. Buscar novas definições de "competências" no trabalho ou novas "competências" individuais não é querer mudar aquilo que de alguma forma promove a harmonia dentro do ambiente organizacional. É atender ao caráter de "totalidade" e ao caráter de "mudanças constantes" que existiu e existirá sempre dentro do organismo integrado do trabalho. É por isto que os 'pensamentos' dos profissionais ligados ao âmbito da organização devem possuir o "critério e o sentimento" adequados à pesquisa.
Contudo, "competências humanas", embora possam ser representadas por diversos conceitos perceptíveis para todo ser humano, tais como "conhecimento", "habilidades" e "atitudes", ela é algo que vai além daquilo que o homem é capaz de definir. Assim, entendemos que "as competências humanas no trabalho são forças naturais do homem, que promovem o equilíbrio dentro da organização e estão representadas por aquilo que chamamos: o correto pensar, o correto sentir e o correto agir". Se preferir, são instrumentalizadas pelo "conhecimento", pela "habilidade" e pelas "atitudes".
André Salles é Bacharel em Psicologia pelo CES/PUC-MINAS, Pós-Graduado Latu-Sensu em Psicologia Fenomenológico-Existencial pela PUC-MINAS, Mestrado em área de Concentração Filosófica pela UFJF, Formação em Docência pelo DETRAN-MG, Educador em disciplinas de Psicologia e Filosofia na Faculdade Sudeste de Minas – FACSUM - 2004/2008, Assessor em Psicologia e Gestão de Pessoas junto ao Instituto Joaquim Soares de Oliveira (Santos Dumont-MG), Cargo Público do Governo Federal, onde atua em serviços na área Operacional de Gestão de Pessoas, Filiado à Associação Brasileira de Psicólogos Antroposóficos, Em Formação Antroposófica e Educação Waldorf – Foundation Courses and Waldorf Certificate Program - Sophia Institute – US.
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