Aumento do custo da balada pesa no bolso dos juiz-foranosNos últimos doze meses, inflação da "night" subiu mais que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), registrando aumento real
Repórter
11/10/2011
Juiz-foranos que costumam curtir baladas vêm notando um aumento nos preços praticados nas casas noturnas da cidade. A alta não está sendo percebida apenas no valor cobrado pela entrada, mas também no preço das bebidas e das porções.
"Nunca parei para pensar no quanto gasto nas baladas no período de um mês, até para não me assustar com o valor. Mas é certo que, em cada noite, o custo fica entre R$ 70* e R$ 80*", declara o técnico em informática, Eduardo Oliveira. Segundo ele, o aumento nos preços praticados pelas casas noturnas vem sendo percebido há algum tempo. "Isso acabou fazendo com que eu e meus amigos mudássemos nossos hábitos. Adotamos a concentração pré-balada, em que bebemos e pagamos mais em conta. Isso faz com que nosso gasto fique menor."
Quem também costuma participar do "esquenta" com os amigos é a estudante de Direito, Ariella Pereira. "Venho percebendo o aumento crescente no valor cobrado pela entrada e também pelas bebidas. Com isso, sempre nos reunimos em um bar antes de partimos para a balada. Por lá, o combo de algumas bebidas, como no caso da vodka, por exemplo, sai a R$ 30*, servindo várias pessoas. Se comprássemos uma dose da mesma bebida, o produto saíra a R$ 10*, para uma só pessoa." Os preços aos quais se refere Ariella são os praticados no bar, visto que, em casas noturnas, uma dose de vodka, por exemplo, sai, em média, por R$ 12*.
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A explicação para o aumento dos preços está, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada em setembro, no fato de as despesas com a balada terem ficado acima da inflação, equivalente a 7,10%, no período referente aos últimos doze meses. Segundo as informações da FGV, a inflação da "night" subiu mais que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), registrando aumento real. O IPC mede a variação de preços de produtos consumidos por famílias com renda entre um e 33 salários mínimos.
No mesmo período de doze meses, 17 itens relacionados aos gastos com passeios noturnos encareceram 7,91%. A pesquisa aponta, por exemplo, alta em serviços como show musical (13,09%), teatro (11,61%), além de bares e lanchonetes (9,35%). "O fato pode ser explicado devido ao aumento no volume de salários injetados na economia, o que garante fôlego extra no caso do consumo de serviços", explica o economista Ricardo Amorim.
Consumação
Para Oliveira, o fato de algumas casas noturnas converterem o valor da entrada em consumação não é tão vantajoso quanto parece. "Muitas vezes eles fazem isso e jogam o preço lá para o alto. Com isso, não conseguimos economizar, ainda se optarmos por não beber tanto." Para ele, o fato de uma casa noturna converter em consumação apenas metade do preço cobrado durante a entrada também não é tão vantajoso como parece. "Dá uma sensação de gastar menos, mas não. Pagamos a entrada, pagamos por parte da consumação e, se formos consumir mais, ainda pagamos pelo que excedeu."
Pagar menos
Para o dentista Alexandre Bittencourt, os preços que vêm sendo praticado na noite juiz-forana estão acima de cidades maiores, como Rio de Janeiro e Uberlândia. "Vou muito ao Rio e percebo que os preços por lá não chegam a ser comparados com os cobrados em Juiz de Fora, que, aliás, não oferece bons serviços, o que não justifica os valores altos."
Para ele, uma opção para pagar preços mais em conta seria chegar mais cedo às casas noturnas, já que algumas condicionam o valor de entrada à hora em que o cliente chega. "Outra dica é aproveitar os descontos em sites de compras coletivas."
Além disso, segundo Bittencourt, na cidade, até mesmo os preços das bebidas são mais altos do que em outros centros. "Há pouco tempo estive em Uberlândia e consumi mais do que costumo consumir em Juiz de Fora. Minha conta ficou em R$ 135* enquanto, aqui em Juiz de Fora, pago R$ 180* por muito menos."
Assim como Oliveira e Ariella, para o dentista, a saída é combinar uma concentração com os amigos antes da balada. "Compramos bebida por um preço muito mais baixo e já chegamos na balada 'no clima', sem ser preciso gastar muito."
* Valores citados em outubro de 2011
Os textos são revisados por Thaísa Hosken