Empresas buscam novas formas de comunicação interna Dinâmicas variadas estão sendo utilizadas para melhorar o relacionamento entre patrões e empregados no século XXI
Repórter
14/07/2009
As empresas estão mais atentas a novas formas de comunicação que fujam do tradicional esquema palestra e informativos periódicos, em busca de melhores resultados. Segundo a psicóloga Elizabeth Soares, especialista em desenvolvimento de pessoas, o modelo tradicional de liderança apresenta sinais de falência.
"A gente percebe que aquele padrão de alguém que manda para o outro fazer o trabalho direito não está funcionando, porque os profissionais não aceitam mais esse tipo de liderança", diz.
Elizabeth explica que o profissional moderno está buscando se qualificar cada vez mais para alcançar melhores resultados em sua carreira e por isso recusam a repetição desses padrões. Eles procuram uma liderança que os faça sentir que estão crescendo dentro da empresa.
Nesse sentido, muitas são as alternativas criadas para introjetar conceitos nos colaboradores. As tradicionais palestras estão sendo substituídas por dinâmicas mais lúdicas, como gincanas e até o teatro. Uma casa de cultura de Juiz de Fora desenvolveu uma maneira lúdica e eficiente de trabalhar a busca por melhores resultados.
A diretora de produção do local, Cíntia Brugiolo, explica como funciona essa nova ferramenta de comunicação para as empresas. "O primeiro passo é um encontro com o dono da empresa para recolher o maior número de dados possível. Informações como objetivo, tema e público-alvo são levadas levadas em conta para criar o espetáculo adequado. A partir daí ou a gente usa alguns modelos que já temos ou criamos algo novo em cima do que nos foi passado. Depois é agendar uma data para irmos nos apresentar nas empresas com os adereços de cenário e figurinos para ambientar a peça, já que a apresentação normalmente acontece em galpões, refeitórios, grêmios etc."
A estratégia tem dado certo. Cíntia comenta que ao assistir a peça, o colaborador se identifica e apreende mais o conteúdo que foi apresentado. Ele consegue avaliar a própria realidade de um ponto de vista externo, conscientizando-se da necessidade de mudança.
Para Elizabeth, quando uma empresa opta por essas alternativas mais lúdicas, é preciso ter cautela para que o efeito não seja o contrário do esperado. "O objetivo da dinâmica tem que ficar muito claro para que seja visto por todos como uma ferramenta útil. Não pode ser visto como recreação para não gerar descaso ou ironia por parte daqueles funcionários que estejam mais focados na gestão", alerta.
Resultados
Cíntia comenta que ainda há uma certa resistência por parte das empresas em dar o primeiro passo. Mas uma vez rompida essa etapa, o resultado pode ser visto logo após a primeira apresentação.
"A repercussão é imediata. As pessoas repetem o que vêm na peça e acabam introjetando aquele conteúdo. Um vira lembrete do outro e todos saem ganhando." A diretora de produção relata que um estudo comprovou que, após uma palestra, apenas 23% da informação é retida. Quando um texto é entregue na hora da explanação, esse número sobe para 46%. Já os espetáculos teatrais permitem que o indivíduo absorva mais ou menos 70% do que acabou de ver.
Tanto para Cíntia como para Elizabeth, esse tipo de dinâmica empresarial de caráter mais lúdico só vem somar pontos para a empresa como um todo. "Os funcionários sentem que algo foi feito pensando neles e acabam se sentindo mais predispostos a corrigir as suas falhas e dar o seu melhor. É uma lição que dura mais tempo", acredita Cíntia.
Apesar de entender essa prática como uma ferramenta capaz de promover mudanças e gerar resultados positivos para as empresas, Elizabeth defende que essa ação seja complementada com as formas mais tradicionais, como banners, painéis adesivados, folhetos explicativos etc. "É comprovado que o brasileiro lê pouco, mas a empresa precisa colocar essa informação no papel para evitar problemas como boatos ou clima de insegurança".
A psicóloga orienta ainda que antes de escolher a melhor maneira de se comunicar com seus colaboradores, a empresa tem que reunir as pessoas de liderança e estabelecer conjuntamente a estratégia a ser usada para evitar diferenças no tratamento das equipes. "Essa é uma decisão que tem que partir da gerência e para chegar até ela é preciso observar o comportamento de cada equipe e avaliar o que funciona melhor em cada empresa".
Os textos são revisados por Madalena Fernandes
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