Ação consciente no trabalho

Nome do Colunista André Salles 13/04/2017
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Quando estamos trabalhando, tudo que chega ao nosso campo mental tem como origem as “vivências cotidianas”, “das ciências” e de nosso “mundo psicológico” [interior]. Nosso mundo interior é justamente as impressões que temos guardado destas “vivências cotidianas” e de nosso aprendizado “científico”. Hoje em dia a supremacia da verdade por meio do campo científico exerce uma pressão mundo grande sobre nossas “vivências cotidianas” e sobre aquilo que temos guardado em nossa mente como nosso “mundo psicológico”. Mas tenhamos bem claro que esta supremacia inclina, por uma série de motivos, mas não nos obriga. Somos livres para pensar e agir no mundo e no exercício do trabalho.

Somos livres para decidir, conscientemente, como vamos trabalhar, isto é, qual será a ação a ser executada no trabalho. É preciso sim, também, atender aos princípios científicos e metodológicos sem reconhecê-los como ‘verdade única’. Todas as possibilidades de criação e desenvolvimento podem ser contidas caso tenhamos esta visão unilateral. Então podemos realizar a integração destas três dimensões em constante desenvolvimento. Não há como isolar, em momentos distintos, nossas “vivências cotidianas”, o conhecimento científico e nosso “mundo psicológico” de nosso ser integral em ação no mundo. O “campo científico” não tem privilégio de supremacia sobre as demais dimensões do ser humano – pelo singelo motivo de que também está em constante desenvolvimento. Panta Rei! (Tudo Flui) já dizia Heráclito de Éfeso quando do surgimento da prevalência do conhecimento racional. Se tudo no mundo está em constante movimento, qual o motivo de não querermos mudanças em nosso ambiente de trabalho, especialmente quando vem de nosso superior hierárquico ou Gerência? Qual o motivo de relutarmos com as mudanças? Estamos iludidos de que a ‘não mudança’ (a mesma mesa, o mesmo computador, o mesmo serviço, o mesmo local, o mesmo chefe, etc.) se constitui em segurança? Como pensamos as mudanças no trabalho?

Precisamos desenvolver, no ambiente de trabalho, ações conscientes no sentido de conhecermos a nós mesmos e assim centralizar nossos esforços em integrar (adaptar) as dimensões do ser humano no contexto do trabalho sem, contudo, reagir às mudanças da mesma maneira que fazíamos anteriormente. Uma “nova maneira de pensar as mudanças” e como nós reagimos a elas é benéfico. É a ciência de “consciência” de minhas potencialidades profissionais. Podemos sim adquirir um pensar novo, um sentir novo. Podemos desenvolver uma ação nova, pois “não existe uma causa bem determinada, em virtude da qual se escolhe justamente uma ação entre várias outras possíveis” (David Friedrich Strauss: 'A velha e a nova fé'). Caso isto fosse um fato, não teríamos nossa personalidade, nosso “Eu” e nossas potencialidades. O nosso “modo automático” se assemelharia àquele automático dos animais: você passa em frente a uma casa e um cão late para você. No dia seguinte ele late novamente. No outro dia continua latindo... Falta a ele um “Eu”, “um pensar – um agir”. Perguntamos então: no ambiente de trabalho como isto se desenrola?

Nosso trabalho é o reflexo de nosso ser integral: “como pensamos nosso trabalho”. Como eu escolho reagir às mudanças no ambiente de trabalho reflete na execução de meu trabalho – reflete em meu bem-estar no trabalho. Eu tenho a possibilidade de escolher como agir no trabalho. Por isto afirmamos anteriormente a ajuda dos pressupostos científicos do Mindfulness, de um profissional da Psicologia e do treinamento de uma nova maneira de pensar para aumentar nossa ação consciente no trabalho, por mais precárias que pareçam. Quando indicamos pressupostos científicos e treinamentos não estamos formulando uma receita de “felicidade no trabalho” no sentido em que encontramos atualmente a definição de “felicidade”; mas, formulando possibilidades ao nosso alcance no sentido que aponta para uma “observação sem julgamentos” dos movimentos (fatos) que acontecem no ambiente do trabalho (“um pensamento com critério e sentimento adequado” – Rudolf Steiner). Estejamos certos, os fatos que acontecem no ambiente de trabalho não são “menos” e não são “mais” – também não nos perseguem... São fatos que se entretecem em nosso interior em relação ao mundo (neste caso: o do trabalho) e se não temos uma nova maneira de pensa-los vamos continuar trabalhando de maneira “automática” onde o sentido do trabalho se compara sim, ao de “infelicidade” que estamos habituados nos dias de hoje: depressão, ansiedade, pouco dinheiro, etc.


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