Quando sua droga é o outro
Muito falamos sobre as consequências nocivas para a saúde física e emocional da vida do usuário de drogas, o que pouco se discute é o adoecimento das pessoas envolvidas com um dependente químico, em especial familiares e amigos. Este é um assunto tão largo e corriqueiro que para esse grupo atribuímos uma nomenclatura: os chamamos de Codependentes.
Mas o que é a Codependência?
A Codependência se caracteriza por um distúrbio acompanhado de ansiedade, angústia e compulsão obsessiva em relação à vida do dependente químico, seu comportamento é muito parecido com o do dependente, mas sua droga é a necessidade do vínculo afetivo com o outro, e não a substância química psicoativa.
Embora o Codependente tenha real intenção de ajudar o dependente a parar de usar drogas, seus sentimentos de medo, vergonha e culpa, acabam gerando um jogo patológico que culmina na justificativa do uso de droga do dependente, (“eu uso porque tenho essa família”) e ao invés do familiar ser uma peça “estanque” da doença, acaba sendo a “desculpa” para o uso da droga, tudo que um Codependente quer, inconscientemente, é ser responsabilizado pelo problema e tudo o que o dependente quer é ter uma justificativa para usar droga (no caso, a família), pronto, está traçado um dos comportamentos que retroalimentam a doença dos dois.
É fundamental que o familiar do dependente identifique e aceite que existe uma relação doentia, esse é o primeiro passo para qualquer quebra de disfuncionalidade familiar.
Quando o familiar nega o problema, não consegue enxergar, e se não enxerga, o problema não existe, tornando-se muito difícil qualquer possibilidade de tratamento terapêutico. Por mais paradoxo que possa parecer é verdadeira a premissa “quando me aceito como sou, posso então mudar...”
É importante dizer que o familiar não é responsável nem pelo uso da droga nem pela abstinência do dependente, embora seja Corresponsável.
Entender o próprio papel na engrenagem da trama familiar permite que você seja o autor da própria história e não somente um administrador de problemas.
O Codependente precisa, para viver e deixar viver, entender os gatilhos emocionais que realimentam seu vício pelo outro e não o interesse por si mesmo.
Algumas características, que em respostas afirmativas, sugerem uma relação de Codependência
- Você se sente responsável pelos sentimentos, ações e escolhas da outra pessoa? Você sente ansiedade, pena e culpa quando o outro tem problemas?
- Você se sente forçado a ajudar aquela pessoa a resolver o problema?
- Tem raiva quando a sua ajuda não é suficiente?
- Envolve-se demais?
- Culpa os outros pela situação em que ele mesmo está?
- Acha que o outro o está levando à loucura?
- Sente que está sendo usado e não valorizado?
- Sente baixa auto estima na relação?
- Acha normal amor e sofrimento caminharem juntos?
- Terapia familiar (informativa e diretiva).
- Ambulatório familiar.
- Focalizar para mudar ações e comportamentos.
- Buscar auto conhecimento.
- Desenvolver os passos dos grupos de mútua ajuda Al-Anon e Nar-Anon da sua cidade.
Algumas alternativas de Tratamento Familiar (Codependente)
Cecília Sertã Junqueira Rodrigues é Terapeuta Conselheira em Dependência Química, presta consultoria para empresas e escolas e aconselhamentos individuais em clínica.
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