Autoamor
Baseados na ideia de que somos os maiores especialistas em nós mesmos e que ser amável é ter a capacidade de ser amado, vamos nos perguntar por que causamos a distorção da realidade a ponto de nos autodestruir?
Para construir o autoamor é preciso desconstruir, trocar o niilismo, que é o vazio, pelo nirvana, que é a aceitação do vazio – uma questão de identidade. Normalmente, buscamos a cura geográfica, projetando nossas soluções mais íntimas em outras situações, lugares ou pessoas. Estamos acostumados a dormir um sono dogmático e, quando acordamos para a realidade, vamos ao encontro do cansaço de viver.
Praticar o autoamor é muito difícil porque não estamos acostumados à paz interior. Nossa busca pelo prazer incessante mistura-se à dor. Equivocadamente, buscamos o autoamor nesses dois fatores - a dor e o prazer, que são os sentimentos mais eficazes para nos levar a um real processo de mudança. Com isso, confundimos prazer de viver com dor de viver. Tudo isso nos leva, algumas vezes, à vontade de inexistir... Cultuando um eu desértico e seco.
Precisamos aprender que os mocinhos não vencem no final, e que não existe um pote de ouro no final do arco-íris. Ensinamos para nossos descendentes que o autoamor é uma utopia, que ser leve é ser bobo e inexpressivo.
Os bad boys são frágeis, carentes e muito defensivos. Para eles, o autoamor está nas coisas fúteis da vida, quando, na verdade, só querem ser aceitos e amados. Nega-se a espiritualidade, em um mundo capitalista onde o valor está nos valores materiais e não nos morais.
Não existe fórmula para o autoamor, mas apenas a convicção de que é possível atingi-lo a partir do momento em que se aprende a perder com dignidade. E que o ciúme é uma prisão covarde fantasiada de amor.
E que, finalmente, para se chegar ao autoamor, é preciso tirar todas as máscaras e fantasias, guardando apenas aquelas relacionadas ao autorrespeito e autoperdão, uma pitada de serenidade e humildade misturadas com assertividade farão esta receita ter a chance de dar certo!
- Muitas vezes, é preciso ressignificar com alteridade
- Quem transfere todos os anseios a um celular torna-se escravo dele
- Relações humanas correm riscos constantes de encontros e desencontros
Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar.
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