Mercado gastronômico mostra interesse nas cervejas artesanais
Diferente das cervejas industriais, a cerveja especial ou artesanal não é apenas para ser tomada. Tem que ser apreciada
Repórter
13/3/2012
Produtos artesanais e de microcervejarias, que oferecem uma variedade de personalidades e tipos de bebidas, vêm ganhando espaço no mercado gastronômico. Segundo o mestre cervejeiro Marco Falcone (foto ao lado), o Brasil vive um descobrimento, enquanto na Europa, o fato aconteceu na década de 80. "O produto possuía uma carga cultural complexa, que era desconhecida."
Diferente das cervejas industriais, a cerveja especial ou artesanal não é apenas para ser tomada. Tem que ser apreciada. "O grande diferencial das cervejas especiais está na qualidade do produto, desde a matéria-prima utilizada até todo o processo de fabricação, deixando o resultado final com aroma, corpo e diversos sabores, e não apenas uma bebida fermentada com teor alcoólico", afirma o especialista.
Ainda segundo Falcone, a bebida está ganhando mais força, com status de bebida complexa e bem trabalhada. "Ao oposto das industriais, que a maioria das pessoas está acostumada a beber, ela tem mais aromas e estilos dos mais variados. Posso dizer que, atualmente, existem mais de 140 sabores não semelhantes fabricados pelas pequenas cervejarias", completa.
Essa diversidade é bem diferente das grandes industriais, que não exploram o mercado da variedade, pela dificuldade técnica de produção. "Geralmente o máximo que elas fazem é cinco estilos. Já as pequenas cervejarias têm a possibilidade de inovar nas receitas e produzir mais, entrando nessa área mágica que é a cerveja."
O mestre no assunto garante que o mercado está vivendo um boom na área, que poderá ser duradouro, a partir do momento em que a sociedade almejar qualidade de vida melhor. "Com expansão da renda, os apreciadores passam a procurar uma qualidade melhor no que consoem e, neste momento, é que as cervejas especiais ganham espaço."
Consumo
Com isso, as cervejas deixam de ser consumidas em grandes números popularmente, como era anteriormente, e passam a entrar no segmento das características elevadas, permitindo uma vivência sensorial melhor e mais aprimorada, juntamente com os alimentos de alto nível. Para exemplificar, Falcone cita o slogan "beba menos e beba melhor". Além disso, uma outra diferença é a harmonização com os mais diversos pratos, desde os requintados até o costumeiro churrasco.
Com o aumento esperado da clientela, a tendência é que o preço seja diminuído. "A cerveja está seguindo a mesma tendência do vinho. Considero que o produto não é caro. Ele é cobrado de acordo com a qualidade que representa e o retorno de prazer na gastronomia que ele proporciona ao consumidor", ressalta.
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Cultura
De acordo com Falcone, as bebidas alcoólicas estão presentes desde o início da civilização, nas mais favorecidas castas e, provavelmente, integraram a fundamentação e a inspiração de tudo, inclusive de leis. "O Código de Hamurabi, o mais antigo registro de leis, estabelece que os trabalhadores da Antiga Mesopotâmia deveriam receber dois litros de cerveja por dia; servidores civis, três litros; e os administradores e altos sacerdotes, cinco litros", exemplifica.
Ainda de acordo com ele, muitas culturas indígenas acreditavam que beber cerveja seria ingerir algo sagrado. Outras culturas diziam que as plantas utilizadas na produção de cerveja possuíam alma. "Charles Baudelaire pensava que um homem que só bebe água tem um segredo a esconder de seus semelhantes. A lei da pureza da cerveja na Alemanha, em 1516, onde o lúpulo passa a ser a única especiaria permitida por lei, sendo que a única fonte de amido era o malte de cevada, é uma das grandes responsáveis por este cenário."
Juiz de Fora
Falcone fala que, de acordo com as suas observações, Juiz de Fora tem um mercado cervejeiro exigente, devido à fundação de uma cervejaria em 1879 na cidade. "Talvez o município seja o berço da cerveja em Minas Gerais. Com a Confraria da Cerveja Cruzada de Santo Arnaldo e pela própria tradição e espírito revolucionário, a região tem tudo para ser um polo gastronômico do Estado e também do país", avalia.
Possuindo 12 cervejarias especiais, Minas Gerais é vanguarda na área, devido à capacidade de ousar, por meio de receitas novas, de fazer cervejas radicais extremas, de escolas inglesas que nem se fabricam mais, por exemplo.
Divulgando
Como as grandes cervejarias detêm um poder econômico muito grande, elas têm capacidade de monopolizar os restaurantes, por meio de produtos oferecidos, como cadeiras, mesas, toldos e até freezers. Já as pequenas cervejarias não têm essa possibilidade. Então, o ideal é que elas formem cultura, através de explanação, degustações, harmonizações com alimentos, ensinamentos de técnicas de análise sensorial e de explanação da competitividade para ganhar o mercado.
Os textos são revisados por Mariana Benicá
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