Bloqueio do WhastApp no Brasil gera polêmica entre usuários
Assunto é o mais comentado na internet e nas redes sociais desde a última quarta-feira, quando a medida foi anunciada
Editor
17/12/2015
O bloqueio temporário do aplicativo WhastApp é um dos assuntos mais comentados na internet e nas redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram. Com a medida, os brasileiros estão buscando alternativas para burlar o bloqueio e também baixando outros aplicativos – que até um dia atrás não eram tão divulgados, como o Telegram Talk e o Zap Zap Messenger.
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No Twitter, as #Nessas48HorasEuVou e #DetremuraSemWhatsSdv lideram os assuntos do momento, ficando em primeiro e segundo lugar, respectivamente. A frase é usada pelos membros da rede, quem completam com um assunto do seu interesse. A segunda hashtag, para quem não é adepto ao Twitter, é uma referência à escritora Denise Tremura, conhecida como a rainha das tags na rede social.
Mark Zuckerberg lamenta
No Facebook e Instagram, usuários utilizam memes e relatam a experiência de ficar sem o WhastApp. Uma postagem que ganha destaque neste momento é a do cofundador e presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, que escreveu eu seu perfil que “Hoje à noite, um juiz brasileiro bloqueou o WhatsApp para mais de 100 milhões de usuários do aplicativo no país. Estamos trabalhando duro para reverter essa situação. Até lá, o Messenger do Facebook continua ativo e pode ser usado para troca de mensagens. Este é um dia triste para o país. Até hoje o Brasil tem sido um importante aliado na criação de uma internet aberta. Os brasileiros estão sempre entre os mais apaixonados em compartilhar suas vozes online. Estou chocado que nossos esforços em proteger dados pessoais poderiam resultar na punição de todos os usuários brasileiros do WhatsApp pela decisão extrema de um único juiz. Esperamos que a justiça brasileira reverta rapidamente essa decisão. Se você é brasileiro, por favor faça sua voz ser ouvida e ajude seu governo a refletir a vontade do povo. #ConectaBrasil #ConecteoMundo”.
O Facebook anunciou a compra do WhatsApp em fevereiro de 2014, por US$ 22 bilhões. Nesta manhã, ao abrir o Facebook, uma mensagem aparecia aos usuários dizendo. “Estamos trabalhando para restaurar o WhatsApp. Enquanto isso, use o Messenger".
O fundador da E-Dialog, agência especializada em Comunicação Digital, Renan Caixeiro, explica que o bloqueio foi motivado por uma ação judicial que acusou o WhatsApp de não entregar dados que a Justiça pediu. Sem entrar no mérito jurídico da questão, entendo que é um equívoco você retirar do ar um serviço por um fato isolado. Uma multa diária, por exemplo, talvez fosse mais interessante”.
Caxeiro lembra que milhares de pessoas dependem do aplicativo não só por questões pessoais, mas também profissionais. “É como você cortar toda a telefonia por que uma operadora agiu mal em um caso específico. Impensável, certo? O mesmo serve para os serviços online”, pondera, destacando que “o serviço online é mais frágil nesses momentos, principalmente devido ao Marco Civil apoiar essas medidas. Fico triste pois o Brasil entra como exceção mundial ao cortar o WhatsApp, algo que só acontecia em países em regimes ditatoriais”.
Mesmo com esse cenário, o especialista comenta que a medida faz com que os brasileiros busquem alternativas para driblar o bloqueio do WhastApp. “As pessoas se adaptam. Vão para o Telegram, Viber, usam um VPN para o WhatsApp funcionar. Ou seja, o bloqueio acaba só prejudicando e não traz nenhum benefício a população ou ao Estado.”
A assistente social do Grupo Casa, Lidiane Charbel conta que foi surpreendida com o bloqueio do WhastApp. “O motivo não é justificável. Dependo e gosto muito do aplicativo, pois a comunicação é muito rápida. Como não consigo ficar sem, pesquisei maneiras de desbloquear. Agora, estou utilizando o aplicativo Psiphon, que permitiu que eu não perdesse a comunicação. Realmente é um vício, mas muito bom. Não ia conseguir ficar sem”, relata.
Com a medida, a analista administrativo, Vanessa Souza, acredita que a produtividade nas empresas vai aumentar, já que muitas pessoas não terão como se comunicar pelo aplicativo, ficando mais focadas em suas atividades. “Além disso, o número de acidentes também deve ser menor, pois os motoristas e pedestres vão estar mais atentos", opina.
Quem partilha da mesma opinião é diretora administrativa da ACESSA.com, Patrícia Guimarães. “As pessoas estão muito dependentes da rede. Com isso, as famílias terão mais interação dentro de casa e também nas horas das refeições, pois elas vão conversar e trocar informações pessoalmente.”
Desbloqueio
No início da tarde desta quinta-feira, 17 de dezembro, o desembargador Xavier de Souza, da 11a. Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou o desbloqueio do WhatsApp em todo o Brasil. Xavier já tinha precedente favorável ao desbloqueio em outras duas decisões envolvendo impugnação de quebra de sigilo, exatamente o que foi pedido hoje para o WhatsApp. A partir da decisão, as operadoras serão comunicadas e o serviço deve voltar ao normal ao longo do dia.
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