FaMIdade promove aprendizagem técnica, cultural e psicológica à terceira idade
*Colaboração
"Nós realizamos sonhos de pessoas.Tudo aquilo que se tem boa vontade, e é organizado, funciona." Dessa forma a coordenadora da Faculdade Aberta "A Melhor Idade"(FaMIdade), que funciona no instituto Granbery, Ana Paula Sena, define o projeto que busca melhorar a qualidade de vida de pessoas que estão na terceira idade.
A iniciativa surgiu em 2006, quando foi realizada uma colônia de férias com atividades voltadas para idosos. Na época, participaram pessoas do bairro Granbery e idosos da comunidade granberyense. Passados três anos, numa conversa sobre envelhecimento entre Ana Paula e pastores da Igreja Metodista, houve uma nova proposta que trouxesse essas pessoas para o colégio para realizarem atividades físicas. Foi aí que iniciou o "projeto mãe" da FaMIdade. Inicialmente eram 14 senhoras que faziam apenas hidroginástica e caminhada. Atualmente, são oito turmas de terça a sexta-feira, totalizando 400 alunos. Desde o início, já foram atendidas aproximadamente mil pessoas. Para realizar todas as atividades dos módulos, estão envolvidos nas ações do projeto profissionais das áreas de Direito, Educação Física, Administração, Pedagogia, Psicologia e Línguas.
Já no ano de 2012, surgiu a necessidade de expansão do programa com o caráter de Faculdade Aberta como explica a coordenadora. "O curso é organizada em módulos que flutuam de acordo com a necessidade de cada grupo, com temáticas específicas do envelhecimento." São oferecidos três módulos de ensino voltados para áreas de promoção da saúde, linguagens e tecnologias e cultura, arte e lazer.
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Ainda segundo Ana Paula, a cidade precisa de projetos como este, uma vez que a população idosa na cidade de Juiz de Fora é maior que a do Estado. "O atendimento a essa população é de grande importância, afinal, eles carecem de espaço para convivência, de atualidades. Eles não querem ficar apenas assistindo novelas, eles mudaram. Querem um envelhecimento com com qualidade. Aqui, atendemos desde analfabetos a pessoas formadas, pessoas da roça convivem com aquelas que já viajaram o mundo inteiro."
Relatos
Aluno do programa há dois anos, José dos Santos (82) fala das novas possibilidades que o curso abriu. "Meu sonho sempre foi estudar no Granbery e, depois de formado e com essa idade, com o FaMIdade eu estou realizando minha vontade. Sem dizer que minha saúde está cada vez melhor. Outra aluna, Maria Aparecida Pereira (87), chamada carinhosamente pelo grupo de vovó, diz ter muito medo de água, mas a atividade e que prefere fazer é hidroginástica. "Aqui aprendi muitas coisas, conheci muita gente, só não guardo o nome", afirma, sorrindo. Já para outra participante, Cirene Machado (70) considera o grupo sua família. "A convivência com outras pessoas, me permitiu conhecer histórias diferentes. Sabe aquela idade do 'estou com dor', a minha passou", afirma.
O professor de informática Victor Miranda de Oliveira (23) ressalta que o contato com idosos lhe permite uma forma de trabalhar diferente, e o retorno dos alunos é gratificante. "Trabalhar com a terceira idade é excelente, conseguimos acompanhar o crescimento deles." O professor ainda acrescenta que no início, os alunos têm medo do computador, que muitos não conhecem o que é o mouse, e com o passar do curso, essa relação muda. "Hoje eles já participam de redes sociais, fazem contato com muitos parentes pela internet, a relação deles com o mundo se transforma, abre um leque de possibilidades muito bacana. Além do retorno por parte deles ser carinhoso e respeitoso."
A filha de uma participante do FaMIdade, Márcia Oliveira (47) conta que depois do ingresso da mãe no projeto, as mudanças foram significativas. "Minha mãe passou a ter disposição, aprendeu a interpretar textos, o que pra ela que sofre de Parkinson, sempre foi algo difícil. Percebo com isso que a vida pode começar em qualquer idade. Podemos descobrir coisas novas mesmo estando na terceira idade."
*Vívia Lima é estudante do 7º período de Jornalismo da UFJF
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