11ª Parada Gay de JF reforça a luta pelos direitos dos homossexuais

Evento foi marcado por protestos contra o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC)

Eduardo Maia e Jorge Júnior
17/08/2013

Protestos pela garantia dos direitos dos homossexuais deram o tom para a 11ª Parada da Cidadania e do Orgulho Gay de Juiz de Fora, que ocorreu na tarde deste sábado, 17 de agosto, em Juiz de Fora. A luta pela criminalização da homofobia e pelo casamento civil igualitário foram os temas abordados pelos dirigentes de movimentos sociais presentes na manifestação. Além disso, o evento foi marcado por atos de repúdio ao deputado pastor Marco Feliciano (PSC), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Segundo o fundador e coordenador de projetos do Movimento Gay de Minas Gerais (MGM), Oswaldo Braga, o evento é um momento para trazer para a rua a bandeira da luta pela igualdade de direitos para os homossexuais. "As pessoas têm que se habituar ao que é diferente, apoiar a diversidade. Temos aqui pais de gays, estudantes, movimentos sociais que apoiam a nossa luta e fortalecem ainda mais o movimento", afirma.

Braga também destaca a força que, segundo ele, o movimento tem ganhado após as recentes manifestações por todo o Brasil. "Estamos percebendo a mudança no perfil da nossa luta. Com as movimentações contra o projeto de cura gay, o pastor Feliciano, expõe de forma muito clara que a outros movimentos reconheceram justiça na nossa luta", conclui.

Homenagens

A cabeleireira juiz-forana Baby Mancini foi consagrada a rainha da Parada Gay de 2013. A travesti se destacou durante muitos anos na organização do Concurso Miss Brasil Gay, ao lado de Chiquinho Cabeleireiro. "Espero que a Parada Gay seja um sucesso e que todas as pessoas se divirtam. Quero que Deus me dê forças e muito brilho para curtir as próximas paradas", enfatiza. Sobre a questão do preconceito em Juiz de Fora, Baby destaca que ela nunca teve problemas. "Sou uma pessoa que frequenta a sociedade e nunca fui mal tratada por minha opção sexual. Sou muito bem aceita na cidade, com pessoa e profissional".

A abertura da parada também foi marcada por uma homenagem à travesti Fernanda Muller, falecida em julho passado, vítima de um AVC. Emocionado, o presidente do MGM, Marco Trajano, relembrou as dificuldades sofridas pela rainha da parada de 2011 e pediu um minuto de silêncio em respeito à memória de Fernanda. "Ela esteve conosco durante muitos anos, ajudando a engrossar esse coro contra a homofobia, porém, infelizmente, ela morreu neste ano, vítima da homofobia, pois ela nunca conseguiu um emprego durante o dia na cidade. Sempre teve que trocar o dia pela noite, trabalhando como produtora de shows em uma boate da cidade", destaca.

Público

Um fato que chamou a atenção na Parada Gay, foi um casal que segurava um cartaz com os dizeres Casal 100 preconceito (ver galeria). "Moramos na cidade há um ano, mas essa é a segunda vez que participamos da Parada Gay de Juiz de Fora. Gostamos muito desse evento, pois fomos bem acolhidos. Somos um casal diferente porque não temos opção sexual, mas felicidade. Metade dos nossos padrinhos de casamento são gays, por isso abraçamos essa causa", explica o casal, Mauro e Sheila.

A Parada também foi marcada pela presença de movimentos sociais e partidos políticos, em meio aos populares. Representante da Associação Nacional dos Estudantes Livres (Anel), a estudante Fernanda Vivacqua, de 21 anos, destacou o grande desafio que as políticas LGBT ainda enfrentam, apesar de algumas aprovações. "Tivemos algumas conquistas parciais, como o direito ao casamento civil, mas precisamos cobrar os cartórios para realizarem estes casamentos. Também precisamos da aprovação da PL 122, que criminaliza a homofobia. A homofobia mata e temos o direito de amar a quem a gente quiser".

O tenente-coronel Gleik, da Polícia Militar, afirmou que o número de pessoas que participavam da parada variava entre 2 mil e 3 mil pessoas. Até o fechamento da reportagem, o clima era pacífico e sem registro de ocorrências.

Camisinhas

Segundo o coordenador do Programa de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) – Aids, Rodrigo Almeida, cerca de cem mil camisinhas estão sendo distribuídas durante a semana Rainbow em Juiz de Fora. "Todos os anos fazemos orientações com o público LGBT da cidade. Esse ano estamos reforçando a ação, já que houve um aumento no número de Aids entre esse público", diz. De acordo com o coordenador, só na Parada Gay cerca de 40 mil camisinhas foram entregues ao público.

Confira imagens da 11ª Parada da Cidadania e do Orgulho Gay, em Juiz de Fora.

 

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