Cresce o número de pessoas interessadas em adotar animais
Preconceito tem sido quebrado com o tempo e virado um ato de amor entre as famílias
Repórter
22/08/2015
A adoção de animais é um ato de amor que está se tornando cada vez mais comum. Em Juiz de Fora, diversas instituições e protetores de cães e gatos realizam eventos abertos ao público, com o intuito de abrir oportunidade de novos adotantes receberem em suas casas um animal que tenha sido resgatado das ruas ou do abandono e esteja pronto para um novo lar de acolhimento. A Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA), instituição de proteção mais antiga do município completa 29 anos de trabalhos ininterruptos e avalia que as pessoas estão mais receptivas em adotar cães e gatos, até mesmo, pela mudança do olhar da população como um todo em relação ao assunto.
Na última feira de adoção, a instituição conseguiu adotar 16 gatos e 14 cães, o que anos atrás era praticamente impossível de acontecer. A presidente da SJPA, Maria Elisa de Souza, conta que no início dos trabalhos da Sociedade o recolhimento de cães e gatos ainda era muito crítico. As pessoas viam a adoção de uma forma mais preconceituosa, mas com o apoio da divulgação e esclarecimento das mídias as normas e a própria sociedade têm entendido melhor as causas relacionadas aos animais e ao Meio Ambiente. "Muitos diziam que não via lógica para causas voltadas para os animais, visto que existiam tantas crianças e idosos abandonados. Mas, hoje, as coisas mudaram para melhor. Pessoas adotam cães e gatos com problemas físicos ou idosos, simplesmente, para garantir os cuidados necessários e carinho para o animal que não tem muito a oferecer", explica.
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O comportamento social tem refletido no mercado que amplia a oferta de clínicas veterinárias, pets shop e distribuição de medicamento, o que também ajuda na evolução dos trabalhos das instituições de proteção. Elisa afirma que adoção responsável de filhotes também vem se tornando mais comum, alimentando todos os serviços oferecidos na cidade. "As pessoas estão adotando e cuidando de seus pets, com vacinas, produtos e assistência especializada, o que reflete na oferta de todo um mercado voltado para o animal. Agora achamos com maior facilidade as medicações necessárias para os tratamentos, mas ainda há dificuldades em conseguir o apoio de clínicas veterinárias para os tratamentos mais em conta ou gratuito".
Igual amor de mãe
Maria Elisa destaca que o maior gargalo nos cuidados de recolhimento é a dificuldade de manter abrigos, que consomem gastos muito altos. A Sociedade Juizforense abriga, atualmente, mais de 400 animais e gasta em média 130 kg de ração para cães e 10 kg para gatos, por dia. "Existem os animais que não se adaptam a adoção e precisam ficar nos abrigos, mas nem todas as instituições protetoras tem abrigos e ficam sem recursos para mantê-los", explica.
Para tentar reduzir o problema, muitos protetores recrutam novos voluntários para se tornarem 'lar temporário' (LP). Kátia Franco é uma delas e além de resgatar e acolher vários gatos em seu apartamento até conseguir adotá-los, ela faz campanhas para arrecadar recursos para tratamentos e castração destes animais. "Acho que a divulgação tem ajudado muito todos estes trabalhos. Utilizo das redes sociais para conseguir unir estas pessoas. Hoje mesmo fui resgatar e conseguir adotar quatro gatinhos, sendo que a LP que ficou com um dos filhotes e a mãe, deve acabar adotando. Estes casos estão se tornando mais comuns", se alegra.
Mas além dos LPs existem famílias que possuem recurso e fazem o trabalho de resgate e cuidado por amor aos animais. Uma destas histórias é a da farmacêutica Cláudia Rufino Teixeira, exemplo vivo da expressão 'igual coração de mãe, sempre cabe mais um'. Em sua casa, o que não falta são moradores! São seis filhos, ela, o esposo e mais oito cães adotados. Além de adotados, a maior parte dos animais foram resgatados das ruas, sendo que a última foi uma cachorrinha de 10 anos, cega e que com estado de saúde debilitado devido a um câncer de mama, acabou morrendo depois de passar por vários procedimentos veterinários.
"O primeiro nós ganhamos há 10 anos, já o segundo foi adotado em uma feira. Depois deles, os outros foram todos resgatados, sendo que um estava próximo a um radar que não conseguia parar em pé e uma outra fêmea que estava na rua e deixamos entrar, mas ela estava prenha e criou nove cães, sendo que sete conseguimos adotar. Todos são castrados", conta. Quando indagada sobre o porquê de acolhê-los, Cláudia afirma que a única justificativa é o 'amor' pelos animais.
Parte da família
Se antes era impossível conhecer histórias felizes de adoção, hoje o quadro inverteu e os adotantes não querem largar seus animais por nada. A funcionária pública, 30, Harian Araújo Silva, conta que adotou a cachorrinha Luna, de três anos, em outubro do ano passado, e logo seu esposo foi transferido para Pirassununga, em São Paulo. O que poderia ser um empecilho para casal, tornou-se mais uma alegria da casa, em companhia do outro cachorro que já tinham, chamado Apolo. "Encontramos uma casa grande e ótima para eles, deixá-los nunca foi uma opção! Onde tivermos que ir os dois vão junto!".
Harian completa que a adaptação de Luna foi tranquila e a opção por adotar veio com o amor que descobriu ao comprar o primeiro animal da casa. Mesmo com a vontade de acolher um cão abandonado, a funcionária pública tinha receio, mas os cuidados garantidos por uma associação de acolhimento facilitou o 'meio de campo' para que Luna conseguisse uma nova casa. "Só tivemos que lidar com os medos dela, medo de barulhos de carros e bicicletas, de homens, de quase tudo! Mas a cada dia ela melhorava e agora confia em nós e sabe que não faremos mal".
A assistente social, Lidiane Charbel, também afirma que as gatinhas Mel e Carminha não são apenas animais de estimação, mas membros da família. "Aprendi a gostar de gatos, pois minha mãe já tinha um e quando me mudei para Juiz de Fora, demorei dois anos para decidir adotar o meu. A primeira foi a Carminha, adotada em 2012, mas não satisfeita em ter só ela, tive a ideia de trazer mais um gatinho para casa, que foi a Mel. Hoje, não consigo me imaginar sem elas. Trato, cuido e converso com as duas e me adaptei à rotina delas", conta.
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