Machistas e Am?lias em extinção
quando o casal livra-se dos estereótipos?
Repórter: Ana Maria Reis
08/09/00
No ano passado, de acordo com números disponíveis no Ministério do Trabalho, as mulheres somavam 40% da população economicamente ativa no País. Dados estatísticos a parte, fez-se sensível a autonomia feminina nas últimas décadas. Primeiramente acuados, os homens agora resolveram dar a mão à palmatória. "Reconhecemos que é impossível a sobrevivência sem as mulheres", fala o professor de Antropologia Cultural, Del Pimenta Dutra. Para ele, o homem não é mais o único provedor, nem o responsável maior pela manutenção do lar, família e vida afetivo-sexual do casal.
De acordo com a antropóloga Rogéria Campos de Almeida, há tanto uma feminização do homem, quanto a masculinização da mulher. "As mulheres já não participam efetivamente dos ritos femininos, como a educação dos filhos e as tarefas domésticas. Em contrapartida, os homens estão mais participativos."
As Amélias realmente desapareceram?
A derrocada do comportamento machista é irrefutável? As Amélias realmente desapareceram? Os profissionais procurados pelo JFService são unânimes em afirmar que o homem está mais livre do estereótipo machista e mais próximo da realidade. E, mais, é um companheiro mais participativo e sensível. No entanto, este movimento não pode ser considerado genérico, alerta a antropóloga Rogéria Campos. "As pessoas estão mais abertas às mudanças em um setor social comprovadamente intelectualizado, urbano e situado na classe média", avalia a estudiosa.
A concepção do sexo frágil, da figura angelical da mulher surgiu no século XVIII. É o comportamento burguês, de delimitação de funções e papéis sociais, fala o antropólogo Del Pimenta Dutra. Para Rogéria Campos, que é professora de Antropologia Social, este comportamento ou a sua imposição, podem ter origens ainda mais antigas. Os papéis sociais bem marcados, sustentados pelos estereótipos, existem desde a Grécia Antiga, persistiram na Idade Média e atravessaram a Idade Moderna. | Leia também: |
O que faz, então, com que séculos de submissão desapareçam em 40 anos? Pesquisadores, estudiosos e filósofos apontam o sistema capitalista como o causador desta, digamos, "igualdade". Sim, porque a crise das diferenças foi resolvida com a equivalência de poderes e, dentro da sociedade pós-moderna, como ressalta a antropóloga Rogéria Campos, ela se dá pelo "poder de aquisição e negociação".
Um novo tipo de amor
O antropólogo Antony Guidgs aponta para um novo tipo de relacionamento nas gerações que estão chegando. O estudioso acredita não na existência do amor romântico e sim, do amor confluente. "As relações se sustentariam pela afinidade e o mútuo preenchimento de necessidades, ideologias, comportamentos sociais e sexuais, entre outros fatores", explica o autor norte-americano, o também antropólogo Del Pimenta Dutra.