SPC e CNDL apontam que inadimplência no Brasil cresceu e média das dívidas é de R$ 3.895
Economista levanta os fatores que influenciam nesta elevação e dá sugestões a quem é inadimplente e a quem quer se precaver
A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgaram na última semana um levantamento sobre a inadimplência no país. Segundo o estudo, o número de cidadãos inadimplentes voltou a crescer em fevereiro deste ano e atinge a marca de 65,45 milhões de brasileiros, apontando que quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em fevereiro de 2023.
Segundo o economista Eduardo Amendola, professor do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora, vários fatores influenciam na inadimplência neste momento na economia brasileira, como inflação e juros básicos (Selic) elevados.O aumento da taxa de juros impacta diretamente na capacidade de pagamento dos consumidores, pois torna as dívidas mais caras e difíceis de serem quitadas. Outros motivos que nos ajudam a entender a inadimplência brasileira são a instabilidade econômica no país, que nos últimos anos tem uma correlação importante com a inadimplência; além da alta taxa de desemprego e a queda do poder aquisitivo dos consumidores que afetou a capacidade de pagamento das dívidas. Além disso, o excesso de crédito disponível e a facilidade de acesso ao mesmo podem levar ao endividamento dos consumidores. A falta de análise de risco na concessão de crédito pode levar ao aumento da inadimplência, já que consumidores que não possuem capacidade financeira de arcar com as dívidas podem acabar contraindo mais débitos do que podem pagar, avalia o professor
Os dados analisados no levantamento do SPC Brasil e da CNDL são referentes a informações de capitais e interior de todos os estados brasileiros, e revelaram ainda que em fevereiro deste ano, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.895,09 na soma de todas as dívidas, com destaque para a evolução das dívidas com o setor de Bancos, que registrou crescimento de 28,98%, seguido de Água e Luz (13,27%); e que o número de dívidas em atraso no Brasil teve crescimento de 17,41% em relação ao mesmo período de 2022.
- A expectativa nos próximos meses é ainda de uma taxa de inadimplência elevada, isso porque o índice de inflação de fevereiro ainda não havia incorporado a reoneração dos combustíveis e os reajustes salariais, assim podemos esperar uma inflação ainda maior para março, pressionando o poder de compra das famílias e podendo levar à inadimplência. O custo do crédito também deve permanecer elevado contribuindo de maneira negativa para o equilíbrio financeiro dos brasileiros. Diante deste cenário, a opção do consumidor é realmente procurar diminuir os gastos, controlar bem o orçamento e se organizar para não acabar com a inadimplência, destaca Amendola.
Dicas para quem não quer se tornar inadimplente
Com a taxa de juros e a inflação em alta, é importante ter cuidado com as finanças pessoais para evitar a inadimplência, segundo o economista, que dá algumas sugestões.
- Faça um planejamento financeiro, é importante ter controle sobre suas finanças, sabendo exatamente quanto ganha e quanto gasta; crie um orçamento mensal e tente se manter dentro dele. Evite fazer dívidas desnecessárias, como comprar produtos ou serviços que não são essenciais e que você não pode pagar. Se precisar fazer uma compra grande, planeje e economize antes de fazê-la, indica o professor da Estácio.
Sugestões para os inadimplentes
Para quem já está em situação inadimplente, Eduardo Amendola também faz algumas recomendações.
- Se você já está endividado, não deixe de negociar suas dívidas, entre em contato com os credores e tente chegar a um acordo que seja viável. Priorize o pagamento das dívidas mais caras: se você tem várias dívidas, priorize o pagamento das que têm as taxas de juros mais altas. Busque ajuda de um profissional em finanças pessoais se encontrar dificuldades para lidar com suas dívidas, pois ele pode ajudar a criar um plano de ação para lidar com elas. Corte gastos desnecessários para economizar dinheiro e direcioná-lo para o pagamento das dívidas, sugere o economista.