Juiz de Fora Musical

Isto ? uma coisa incontest?vel. Juiz de Fora ? extremamente musical. No campo da m?sica popular j? deu e ainda d? muitas boas contribui?es ao universo musical brasileiro. Daqui j? sa?ram grandes nomes, grandes compositores, grandes int?rpretes, instrumentistas e arranjadores fabulosos. Basta acompanhar um pouco a imprensa cultural e logo se encontra um nome desta "princesa de Minas". Neste primeiro ano escrevendo para o Portal ACESSA j? ressaltei em diversas ocasi?es alguns desses nomes, e se n?o fiz mais foi por falta de ocasi?o de minha parte, pois de fato h? muitos e meu espa?o ? limitado para tanta produ??o.

Na chamada "m?sica erudita" n?o ? diferente. Juiz de Fora tem dezenas de corais, e ao menos dois grandes festivais de corais anualmente, reunindo grupos vocais da cidade, de al?m fronteiras e at? de al?m mar. ? soberba a quantidade de concertos que a cidade disp?e anualmente se comparada a outras do mesmo porte no Brasil. H? dois grandes festivais de m?sica na cidade, um em janeiro e um em julho, trazendo concertos bons, novas m?sicas, estudantes, pesquisadores, professores. O n?vel profissional de muitos m?sicos na cidade ? de tal gabarito que n?o precisa se envergonhar. N?o ? exagero dizer que Juiz de Fora se torna assim um centro de cultura musical, uma refer?ncia neste campo.

Bom, aqui minhas perguntas, e vou restringi-las a tal da "m?sica erudita". Por qu? ent?o n?o h? uma orquestra profissional na cidade? Vejam bem: profissional. Com isso quero dizer, uma orquestra que contrate seus m?sicos, que pague a eles um sal?rio, ou ao menos que lhes pague um cachet digno por concertos. Que lhes d? dignidade profissional, de modo que possam se dedicar a seu instrumento com galhardia. Que n?o precisem de outras atividades al?m da m?sica. Que n?o precisem ficar a procura de casamentos para conseguir algum dinheiro suado, tocando um repert?rio menor. Que possam dizer que s?o m?sicos, profissionalmente.

Este pa?s tem uma maravilhosa tradi??o musical, e uma p?ssima, se n?o lastim?vel, tradi??o em maltratar seus m?sicos. E Juiz de Fora ? completamente brasileira nestas horas. As escolas de m?sica precisam se dar conta de que devem formar profissionais aptos, ao fim de um per?odo de estudos (que ? longo no caso da m?sica), a atuarem profissionalmente. ? preciso que se deixe de pensar que m?sica ? apenas uma divers?o. Talvez o seja, para alguns, mas h? outros que a ela procuram para expressarem-se e realizarem-se profissionalmente. Estas mesmas escolas precisam perceber que lan?ando seus m?sicos no mundo ? que ir?o fazer seus nomes ficarem escritos na hist?ria da m?sica.

? triste ver tanto desperd?cio. Conheci aqui m?sicos soberbos, mas que n?o podiam ser m?sicos, pois n?o h? trabalho para eles. H? orquestras que os querem, a troco de uma passagem de ?nibus, quando muito. E mais, os querem com exclusividade, com dedica??o total. E ainda cr?em que est?o a fazer um grande favor para este m?sico.

? muito bonito ver projetos de musicaliza??o de crian?as, de acessibilidade ? m?sica, de cursos populares, de orquestras jovens. Mas quando veremos os resultados de tudo isso? Quando veremos uma orquestra profissional, bem tocada e bem regida, com m?sicos satisfeitos e cientes de que s?o valorizados?

E isso se aplica a coros tamb?m. Corais s?o ?timos meios de integra??o de grupo, de divulga??o da imagem de institui?es, mas antes de tudo, s?o grupos musicais encarregados de fazer m?sica, e h? um vast?ssimo repert?rio coral que nunca ouviremos com coros desta cidade, pois estes coros, sem exce??o, n?o passam de amadores que n?o conseguiriam tecnicamente e expressivamente executar o repert?rio coral cl?ssico.

Enquanto isso, contentemo-nos com os arranjinhos e com os concertinhos, e aproveitemos os concertos visitantes.

Bons concertos!


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