?rbitros
Tupi, praticamente fora do M?dulo II, conta as horas para anunciar seu futuro rumo ao fundo do po?o do futebol mineiro
Ricardo Corr?a
Rep?rter
01/02/2006
S? os sedativos impediram Marco Aur?lio de
ouvir a not?cia que ele tentou evitar quando anunciou uma parceria com o
clube (Leia a mat?ria). Ele n?o ouviu, mas a imprensa esportiva precisou engolir. Na voz nervosa e, ao mesmo tempo, um pouco embargada de Geraldo Magela
Tavares, a cidade come?ou a saber do que j? temia h? muitos anos: o Tupi
est? praticamente fora do futebol. Embora ainda esperem uma luz no fim do t?nel, os dirigente da parceria j?
sacramentaram: o futebol da cidade tem data e hor?rio marcados para morrer.
Ser? entre 12h e 13h desta quinta-feira, dia 2 de fevereiro. Em menos de
vinte quatro horas, quase um s?culo de tradi??o do Tupi estar? em jogo.
? como na s?rie famosa que passa diariamente nas telas da televis?o. A cada
minuto a esperan?a se esgota. O objetivo, nesta vers?o de "24 Horas", n?o ? impedir
atentados terroristas dos mais diversos tipos. Os agentes que participam da
miss?o de salvamento do Tupi precisam conseguir dinheiro: pelo menos R$ 30 a
40 mil para iniciar os trabalhos. Sem isso, ser? imposs?vel cadastrar os
contratos na Federa??o, cujo prazo termina j? na sexta-feira, dia 3 de
fevereiro, e agendar a viagem para aquela que seria a primeira partida,
contra o Juventus de Minas Nova.
"As minhas primeiras palavras s?o a de que o Tupi n?o vai disputar o
campeonato. O sonho est? virando ?gua. O Tupi foi irresponsavelmente falido.
Irresponsabilidade de seus dirigentes, dos seus s?cios que elegeram e
reelegeram maus gestores. E colocaram l? algu?m indicado pelo gestor
anterior. O Tupi est? em uma situa??o de quase insolv?ncia. Eu fico at?
revoltado. A sociedade acredita, mas n?o somos m?gicos. N?o podemos carregar
essa cidade nas costas. N?o sei se nossas empresas podem ou n?o ajudar, mas
eu acho que n?o v?o. Est? praticamente decidido", disse, emocionado, ao
lembrar que j? perdeu o emprego para treinar o Tupi.
"? mais f?cil fundar um clube do zero do que recuperar o Tupi. Entreguei
minha vida a esse clube. Toda vez que o Tupi estalava o dedo eu estava l? e
agora sou obrigado a ver essa situa??o". No fundo do po?o Logo que enviar um documento anunciando a desist?ncia, o Tupi ser?
denunciado pela Federa??o Mineira de Futebol ao Tribunal de Justi?a
Desportiva. Se for condenado, o que ? dado como certo, ser? rebaixado para a
Segunda Divis?o, ou o M?dulo III, o fundo do po?o do futebol mineiro.
Dificilmente encontrar? for?as para continuar.
Falido, afundado em d?vidas e completamente sem credibilidade, o clube ainda
pode arrumar mais problemas. Dever? tamb?m sofrer san?es econ?micas, como
multas e indeniza?es por ter prejudicado o funcionamento do campeonato.
Enquanto isso, o presidente do clube, Lu?s Carlos Monteiro, sequer na
coletiva estava. Terceirizou o futebol, as preocupa?es e as frustra??o de
ver de perto o fim do futebol do clube. Procurando culpados "Assaltaram o Tupi durante o dia e na frente de todo mundo", disse, para
depois ser interrompido por Ricardo W?gner, que completou: "Agora a
cidade tem que cobrar dessas pessoas. Colocar o Minist?rio P?blico para
investigar como essas pessoas enriqueceram. O que fizeram no clube", disse
Ricardo, que reclama de n?o ter conseguido apagar a imagem deixada sob o
nome Tupi. "O Geraldo Magela vai em busca de dinheiro e os empres?rios
dizem: para o Carnaval eu dou, para o Tupi n?o", e Magela complementa.
"Eles t?m vergonha de colocar a logomarca na camisa do Tupi. Olha o estrago!
N?o deixaram nem uma bola furada no clube, mas o pior de tudo: n?o deixaram
credibilidade e agora as pessoas acham que somos da mesma laia desse
pessoal", desabafou. A Prefeitura ir? repassar
os R$ 12 mil que o Galo tem direito para que os jogadores e a comiss?o
t?cnica n?o fiquem sem receber pelos 15 dias de trabalho. O m?nimo para quem
perdeu outras oportunidades de emprego para apostar no projeto que teima em
n?o dar certo mesmo em uma cidade de 500 mil habitantes. E foi em tom f?nebre, com jornalistas e dirigentes de cabe?a baixa, com um
sil?ncio incomum ao fim de cada coletiva, que Geraldo Magela sentenciou o
prov?vel futuro do Galo, dos jogadores, comiss?o t?cnica, jornalistas
esportivos e torcedores. Era o clima de fim de festa, ?s v?speras do dia que
pode ser o pior da hist?ria do Tupi. "N?o vamos dar preju?zo, s? matar a esperan?a".