Dia Inernacional da mulher

Por

Mulheres de Juiz de Fora

Maria L?cia Ribeiro

Maria L?cia Ribeiro nasceu e sempre morou em Juiz de Fora. Em 1963, formou em Letras pela Faculdade de Filosofia e Letras e, em 1967, formou-se em jornalismo pela UFJF.

E foi neste ?ltimo curso que Malu se aproximou do teatro. "Sempre estive ligada aos diret?rios acad?micos, ao teatro universit?rio, aos centro de estudos cinematogr?ficos. Mas nunca tinha pensado em fazer teatro", lembra.

Durante a Faculdade de Jornalismo, o professor Jos? Luiz Ribeiro, ela e outras pessoas sentiam a falta de espet?culos de fora, na cidade, e resolveram estudar teatro. Era a ?poca de explos?o da poesia, da Bossa Nova, de espet?culos alternativos, uma efervec?ncia cultural muito grande em Juiz de Fora.

Grupo Divulga??o
O grupo de estudantes de v?rias ?reas se reunia para estudar teatro quando, a pedido de um professor do Jo?o XXIII e funcion?rio do Instituto C?ndido Tostes, eles fizeram a pe?a "Amor em verso e prosa" para a Semana do Laticinista. Da? surgiu a id?ia de que o Centro de estudos teatrais abrigasse um grupo de teatro universit?rio. Nascia o Grupo Teatral Divulga??o. "?ramos militantes do movimento estudantil. As pe?as vinham da necessidade de dar o nosso recado", conta Malu.

Com o acirramento da ditadura, o grupo enfrentou cortes e censuras de v?rias pe?as. ?N?o t?nhamos inten??o profissional. Como todo mundo tinha outra profiss?o, n?o precis?vamos fazer concess?es para sobreviver?.

O grupo ficou famoso pela pluralidade de fun?es de seus integrantes que faziam desde o roteiro at? a confec??o de cen?rios e figurinos. Malu acabou deixando de atuar com a chegada dos filhos e ? dedica??o ao mestrado e doutorado.

Ela, ent?o, voltou-se mais aos figurinos. ?Meu pai era alfaiate, tinha um corte italiano maravilhoso. Mas, puxei mais minha m?e que era costureira criativa, que montava a roupa no manequim?.

Emancipa??o feminina
Professora da Faculdade de Letras da UFJF, Maria L?cia v? o teatro como um dos ve?culos de emanciapa??o da mulher. ?O preconceito n?o impediu que a mulher se afirmasse na ?rea. Se, por um lado, as atrizes de teatro de revista, as vedetes, eram consideras prostitutas, por outro a declama??o fazia parte da forma??o da mocinha burguesa?. Hoje ? mais f?cil encontrar atrizes do que atores para o grupo Divulga??o.

De modo geral, ela percebe que a mulher est? em uma fase mais forte, em um ponto de equil?brio. "A mulher est? com um vigor e uma maturidade muito mais consistente. Ela passou da fase do 'Clube da Luluzinha'. Ela est? ideologicamente melhor colocada que o homem. Ele perdeu espa?o e a estrutura de valores tradicional e n?o se preparou para isso. A mulher sempre teve que se desdobrar. A separa??o, a m?e solteira sempre existiu. Ela teve que aprender a ter uma posi??o m?ltipla", avalia. Malu considera que o desaparecimento da classe m?dia tem rela??o direta com a evolu??o feminina, j? que a mulher pobre sempre trabalhou para fora.

Sem g?neros
A professora n?o concorda com a separa??o de g?neros, seja em express?es como ?senhoras e senhores?, seja em ?rg?os como a delegacia da mulher. ?Elas s?o institui?es do preconceito, mantendo a mulher no gueto. Elas devem ser algo passageiro. A mulher deveria ter direito a entrar em uma delegacia comum e ser tratada com respeito. Afinal, n?o tem delegacia do homem?, afirma.