E por falar em interpreta??o, retomo o que j? tratei em muitos outros textos. Interpretar n?o ? tocar forte. No mesmo concerto com o Tur?bio Santos, a orquestra de C?mara do Pr?-M?sica resolveu incluir o concerto para obo? e violino de Bach, que j? apresentaram no ano passado. Depois de algum tempo imagina-se que estaria melhor, mas n?o ? isso que se ouve. Os solistas continuam maltratando a m?sica.
Interpretar ? ter algo novo a dizer com o que j? ? velho. J? ouvimos dezenas de vezes os concertos de Bach ou este de Villa-Lobos e o que me faz sair de casa e ir a uma sala de concerto em vez de me limitar ao CD ? a esperan?a de ouvir algo novo em uma pe?a que j? se conhece. Aqui est? o m?rito de um Tur?bio Santos, que mesmo tocando muitas vezes o mesmo concerto, o faz sempre de maneira nova, rica, descobridora, reveladora. N?o adianta tocar sempre igual ou pior a mesma pe?a. O int?rprete n?o ? um virtuoso, capaz de tocar muitas notas ou passagens dif?ceis. O int?rprete ? um m?sico que foi al?m das notas e da m?sica. Ele tem que ser erudito e acima de tudo ter algo a dizer.
O "ter algo a dizer" nascer? naturalmente desta erudi??o, desta
conviv?ncia com a m?sica e com as humanidades. O int?rprete quando conhece
uma obra, um compositor, um estilo, ele passa a ser uma voz no grande
di?logo universal que ? a m?sica. Ele passa a ser ouvido em v?rias partes e
a fazer parte da tradi??o. E ? sempre bom lembrar, fazer parte da tradi??o
n?o ? apenas repeti-la, mas recri?-la, renov?-la, reinvent?-la.
Tur?bio Santos nos deu tradi??o e interpreta??o. A orquestra continua nos
devendo um Bach mais digno (e eu nem vou falar nada do concerto de
P?scoa!!!!).
Bons concertos.
Jo?o Sebasti?o Ribeiro