Por

Ele avan?a a m?o at? tocar de leve na dela que se ocupa de acertar o len?ol. Ela retira a m?o e d? um sorrisinho bem sacana, o que desperta mais a excita??o nele, que se aproxima mais.

Amigo - A que horas voc? deixa o trabalho? Eu poderia te esperar pra gente jantar, ou coisa assim...
Enfermeira - Eu hoje durmo aqui... Ou melhor, n?o durmo, porque eu fico pra l? e pra c?, tomando conta dele e de mais dois a? do lado. S? vou pra casa ?s dez da manh? de amanh?
Amigo - Onde voc? mora?
Enfermeira - No Retiro. ? longe pra caramba, mas foi l? que consegui comprar minha casinha. ? pequena, mas ? minha.

O amigo toma-lhe o bra?o e tenta traz?-la para junto de si.

Enfermeira - Que isso, cara? Respeita o teu amigo a?! Amigo - Ele n?o t? nem a?. N?o se preocupe. Pense que estamos s? n?s dois nesse quarto. Eu gostei muito de voc?. Voc? ? um tes?o. Vem...

Estabelece o jogo de sedu??o. Mas o m?ximo que ela permite s?o os beijos, cada vez mais ardorosos. Quando a m?o dele come?a a se tornar mais ousada, ela o afasta, e recupera a respira??o.

Enfermeira - Voc? ? maluco?
Amigo - T? maluquinho por voc?.
Enfermeira - Quantas voc? entornou antes de vir ver o seu amigo?
Amigo - Duas vezes o que estava acostumado. E estou me preparando (volta a fitar o paciente) para entornar tr?s vezes mais, depois que ele... for dessa pra melhor... se ? que ele j? n?o est? l?! E a?, eu vou ter de beber por tr?s. Entendeu?
Enfermeira - Eu, hein! Que conversa mais maluca.

Ele n?o d? import?ncia ? observa??o e tenta envolv?-la novamente. Toques na porta interrompem o ass?dio e os dois se recomp?em. A enfermeira vai at? a porta e retorna com o patr?o.

Enfermeira - O senhor j? esteve aqui, n?o ?? Patr?o - Sim, ? a segunda visita que fa?o. Ele era um dos diretores da minha empresa.

O patr?o e o amigo cumprimentam-se com um aperto de m?os.

O patr?o - Muito prazer. Mas eu posso esperar l? fora. N?o quero interromper a sua visita...
O amigo - Somos amigos desde a adolesc?ncia. N?o se preocupe. O senhor fica. Eu j? estava mesmo indo embora. (Ir?nico e melanc?lico, encara o paciente) J? esgotamos o assunto hoje...

Se despedem com aperto de m?os: "Foi um prazer" - dizem ambos. O amigo e a enfermeira saem do quadro, ouve-se a porta se abrindo e fechando. O patr?o aguarda em sil?ncio at? que a enfermeira retorne.

Patr?o - Mas ele est? exatamente como h? seis meses. A mesma express?o, a mesma palidez, a mesma posi??o. Isso ? inacredit?vel. O mais estranho nisso tudo ? que h? mais vida nas m?quinas ao redor dele do que propriamente nele. Elas respondem ou correspondem... sei l?... aos comandos. Ele n?o... Ent?o eu pergunto: onde est? a vida: nele ou nas m?quinas?

Batidas na porta interrompem o racioc?nio. A enfermeira, que ouve com aten??o o jogo de palavras, vai atender fora do quadro.

Enfermeira (off/sussurrando) - Voc? outra vez? Esqueceu alguma coisa?
O amigo (off) - Esqueci de explicar aquela matem?tica...

Ouve-se a porta se fechando. O patr?o co?a o queixo enquanto prossegue examinando mais as m?quinas ao redor do que o paciente. D? um tempo. A enfermeira retorna colocando uma mecha de cabelo no lugar, disfar?ando um retoque aqui e ali no visual.

Continua