JF Hoje
Quando foi mesmo que acabou o nosso carnaval? Quando foi mesmo a
"quarta-feira de cinzas" da m?sica do carnaval brasileiro? Desculpem
insistir neste tema, j? tratado no texto passado, mas ? que me incomodou
mesmo. Incomodou-me a "n?o-m?sica" do Carnaval de 2006. Incomodou-me o fato
de, exceto por minha leitora mais fiel, ningu?m mais ter se manifestado
quanto a minha lamenta??o do texto passado. Ser? que de fato insisto no que
n?o se deve insistir? Ser? que de fato j? "s?o outros carnavais" e os
amantes das marchinhas e sambas s? mesmo no bloco da Terceira Idade t?m
lugar? Funk Carnavalesco foi demais, meu esp?rito e meu corpo n?o
suportaram.
Houve um grupo que reviveu as marchinhas e fez uma releitura delas. Que bom,
que alegria. Mas ser? que o g?nero acabou? N?o haver? mais marchinhas novas?
Eu gostaria de dizer que n?o ? saudosismo barato o que apregoou aqui,
simplesmente lamento que se destrua o patrim?nio musical brasileiro t?o
descaradamente e sistematicamente como vem acontecendo nos ?ltimos anos.
Outro patrim?nio, o Chorinho. Li que o Clube do Choro de Juiz de Fora
tem outra vez um lugar para tocar. Li da peregrina??o, que acompanhei, do
grupo nos ?ltimos anos. Li do problema enfrentado pelo mesmo por insistir em
seu car?ter participativo e aberto, fiel a seus princ?pios de liberdade dos
m?sicos de tocar ou n?o tocar, de partilhar a roda com os outros chor?es. Ou
seja, de sua luta por manter a naturalidade n?o artificial do grupo e com
isso permitir m?sica viva e din?mica (como se fosse poss?vel imaginar de
outra forma).
A prop?sito, j? ouvi uma discuss?o interessante sobre a corre??o ou n?o de
se chamar o choro de chorinho. Uma das partes da contenda, por sinal
freq?ente nas rodas de choro, argumentava que chamar de chorinho era
depreciar, diminuir, como o uso do diminutivo ?s vezes sugere, e que ningu?m
dizia "sinfoniazinha" ou "concertozinho". O outro contendente lembrou que o
diminutivo era tamb?m carinhoso, afetivo, e que Mozart, aquele velho
conhecido, havia chamado uma de suas mais conhecidas obras de "kleine
Nachtmusik", que literalmente significa "musiquinha noturna". A discuss?o,
imagino, seguiu interessante. Eu de minha parte segui o caminho feliz por
notar como o chorinho ainda est? dando o que falar.
Enquanto isso me volta ? cabe?a a marcha-rancho inicial: "quem me dera viver
pra ver / e brincar outros carnavais / com a beleza dos velhos carnavais..."
At? a pr?xima.