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"Irma Vap - O Retorno", novo filme de Carla Camurati, teve lan?amento em JF com a presen?a da diretora e de Ney Latorraca
Marcelo Miranda
Rep?rter
05/04/2006
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N?o ? bem uma adapta??o, na verdade. "Irma Vap - O Retorno" ? a releitura da pe?a que se tornou o maior fen?meno do teatro mundial e permaneceu 11 anos ininterruptos em cartaz no Brasil. Encenada a partir do texto original do americano Charles Ludlan, "O Mist?rio de Irma Vap" ganhou montagem nacional em novembro de 1986 e foi repetidas vezes apresentada at? 1997, levando aproximadamente 3 milh?es de espectadores para assisti-la.
"A pe?a foi encenada em diversos pa?ses, mas o ?nico lugar onde ela ficou por tanto tempo foi justamente no Brasil", disse Camurati, na coletiva antes da exibi??o do filme. "Eu sabia que tinha um espet?culo com caracter?sticas muito teatrais, as quais provavelmente s?o funcionariam da mesma forma quando levadas para o cinema. Era necess?ria uma transposi??o de linguagem para um roteiro original. Ent?o decidimos criar essa hist?ria da remontagem da pe?a".
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Desafio
E assim foi: o roteiro de "Irma Vap - O Retorno" (leia?cr?tica do filme), escrito por Camurati,
Adriana Falc?o (autora de "A M?quina", que tamb?m virou filme) e Melanie
Dimantas, brinca com refer?ncias a cl?ssicos do
cinema e com a pr?pria trama de Charles Ludlan, reprisando no elenco Ney
Latorraca e Marco Nanini, como era no palco. "Um dos motivos pro espet?culo
ter ficado tantos anos foi a presen?a desses dois atores. T?-los no vers?o
de cinema
se tornou uma b?n??o", exalta a diretora.
"N?o havia efeitos de p?s-produ??o nem de c?mera. Tudo era marcado
antecipadamente, cada movimento tinha um detalhamento espec?fico para poder
se encaixar depois e a Carla ficava dando orienta?es particulares durante
as filmagens, atrav?s de um ponto eletr?nico nos nossos ouvidos", conta Ney,
que precisou literalmente se desdobrar em dois para dar conta dos pap?is,
assim como o colega Nanini, que faz o parapl?gico Tony Albuquerque e a sua
rancorosa e ambiciosa irm?o, Cleide. N?o ? a primeira vez que Carla Camurati realiza algum projeto relacionado a
"O Mist?rio de Irma Vap". Em 1990, ela lan?ou "Bastidores", seu segundo
curta-metragem, document?rio sobre como era o cotidiano da montagem da
pe?a. "Fiquei por uma semana registrando a encena??o e o que acontecia atr?s
da coxia, mas nunca pensei em levar isso ao cinema". As filmagens aconteceram no Rio de Janeiro e em S?o Paulo, durante o
primeiro semestre de 2005. As jornadas de 14 a 16 horas di?rias de trabalho
inclu?am bom tempo apenas com a maquiagem do elenco principal. "Irma Vap - O
Retorno" est? sendo lan?ado com 107 c?pias e distribui??o da Downtown
Filmes. Apesar do apoio da MRS, o longa ainda n?o estr?ia em Juiz de
Fora esta
semana. "N?o sabemos quando deve entrar em cartaz aqui, porque ? uma
quest?o muito complicada, que n?o depende s? da gente, mas do circuito de
exibi??o. Tenho grande carinho por Juiz de Fora, adoro essa cidade e sou f?
do Itamar Franco", comenta a diretora. Ali?s, ao falar do ex-presidente, Carla se anima ainda
mais: "pode colocar a?: adoro o Itamar. Um beijo no cora??o dele". Sobre essa alcunha de "filme-marco da retomada" de seu "Carlota Joaquina",
Carla Camurati parece n?o gostar de falar. "N?o ? algo que diz respeito ?
minha hist?ria, mas sim ? hist?ria do filme. Eu n?o penso no assunto e tento
n?o responder perguntas sobre isso, porque ? algo que me constrange, sem
falsa mod?stia", diz. Carla ainda dirigiu outros dois projetos antes de
"Irma Vap - O Retorno": a homenagem ? ?pera "La Serva Padrona", em 1998, e o
drama "Copacabana", em 2001.
Ney n?o esperava que, depois de 11 anos de pe?a, ainda fosse retornar a esse
universo de Irma Vap. "Quando a Carla fez o convite para um filme, achei que
fosse pegadinha. Mas desde ent?o, considerei a id?ia fant?stica", relembra o
ator, que admira n?o apenas o conceito do filme, mas sua inten??o de
simplesmente divertir. "Vivemos numa globaliza??o que traz muita
informa??o violenta, de todos os lugares. O filme resgata a alegria e ? uma
grande homemagem ao teatro brasileiro. A com?dia ? nobre por isso: leva o
sorriso ao rosto das pessoas e, neste caso, aposta na intelig?ncia do
p?blico". Carla completa: "n?o ? uma produ??o de humor pastel?o, mas sim
sat?rica, como a pe?a j? era um teatro do rid?culo, cheio de refer?ncias e
brincadeiras".
A adora??o de Carla Camurati por Itamar Franco tem ao menos uma boa raz?o de
ser. Foi no governo dele que ela conseguiu dar vida ao seu primeiro
longa-metragem, considerado historicamente o marco zero da chamada
Retomada do cinema brasileiro. "Carlota Joaquina - Princesa do
Brazil" estreou em 1995 com apenas 30 c?pias. Em quase um ano de exibi??o,
levou 1,3 milh?o de espectadores aos cinemas, numa ?poca em que os
filmes nacionais n?o chegavam a atrair nem metade disso - ao menos desde o
governo Fernando Collor, que, em 1990, exting?iu a Embrafilme (?rg?o
que financiava a produ??o de filmes no pa?s). Foi Itamar quem come?ou um
movimento no intuito de reerguer a realiza??o cinematogr?fica do pa?s, com leis
federais de incentivo ? produ??o. Foi seguido pelas pol?ticas de
audiovisual de Fernando Henrique Cardoso.